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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Análise da cantiga "Pelo souto de Crexente"

. Assunto: o trovador descreve o encontro com uma pastora e o diálogo que, a medo, estabelece com ela, que deixa transparecer a preocupação dela com a sua honra.


. Tema: a declaração amorosa de um cavaleiro à pastora, que recusa.


. Estrutura interna

. 1.ª parte (1.ª estr.) - Momento narrativo inicial que descreve a posição solitária da pastora, afastada dos demais, e que é observada por um cavaleiro, e que situa a ação no espaço e no tempo.

. 2.ª parte (2.ª estr.) - Momento descritivo do ambiente envolvente, onde se destaca o canto das aves, que não fazem sentir outra coisa que não seja amor a quem o escutar.

. 3.ª parte (3.ª estr.) - Diálogo iniciado pelo cavaleiro que, a medo, ousa pedir à pastora que o escute. Ele aborda-a com o intuito de obter os seus favores amorosos e dirige-se-lhe em termos corteses.

. 4.ª parte (4.ª estr.) - A resposta da donzela é negativa e crítica do comportamento do cavaleiro. Embora este seja representante de uma classe social mais elevada, é a pastora que revela um comportamento mesurado e cortês, pois preocupa-se com a sua honra: quem os ali vir pode pensar que o encontro foi combinado e não fortuito.


. Elementos narrativos do poema

1. Acção:
. encontro de um cavaleiro com uma pastora, a quem ele aborda com o intuito de obter os seus favores amorosos, mas ela recusa, preocupada com a sua honra e com o que os outros poderão pensar se os virem ali a conversar.


2. Personagens:


3. Espaço:

NOTA:
A descrição das flores de maio, da brisa da primavera, do cantar malicioso das aves, a sugerirem um ambiente propício ao relacionamento amoroso, são motivos comuns à lírica cortês occitânica / provençal.
               D. Dinis, embora respeite e admire os trovadores provençais, critica o convencionalismo deste quadro primaveril do amor provençal (mais idílico que no cantar de amigo).
                        Mas o enquadramento da relação amorosa na primavera tem uma relação lógica: se o cantar de amor é um agradecimento pela possibilidade do trovador experimentar uma sensação / sentimento que provoca o rejuvenescimento, a primavera é a estação mais adequada, pois é nela que a natureza rejuvenesce. Por isso se associa o canto dos pássaros ao do trovador.

4. Tempo:
. manhã / alvorada ("quando saia la raia do sol").


. Classificação:
Esta cantiga é uma pastorela, "género" de origem provençal (foi inaugurada por Marcabrú), que não foi muito cultivada pelos trovadores galego-portugueses.


. Hibridismo

            A pastorela é muito difícil de classificar ou incluir num dos géneros mais conhecidos, porque apresenta características próprias do cantar de amor e do cantar de amigo. Daí a constante oscilação por parte dos estudiosos.

            Vejamos alguns itens onde esse hibridismo é evidente.

1. Linguagem: linguagem concretizante, com referência a topónimos (Crexente, rio Sar), embora haja vestígios de uma linguagem própria do cantar de amor ("mia senhor" / mesura") mais convencional e abstractizante.

2. Origem: é de origem provençal como a cantiga de amor e foi pouco praticada na Península, ao contrário da cantiga de amigo, mais ligada à tradição popular.

3. Forma: cantiga de mestria, mais comum no género da cantiga de amor que na cantiga de amigo.

4. Estrutura interna: apresenta uma estrutura narrativa e dialógica, o que permite uma maior dramatização. Aproxima-se mais da cantiga de amigo, devido à sua estrutura oralizante, pois a cantiga de amor coloca-se num plano mais elevado.

5. Estatuto das personagens: representantes dos dois pólos da pirâmide social: uma pastora, representante do povo (tal como na cantiga de amigo) e um cavaleiro, representante da aristocracia feudal (cantiga de amor). Aqui, no entanto, é a personagem de estatuto social inferior que revela comportamentos/sentimentos próprios da dama da cantiga de amor: mesura e preocupação pela sua reputação.

6. Espaço: todos os elementos são colocados de forma a construírem um cenário, daí a pastorela ser dotada de uma nitidez descritiva que nos afasta da paisagem sugestiva, mas campestre, ao contrário da cantiga de amor, inserida num ambiente palaciano/cortês.


* * * * * * * * * *


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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A subclasse dos verbos "andar" e "continuar"

1. À semelhança de "ser", "estar", "ficar", "parecer", "permanecer", "tornar-se" ou "revelar-se", entre outros, os verbos "andar" e "continuar" classificam-se, normalmente, como copulativos, selecionando, por isso, um predicativo do sujeito.
          Ex.: O João anda [verbo copulativo] doido. [predicativo do sujeito]

2. Porém, nem sempre "andar" e "continuar" são copulativos. De facto, em determinados casos, são verbos intransitivos, não selecionando qualquer complemento.
          Ex.: O meu filho de dez meses já anda. [verbo intransitivo]

3. Em conclusão, "andar" e "continuar":

          i) são verbos copulativos quando funcionam como elo de ligação entre o sujeito e o
              predicativo do sujeito;

          ii) são verbos copulativos quando podem ser substituídos por "estar" e
               "permanecer":
                    - A Maria anda nas nuvens.
                    - A Maria está nas nuvens.

          iii) a sua classificação depende do valor e sentido que possuam num determinado
                enunciado;

          iv) quando não selecionam complementos, são verbos intransitivos:
                    - O João anda depressa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

"Simplesmente Aconteceu", Ana Carolina

Falecimento de Helmut Schmidt


     O ex-chanceler alemão (1974 a 1982) Helmut Schmidt faleceu hoje, aos 96 anos, vitimado por problemas cardíacos de que padecia há décadas.

     Da sua intensa e longa ação política destaca-se o europeísmo convicto e a paternidade, juntamente com o ex-presidente francês Giscard d'Estaing, do sistema monetário europeu.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Na aula (XXII): onde se fala da menopausa

     Lá fora devem estar uns 15 graus, se tanto.

     O aluno, muito vermelho, tira a camisola e, ruidosamente, abana-se com o que tem à mão.

     Quando considera que o circo já foi demasiado longe, o professor, muito pouco pedagogicamente, pergunta ao aluno:

     - Estás na menopausa?

     - Não - responde ELE perentoriamente.

     - Mas vais lá chegar?

     - Sei lá.

     Salva o momento uma colega que, prontamente, lhe explica a diferença entre meno e andropausa.

     Ainda bem que há essa coisa chamada Educação Sexual.

Na aula (XXI): resposta diabólica

     Exercício sobre adjetivos derivados de nomes.

     Nome em questão inferno.

     "Adjetivo" sugerido pelo aluno João N.: diabo.

sábado, 7 de novembro de 2015

sábado, 31 de outubro de 2015

Acervo de Cantigas Medievais Galego-Portuguesas


     A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas disponibilizou uma página através da qual é possível aceder ao acervo das cantigas medievais galego-portuguesas.
     Assim, é possível aceder aos textos, à biografia dos seus autores, aos manuscritos que se conservaram até à atualidade, a algumas cantigas musicadas e ainda iluminuras.

     Para aceder, clicar em acervo.

Estudo sobre a poesia de Martin Codax

     Aqui fica a ligação para um estudo sobre a poesia de Martin Codax, trovador ou jogral de origem galega, da autoria de Tatiane Santos de Araújo.

     Clicar para aceder: Estudo.

"Em que estou a pensar?"

O desenho da palavra ou
a palavra do desenho ?
E quando a linha
se traça no braço
que do livro emerge
e que num rodopio
do livro foge ! ! !
. . . para outra página, outro livro,
outro diário gráfico ?
quando outras mãos convergem
para o livro de
quadrícula e
linhas e outras mãos
fogem
e se sobrepõem
. . . a pena mantém-se
do canto da folha ao
aparo que traçou a linha perdida
porque a linha traçou
e quando a linha se traça
o texto se escreve,
tudo se repete . . .
E quando a linha
se traça . . .

                    (José Assis, 16/2/2015)

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Análise da cantiga "Ondas do mar de Vigo"

· Assunto: a donzela interpela as ondas sobre o paradeiro do amigo e o seu regresso, revelando o seu sofrimento e a sua angústia pela separação.


· Tema: o apelo da donzela ao mar, pretendendo saber novas do amigo.


· Estrutura interna

. 1.ª parte (2 primeiras estrofes / coblas) – O sujeito poético - a donzela - interpela / questiona as ondas do mar de Vigo sobre o paradeiro do amigo, que se encontra ausente (tema marítimo), visível na forma verbal “vistes” e no refrão “se verrá cedo”.

. 2.ª parte (


Continuação da análise: aqui.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Na aula (XIX): alguém ladrou

     Contexto: definição e identificação do sujeito nulo expletivo.

     «O sujeito nulo expletivo ocorre, por exemplo, com verbos que traduzem fenómenos meteorológicos como "chover", ...».

     Intervenção da Marta T.: «Por exemplo, 'o cão ladrou.'».

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Plutão tem «céu azul» e «água congelada»

(FOTO: NASA/JHUAPL/SwRI)

     A NASA partilhou publicamente as primeiras imagens da neblina que cobre Plutão, tudo apontando para que o planeta anão tenha céu azul como a Terra. Além disso, os cientistas acreditam ter encontrado evidências da existência de água congelada em diversas áreas da superfície, ainda que em pequenas quantidades.
     A NASA aventou ainda a possibilidade de as partículas que compõem a neblina serem cinzentas ou vermelhas, sendo a forma como refletem a luz solar que lhes confere a tonalidade azul.

domingo, 11 de outubro de 2015

"A solução", de Bertolt Brecht

Após a revolta de 17 de Junho
O secretário da União de Escritores
Fez distribuir panfletos na Alameda Estaline
Afirmando que o povo
Tinha deitado fora a confiança do Governo.
E que só poderia recupera-la
Por esforços redobrados.
Não seria mais fácil,
Neste caso, para o governo
Dissolver o povo
E eleger outro?

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