Na
língua portuguesa, as frases, de acordo com a intenção comunicativa do falante,
podem ser classificadas em quatro tipos: declarativo,
interrogativo, exclamativo e imperativo.
1. Frase de tipo declarativo
A frase
declarativa é aquela através da qual o falante enuncia um pensamento, referencia um acontecimento,
faz uma asserção, uma afirmação / proposição (de polaridade positiva ou negativa) acerca de uma situação
ou uma entidade do mundo real ou possível:
. Eu sou professor de
Português.
. O Benfica goleou o Rio Ave.
Surge
associada aos atos ilocutórios assertivos e declarativos.
No
registo oral, a frase declarativa é caraterizada por uma entoação ascendente no
seu início e descendente no final. No registo escrito, é assinalada,
habitualmente, com ponto final.
Diz-se
que a frase declarativa é não marcada
quando os elementos que a constituem obedecem à seguinte ordem: sujeito – verbo
– complementos:
. Vi o jogo do Benfica pela
televisão.
Diz-se
que é marcada quando não obedece
àquela ordem:
. O jogo do Benfica, vi-o na
televisão.
2. Frase de tipo interrogativo
A frase
interrogativa é aquela através da qual o falante formula uma pergunta ou um pedido, visando obter uma informação (1) ou conduzir a
uma ação (2):
(1) . Sabes
que horas são?
(2) . Passas-me
esse livro?
Surge
associada aos atos ilocutórios diretivos, visto que pretende obter uma resposta
(verbal ou não verbal) por parte do interlocutor, isto é, leva-o a agir.
Por
outro lado, a frase interrogativa pode ser direta ou indireta.
2.1. Frase interrogativa direta:
termina, na escrita, com ponto de interrogação; na oralidade, é caraterizada
por uma entoação ascendente.
. A que horas começa o baile?
2.2. Frase interrogativa indireta:
‑ corresponde a uma oração
subordinada substantiva completiva;
‑ termina, no registo escrito,
com ponto final;
‑ é
introduzida por verbos de inquirição como «perguntar», «questionar», «averiguar»,
«interrogar», «saber», «dizer», etc.;
‑ o verbo
de inquirição é, habitualmente, seguido da conjunção completiva “se”:
. Ele perguntou-lhe a que
horas começava o baile.
. Perguntou-lhe se sabia as
horas.
A frase
interrogativa pode ainda classificar-se como total ou parcial, de
acordo com a resposta que se pretende com a pergunta.
2.3. Frase interrogativa total:
‑ é aquela
em que o falante pretende obter uma resposta afirmativa ou negativa, isto é, de
tipo sim / não;
‑ não é introduzida por nenhum
elemento interrogativo;
‑ as respostas podem ser
constituídas apenas pelo verbo ou por advérbios;
‑ no registo oral, é marcada
por uma entoação ascendente:
. A Madalena canta mal, não
canta?
‑ Sim. OU
‑ Muitíssimo! OU
‑ Pessimamente!
2.4. Frase interrogativa parcial:
‑ a interrogação incide apenas
sobre um dos constituintes da frase;
‑ é iniciada
por um elemento interrogativo (pronome, determinante, quantificador ou advérbio
interrogativo);
‑ quando
iniciada por um elemento interrogativo, apresenta ordem derivada ou inversa
relativamente à ordem normal (S – V – C), podendo o elemento interrogativo
ocorrer em diferentes posições:
. Quem marcou os golos do
Benfica?
‑ O Cardozo e o Lima.
. Quantas namoradas tiveste
ao longo da vida?
‑ Perdi-lhe a conta.
. Onde viste o futebol?
‑ No café.
. Viste o futebol onde?
‑ No café.
. Que respondeste à segunda
pergunta do teste?
‑ Nada.
NOTA: Na segunda e na quinta frases, o
elemento interrogativo desempenha a função sintática de complemento direto.
3. Frase de tipo exclamativo
A frase
exclamativa é utilizada para exprimir emoções ou sentimentos, estados de
espírito ou opiniões (entusiasmo, alegria, surpresa, tristeza, euforia, angústia,
desespero, admiração, etc.).
Surge
associada aos atos ilocutórios expressivos.
No
registo escrito, termina por um ponto de exclamação, enquanto, na oralidade, é
caraterizada por uma entoação de intensidade prolongada que pode recair sobre
toda a frase ou apenas sobre um dos seus constituintes.
Pode
ser constituída por
. uma frase: És um anjo!
. uma expressão: Pobre de
mim!
. uma só palavra (interjeição ou onomatopeia): Bravo!; Pam!
À
semelhança da frase interrogativa, também a exclamativa pode ser classificada
em função do foco da exclamativa:
3.1. Frase exclamativa total: a exclamação incide sobre a
totalidade da frase:
. Cumpri sempre o meu dever!
3.2. Frase exclamativa parcial: a exclamação recai sobre um
dos elementos da frase:
. A tua namorada é liiiiiiiinda!
Por
outro lado, a frase exclamativa pode ser marcada de diversas formas:
1. Por elementos prosódicos:
‑ Sofia, és um amor!
‑ A paisagem duriense é fantástica!
2. Por expressões específicas:
i) Expressão «é que» ou semelhante:
‑ Tu é que és tonta!
ii) Anteposição de um constituinte:
‑ Que livro magnífico!
‑ Muitos golos marca o Messi!
‑ Linda figura fizeste no exame!
‑ Tanta gente desgraçada que eu fiz!
iii) Conjunção condicional «se», seguida de verbo no modo conjuntivo:
‑ Ainda se Miguel Relvas fosse inteligente!
iv) Advérbio «não» com valor expletivo, isto é, usado para reforçar
uma afirmação:
‑ Diz-me lá se o Relvas não fez um discurso patético!
v) Marcadores de quantidade ou grau:
‑ A Kim Basinger era tão sensual!
Frequentemente,
a frase exclamativa pode apresentar características sintáticas que, juntamente
com marcas prosódicas (como a intensidade), evidenciam algum constituinte da
frase:
. Inversão do sujeito: Que
bom é o pão que o Senhor nos dá!
. Expressões quantificadores no início da frase: Muitos livros lês tu!
4. Frase de tipo imperativo
A frase
imperativa é aquela através da qual o locutor expressa uma ordem, faz um pedido, dá
um conselho, faz uma proibição, uma proposta, uma sugestão.
Realiza
frequentemente atos ilocutórios diretivos.
Neste
tipo de frases, os verbos encontram-se, maioritariamente, nos modos imperativo
e conjuntivo, mas podem também surgir no modo indicativo e nas formas não
finitas (gerúndio, infinitivo e particípio passado):
‑ Fecha a janela, João!
‑ Limpem o chão, meninos!
‑ Calou!
‑ Andando!
‑ Calar!
‑ Calado!
No
registo escrito, a frase imperativa termina, normalmente, com ponto de
exclamação, enquanto, no registo oral, é caracterizada por uma entoação
descendente.
Além
disso, contrariamente aos demais tipos, a frase imperativa ocorre apenas na
forma ativa:
‑ Fecha a janela, João!
‑ Limpem o chão, meninos!
Gosto muito do blog.
ResponderEliminarAjudou-me tanto a fazer o meu plano de aula.
Obrigadíssimo