A. A Ascensão de João Romão
João Romão é um português pobre e ambicioso que, por meio de
trabalho árduo e métodos desonestos, constrói um cortiço em um subúrbio do Rio
de Janeiro. Ele rouba materiais de construção, explora trabalhadores e guarda
dinheiro de forma obsessiva. Sua companheira, Bertoleza, é uma escravizada que
foge acreditando estar livre, mas vive em regime de quase escravidão sob João
Romão.
João Romão começa o cortiço como uma pequena habitação
coletiva. Com o tempo, o local cresce e se torna uma representação da pobreza e
da degradação social, abrigando dezenas de famílias que vivem em condições
precárias.
B. A Vida no Cortiço
O cortiço é um microcosmo da sociedade brasileira. Ele
abriga personagens de diferentes origens, que compartilham as dificuldades da
vida cotidiana. Os moradores vivem em um ambiente insalubre, marcado por
brigas, festas, promiscuidade e luta pela sobrevivência. Entre os moradores
destacam-se:
- Rita
Baiana, uma mulher sensual e cheia de vida que simboliza a força dos
instintos.
- Pombinha,
uma jovem inicialmente inocente, que acaba se entregando à prostituição.
- Jerônimo,
um operário português que se apaixona por Rita Baiana, abandonando sua
esposa.
O cortiço é descrito como uma entidade viva, quase um
personagem, que influencia o comportamento de seus habitantes. O local é
frequentemente associado a imagens de calor, fermentação e animalização.
C. O Conflito entre João Romão e Miranda
Miranda, um comerciante rico e vizinho de João Romão,
representa a elite brasileira. Embora seja economicamente superior, Miranda é
um homem hipócrita, que despreza o cortiço, mas também age de forma corrupta
para manter seu status. João Romão inveja o prestígio social de Miranda e tenta
se aproximar dele, buscando ascender à classe burguesa.
João Romão, com seu desejo incessante de riqueza e respeito
social, decide ampliar seus negócios e transformar sua imagem. Ele planeja
casar-se com Zulmira, filha de Miranda, para se integrar à elite, mesmo que
isso signifique trair Bertoleza.
D. A Queda de Bertoleza
No final da obra, João Romão denuncia Bertoleza às
autoridades, revelando que ela ainda é legalmente escrava. A traição é motivada
pelo desejo de se livrar dela e se casar com Zulmira. Ao perceber que será
recapturada, Bertoleza, em um ato desesperado, comete suicídio, esfaqueando-se
diante dos policiais.
O destino de Bertoleza simboliza a opressão dos mais pobres e a desumanidade de João Romão, que sacrifica tudo – inclusive suas relações pessoais – em nome da ascensão social.
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