sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Caracterização / retrato de Inês Pereira
(A) Inês Pereira: rapariga
ambiciosa e sonhadora
1. Externa:
. o
travesseiro para costurar;
. a
touca;
.
os véus.
2. Retrato social: Inês é uma jovem
pertencente à pequena burguesia.
3. Linguagem:
.
trocista;
.
crítica;
.
revoltada;
.
irónica;
.
mordaz.
4. Psicológica:
1. Solteira:
. é
ociosa e preguiçosa (“finge que está lavrando”), detesta a costura e despreza a
vida rústica do campo;
. o
seu quotidiano é monótono e entediante: costura, borda e fia;
.
vive descontente, revoltada e insatisfeita com a sua vida: aborrecida e
enfadada com as tarefas domésticas; presa, fechada e confinada à casa;
impossibilitada de se divertir como as jovens da sua idade e sem liberdade;
. é
alegre, quer sair de casa e divertir-se, mas é contrariada pela mãe;
. é
ambiciosa, sonhadora e idealista, anseia casar-se com um homem que, ainda que
pobre, seja “avisado” (isto é, discreto), sensato, meigo e saiba cantar e tocar
viola (características do homem de corte), para fugir à vida que tem, viver
alegre e livre e ascender socialmente;
.
julga que, sendo “aguçosa” (delicada), não lhe será difícil arranjar marido e
casar;
. a
carta que Pêro Marques envia não lhe agrada; considera-o um “vilão” disparatado
e simplório;
. insensível
e cruel, troça e desdenha de Pêro Marques quando este a visita e rejeita-o, por
o considerar rústico, simplório, um “vilãozinho”
que não corresponde ao seu modelo de marido;
.
leviana e pretensiosa, por considerar que Pêro Marques é antiquado por não se
aproveitar do facto de estar sozinho com ela
. segundo
a sua conceção, o casamento faz-se por amor e é sinónimo de libertação (do
“cativeiro” da vida de solteira e da sujeição à mãe), daí que deseje um homem
sensato, meigo e com dotes musicais; os bens materiais não são necessários.
2. Casada e viúva:
.
casa com Brás da Mata, o Escudeiro (homem que parece corresponder às suas
exigências e constituir o meio de emancipação e de ascensão social), sem saber
que ele é pobre e interesseiro;
.
fica a viver em casa da mãe, que se retira para viver num casebre;
. é
infeliz, pois o marido não a deixa cantar e prende-a em casa:
-
reclusão em casa;
- falta de contacto com o exterior e com
outras pessoas;
- absoluta submissão aos ditames do marido;
- entrega ao trabalho;
.
fica sozinha, vigiada pelo Moço, quando o seu marido vai para Marrocos lutar
contra os mouros, o que revela o seu estatuto social desfavorecido;
.
mostra-se revoltada com a sua situação e conclui que foi imprudente na escolha
do marido, arrependendo-se por não ter optado por um pretendente mais dócil;
.
reconhece, num momento de autocrítica, que errou ao rejeitar Pêro Marques e ao
casar-se com o Escudeiro;
.
deseja a morte do marido e jura que se casará uma segunda vez com um marido que
seja submisso, para gozar a vida e se vingar das provações sofridas enquanto
foi casada com Brás da Mata;
.
não se comove com a morte do marido, pelo contrário, sente-se alegre e livre;
. é
hipócrita, fingida e dissimulada (quando é visitado por Lianor) ao chorar pelo
marido morto e ao dizer que está triste, simulando dor e luto;
.
reconhece que a experiência de vida ensina mais do que os mestres (o saber
livresco, teórico: “Sobre quantos mestres são / experiência dá lição”): o
casamento com o Escudeiro ensinou-lhe o engano dos seus ideais;
. o
casamento com o Escudeiro altera o seu conceito de “libertação”:
-
inicialmente: sinónimo de casamento com um homem da corte, discreto;
- após o casamento: consciência de que o
matrimónio pode ser sinónimo de cativeiro e subjugação;
- após a notícia da morte do Escudeiro:
opção por um “muito manso marido” como forma de emancipação / libertação.
3. Casada em segundas
núpcias:
. materialista,
pragmática e calculista, decide casar-se com Pêro Marques (pois este é abastado
e ingénuo e tem consciência de que se lhe imporá e ultrapassará, com este
casamento, as limitações da sua condição de mulher);
.
casada com Pêro Marques, ganha a autonomia que sempre desejou, a ascendência
sobre o marido e a liberdade que lhe permite ter um amante, num contraste claro
com o encerramento em casa e a opressão de que era vítima às mãos do
Escudeiro);
.
canta e, livre, sai de casa com o consentimento do marido;
.
tem o hábito de dar esmola ao Ermitão de Cupido;
.
inicialmente, não reconhece o Ermitão como um apaixonado do seu passado, mas
acaba por cometer adultério com ele;
.
abusa da ingenuidade do segundo marido e pede-lhe para a acompanhar à ermida,
para um encontro amoroso com o Ermitão;
.
adúltera, trai o marido com o Ermitão (“Corregê vós esses véus / e ponde-vos em
feição.” – Inês vem descomposta porque teve um encontro com o religioso).
Inês participa simultaneamente da
natureza de personagem plana (tipo
de rapariga fantasiosa e leviana) e modelada (carácter).
Podemos considerar que a sua
caracterização contempla três fases:
. enquanto solteira é alegre, amiga de viver à
sua vontade, mas preguiçosa, pensando somente em casar e contentando-se com um
marido “pobre e pelado” e que saiba “tanger viola”, cantar e falar bem;
. após ter
recusado Pêro Marques, que insulta com nomes bastante ofensivos, casa com o Escudeiro, mas a sua vida
modifica-se para pior, passando a viver como uma reclusa;
. quando o
marido morre em Arzila, fica de novo livre, desta feita para casar com Pêro Marques, o “asno” que a leva.
A Inês da parte final demonstra, por um lado, ter evoluído em relação ao
início, sendo mais materialista, pragmática e calculista (abandonou a fantasia
e aprendeu a lição da experiência); por outro lado, quando decide visitar o
Ermitão, seu antigo pretendente, deparamos com a mesma Inês leviana e pouco
consciente.
Papel / relevo nas personagens de 'Farsa de Inês Pereira'
. Principais: Inês Pereira,
Pêro Marques e Escudeiro.
. Secundárias: Mãe, Lianor
Vaz, Judeus casamenteiros (Latão e Vidal), Moço e Ermitão.
. Ainda que
se possa apresentar Inês como a protagonista da peça, é possível
considerar também Pêro Marques e o Escudeiro como personagens principais, pois
ambos são indispensáveis à concretização do provérbio que esteve na génese da
farsa e, por outro lado, é o seu desempenho que condiciona a evolução da jovem.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
A farsa no século XVI
A farsa,
no século XVI, era um género dramático que permitia uma grande variedade temática,
privilegiando-se a de natureza cómica, e bastante flexibilidade no que dizia
respeito às questões formais, como as unidades de tempo e de espaço, e à divisão
do texto em cenas ou pausas.
As suas principais características
eram ase seguintes:
Género
literário
Farsa
|
. Variedade temática:
. Personagens:
. Estrutura interna:
. Estrutura externa:
. Dimensão satírica:
. Outras características:
|
. luta entre
forças opostas;
. relacionamento
humano familiar e amoroso;
.
oposição dos valores tradicionais e convencionais a valores individuais e
pessoais;
.
recurso frequente ao equacionamento de um triângulo amoroso.
.
número reduzido de personagens;
.
abundância de tipos sociais característicos da época;
.
presença de uma personagem redonda que evolui, psicológica e moralmente, ao longo
da peça.
.
delineamento de uma intriga com um nó, desenvolvimento e desenlace.
.
ausência de divisão em atos e de marcação de cenas.
.
presença de sátira, fonte de cómico;
.
subversão da ordem social estabelecida através da sátira.
.
despreocupação com as unidades de tempo e espaço;
.
utilização de poucos recursos cénicos;
.
recurso frequente a uma linguagem de conotações eróticas.
|
Argumento da 'Farsa de Inês Pereira'
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
"Cada um cumpre o destino que lhe cumpre"
Este poema é constituído por três quadras, correspondendo cada a uma parte do texto.
Assim, na primeira estrofe, a primeira parte, o sujeito poético tece um conjunto de considerações gerais acerca do destino e da sua aceitação por parte do Homem. Desde logo, há que destacar a repetição da forma verbal "cumpre" (quatro vezes), com significados diferentes: por um lado, significa "completar", "executar" ("Cada um cumpre"); por outro, quer dizer "caber", "pertencer" ("o destino que lhe cumpre"). Igualmente repetida quatro vezes é a forma verbal "deseja". Da conjugação destas duas repetições resulta uma relação de oposição que domina esta parte do texto, concretamente entre a vontade do ser humano e aquilo que o destino lhe impõe. Deste modo, nos dois versos iniciais, o sujeito poético constata que "Cada um" cumpre somente o destino que lhe está reservado, não alcançando o que deseja nem desejando, afinal, o destino que cumpre ou vive. Quer isto dizer que o ser humano não tem poder e liberdade de escolher o seu destino; pelo contrário, este é uma força superior que o oprime e decide por si, limitando-se ele a cumprir a vontade do Fado. O Homem é, portanto, um ser permanentemente insatisfeito e frustrado, visto que não vive o que deseja, não alcança a vida que pretende ou sonha, mas também não se satisfaz com o destino que lhe coube. Qual é a resposta a este estado de coisas? A resistência e consequente insatisfação e a frustração? Ou a aceitação voluntária do que lhe é imposto?
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domingo, 4 de fevereiro de 2018
Provérbio "Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube"
a) “Mais
quero asno” ¾® Pêro Marques, marido estúpido e
ingénuo;
b) que me leve” ¾® que leve
Inês a cavalo, ou seja, que lhe faça todas as vontades;
c) “que
cavalo” ¾® Escudeiro, marido “avisado” e
“discreto”;
d) “que me derrube” ¾® que a
derrube, ou seja, que lhe faça a “vida negra”, lhe tire a liberdade e a ameace
e maltrate.
Sobre este tema, transcrevemos o
programa “Lugares Comuns”, da autoria de Mafalda Lopes da Costa, Antena 1, de
24 de janeiro de 2012:
Passar
de cavalo para burro corresponde a ficar em pior situação, descer de
categoria ou posto, passar de um cargo importante para outro que lhe é
inferior, descer de posição social, em suma, ser rebaixado, ficar pior.
Segundo
o filólogo brasileiro Aurélio Buarque de Holanda, a expressão nasceu por
analogia com uma antiga prática de sanção militar. Antigamente, no exército a
cavalo, o sargento que perdia as divisas, por exemplo, por má conduta, e
passava par acabo ou soldado raso perdia também o cavalo e era-lhe dado a
montar uma mula ou mesmo um burro.
|
Tema da 'Farsa de Inês Pereira'
Esta
farsa é o desenvolvimento dramático do provérbio “Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”. Gil
Vicente desenvolveu este dito popular, que lhe foi apresentado por alguns
fidalgos que desconfiavam da sua honestidade literária. O mote foi muito bem
trabalhado, provando Gil Vicente, desta forma, que a calúnia não tinha razão de
ser. Trata-se de uma história bem urdida, com princípio, meio e fim, à maneira
do Auto da Índia ou do Velho da Horta.
Os Lusíadas em português atual (acompanhados de notas)
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
domingo, 28 de janeiro de 2018
Artigo de divulgação científica
. Definição
O artigo de
divulgação científica é um texto de natureza essencialmente expositiva e
informativa, em que se divulgam factos relevantes de uma determinada área do
conhecimento ao grande público, em muitos casos resultado de investigações mais
ou menos recentes.
Não se deve
confundir o artigo de divulgação científica com o artigo científico. Este
divulga, em primeira mão, o resultado do trabalho científico de um cientista,
de um investigador, enquanto o primeiro divulga conhecimentos já aceites pela
comunidade científica.
Por outro
lado, o artigo de divulgação científica é escrito por um investigador ou por um
jornalistas e é publicado na imprensa generalista, em revistas de divulgação do
conhecimento ou, desde a sua explosão, na Internet.
. Objetivo: expor e difundir os resultados de uma investigação ou
desenvolvimento de uma determinada teoria ou ideia.
. Estrutura
1. Título: identificação objetiva do tema do artigo (pode ser acompanhado
por antetítulo e subtítulo).
2. Resumo (opcional): apresentação breve do assunto do artigo.
3. Texto:
. Introdução: exposição sucinta do tema que irá ser desenvolvido
(enquadramento e relevância do tema).
. Corpo do texto: desenvolvimento do
tema, com informação seletiva, hierarquização das ideias e explicitação das
fontes (pesquisas realizadas – metodologias, análise de dados e discussão dos
resultados).
. Conclusão: retoma sintética que reforça as principais ideias
desenvolvidas – síntese dos tópicos relevantes.
. Marcas de género /
Características
.
Mobilização de informação significativa e seletiva (divulgação alargada de
factos científicos relevantes e suscitadores de interesse – exposição dos dados
e conclusões relevantes), pois é dirigido ao público geral e não especializado.
.
Caráter expositivo.
.
Hierarquização das ideias (com título, subtítulo, secções…) para organizar
devidamente o texto e para facilitar a retenção dos factos mais relevantes pelo
leitor.
.
Encadeamento lógico dos tópicos tratados, da informação.
.
Rigor, objetividade, exatidão e clareza no conteúdo e na linguagem:
- registo de língua
corrente e técnico-científico;
- predomínio da
denotação;
- uso da terceira pessoa.
.
Explicitação das fontes, possibilitando ao leitor a confirmação da informação
ou o aprofundamento dos seus conhecimentos.
.
Relevância de aspetos paratextuais.
.
Texto de dimensões reduzidas, dado destinar-se ao público geral.
.
Linguagem apelativa, no sentido de cativar o leitor e fazer sobressair aspetos
curiosos, intrigantes e inovadores do conhecimento divulgado.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
Os alvos da sátira de Gil Vicente
São vários os alvos atingidos pelas
peças de Gil Vicente. Em conjunto, representam a sociedade contemporânea do dramaturgo
e, em parte, de todas as épocas. Criador de personagens-tipo, o teatro
vicentino revela aos nossos olhos uma galeria de tipos que podemos esquematizar
no seguinte quadro:
Conjuntos
|
Representantes
|
Vícios satirizados
|
Autos
|
Os poderosos
|
O fidalgo
|
presunção, exploração, imoralidade
|
Auto da Barca do Inferno
|
O corregedor
|
suborno, injustiça, confissão pecaminosa
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
O procurador
|
suborno, ausência de confissão, cumplicidade
com o corregedor
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
O onzeneiro
|
exploração a alto juro, ambição, materialismo
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
"Roma"
A "Corte"
|
poder terreno, venda de indulgências,
ausência de virtudes
luxo, exploração, ociosidade
|
Auto da Feira
Vários autos
|
|
Os materialistas
|
O sapateiro
|
roubo, prática religiosa negativa
|
Auto da Barca do Inferno
|
O judeu
|
prática do judaísmo, suborno, desprezo das
normas cristãs, profanação dos lugares sagrados
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
O enforcado
|
roubo, prática do assassínio
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
O taful
|
prática do jogo ilícito, blasfémia
|
Auto da Barca do Purgatório
|
|
Os corruptos
|
O frade
|
devassidão, desvio dos votos professados,
ociosidade, vida à moda da corte (luxo)
|
Auto da Barca do Inferno
|
A alcoviteira
|
prostituição, hipocrisia, feitiçaria
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
O corregedor e o procurador
|
defeitos já indicados
|
Auto da Barca do Inferno
|
|
Os clérigos
|
sensualidade, luxúria
|
Auto da Barca do Inferno e Farsa de Inês Pereira
|
|
O marido emigrante
|
roubo, enriquecimento fácil, abandono da
família
|
Auto da Índia
|
|
As raparigas casadoiras: Isabel e Inês
Pereira
|
ociosidade, pretensão de se afidalgar
pelo casamento
|
"Quem tem Farelos?"; Farsa de Inês Pereira
|
|
O
escudeiro (Brás da Mata e Aires Rosado)
|
pelintrice, ociosidade, hipocrisia, fanfarronice,
fome, oportunismo
|
Farsa de Inês Pereira; "Quem Tem Farelos?"
|
|
Os imorais
|
A alcoviteira
|
prostituição
|
Auto da Barca do Inferno
|
A Ama
|
adultério, hipocrisia, cinismo
|
Auto da Índia
|
|
Inês Pereira
|
adultério
|
Farsa de Inês Pereira
|
|
As personagens rústicas
|
Os lavradores
|
pequenos defeitos, absolvidos devido à
exploração de que eram vítimas
|
Auto da Barca do Purgatório
|
Os pastores
|
pequenos defeitos, também eles absolvidos
|
Auto da Feira
|
|
Os inocentes
|
O Parvo
|
incapacidade de pecar, elogio da sua
simplicidade
|
Auto da Barca do Inferno
|
O menino
|
sem defeitos, inocentes
|
Auto da Barca do Purgatório
|
|
Os "cruzados"
|
Os quatro cavaleiros
|
defeitos perdoados, purificados pela morte
em defesa da fé
|
Auto da Barca do Inferno
|
Diferentemente do que sucede com o
teatro clássico, o teatro vicentino não tem como propósito apresentar conflitos
psicológicos. Não é um teatro de caracteres e de contradições entre (ou dentro
de) eles, mas um teatro de sátira social ou um teatro de ideias. No teatro
vicentino não perpassam caracteres individualizados, mas tipos sociais agindo
segundo a lógica da sua condição, fixada de uma vez para sempre; e outros entes
personificados. Especificando, poderíamos distinguir:
a) tipos humanos, como o Pastor, herdade do Encina e adaptado à
realidade portuguesa, o Camponês, o Escudeiro, a Moça de vila, a Alcoviteira,
figura já celebrizada em Espanha pela Celestina,
o Frade folião, à volta do qual havia toda uma literatura medieval;
b) personificações alegóricas, como Roma, representando a Santa
Sé, a Fama Portuguesa, as quatro Estações;
c) personagens bíblicas e míticas, como os Profetas e Sibilas, os
deuses greco-romanos;
d) figuras teológicas, como o Diabo, ou Diabos, a hierarquia dos
Anjos, e a Alma;
e) o Parvo, um caso à parte, que é um tipo tradicional europeu, às
vezes vazado nos moldes de certos pastores bobos,
do vilão Janafonso e do Juiz da Beira, etc., e que serve para exprimir alguns
dos mais reservados pensamentos vicentinos, divertir os olhos e os ouvidos,
expor uma doutrina cristão tal como a concebia Gil Vicente, participar no debate
de ideias em que ele se empenha, ou, ainda, realizar no palco aquilo a que
poderíamos chamar uma poesia cenografada.
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