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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Destino Desconhecido, de Agatha Christie

      Tom Betterton, um cientista canadiano, casado a primeira vez com a filha de um cientista alemão e, presentemente, com Olive, atualmente a viver na Alemanha, desaparece misteriosamente quando se desloca a Paris, para assistir a uma conferência. Dias antes de partir, recebera a visita de quatro pessoas vindos dos EUA, suas conhecidas desde a época em que lá vivera.
     Em Paris, para onde viajara à procura de pistas para ocaso, Yessop depara por acaso com Hilary Craven, uma inglesa recentemente abandonada pelo marido e cuja filha morreu vítima de meningite, que, por isso, está prestes a suicidar-se. Ele propõe-lhe então que, dadas as parecenças físicas com Mrs. Betterton, se faça passar por esta, que morreu, em resultado do despenhamento do avião em que viajava em direção a Casablanca, para tentarem solucionar o mistério do desaparecimento do sábio Thomas Betterton. Ele, Yessop, se encarregará de lhe fornecer os documentos que lhe permitirão apresentar-se como Mrs. Betterton e de simular que a vítima do acidente era uma certa Mrs. Craven. Como nada tem a perder, ela aceita. Antes de expirar no hospital, Mrs. Betterton pede que avisem o marido de que Boris é perigoso. Esta figura apresentara-se, por altura do desaparecimento de Tom Betterton, como primo da primeira mulher deste.
     A falsa Mrs. Betterton tem um encontro com o francês com quem se encontrara no comboio: Henri Laurier, que a instruiu para viajar até Marraquexe.
     Aí, envolvida e rodeada de malfeitores, continua a fazer-se passar por Mrs. Betterton e é levada à presença do «marido», que, no entanto, não coincide com a fotografia que ela tinha visto na polícia. Ele não a desmascara, visto que pensou que era alguém enviado para o libertar daquele lugar, e passam pelo casal Betterton. Entretanto a polícia descobre as pérolas que a falsa Mrs. Betterton espalhou como pistas para ser encontrada, até ao ponto em que ela embarcou no avião.
     «Olive», que ganha uma especial simpatia por Andy Peters, é levada à presença do patrão, Mr. Aristides, um indivíduo rico que tem por hobby fazer coleção de sábios. Por outro lado, faz experiências científicas com seres humanos, autênticas cobaias.
     Um avião de reconhecimento enviado pelas autoridades policiais deteta a colónia de leprosos e o centro de investigação e é-lhe passada, em Morse, uma mensagem. Yessop e Leblanc desconfiam que é ali o centro de atividades / malfeitorias e organizam uma visita àquele local, com comitiva ministerial, para tentarem descobrir os sábios desaparecidos.
     Na parte final da visita, quando os dois polícias acusam Mr. Aristides de manter ali atividades ilícitas e pessoas presas contra a sua vontade, surge em cena Andy Peters, que é, afinal, um agente do FBI e que confirma as acusações.
     Em suma, Andy Peters é Boris Glydr, primo de Elsa, primeira mulher de Tom Betterton, que ele prende por a assassinar. Tom casou-se com ela por mero interesse, e, quando ela fez uma importante descoberta científica, o esposo assassinou-a. Boris decide então perseguir e levar à justiça o criminoso Tom, que, para escapar, se juntara a Aristides e fizera plásticas ao rosto, mas acaba por ser apanhado.
     No fim, Boris e Hilary revelam o seu amor mútuo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 24: "O Manuscrito"

 

O Avarento, de Molière

Ato I

     Valério e Elisa amam-se, a ponto de ele esconder a sua condição social e se sujeitar a ser secretário do pai da amada. Cleanto, irmão de Elisa, ama Mariana, uma doce e desvelada jovem que cuida da mãe doente. Os dois irmãos, órfãos de mãe, são vítimas da tirania e da avareza do pai, Harpagão, que os submete à sua vontade e à avareza. Assim, deseja casar com Mariana e tenciona obrigar o filho a desposar uma viúva rica e a filha com um homem de 50 anos, também rico, que a desposará sem dote. Porém, a filha recusa e, sem saber o que se passa entre os dois, o pai escolhe Valério para juiz daquele impasse.
     Valério usa a lisonja e finge estar de acordo com as ideias do velho, aconselhando a amada Elisa a fingir concordar com o pai e a fingir uma doença para adiar o casamento. Desconhecedor de tudo isto, Harpagão concede a Valério um poder absoluto sobre Elisa.


Ato II

     Cleanto, em virtude da avareza do pai, é forçado a pedir emprestados 15 000 francos, a juros de cerca de 25%. No momento em que se encontra com a pessoa que vai conceder o empréstimo, qual não é o espanto de ambos quando se encontram frente a frente pai e filho.
     Harpagão socorre-se de Eufrosina para conquistar Mariana e preparar o seu casamento. Eufrosina é aduladora, recorrendo frequentemente à mentira para agradar a Harpagão e responder satisfatoriamente a todos os seus intentos (por exemplo, quando ele vê, na grande diferença de idades, um possível obstáculo ao interesse de Mariana em si, Eufrosina responde que Mariana só gosta de velhos de 60 anos, que não pode ver jovens e até recusou um casamento há pouco por o noivo ter apenas 56 anos). O objetivo de Eufrosina é obter algum dinheiro, mas nem toda a lisonja do mundo lhe vale, pois, mal o velho ouve falar no vil metal, vai-se logo embora.


Ato III

     A preparação do "jantar de declaração" é outro momento de grande avareza de Harpagão e de lisonja de Valério. Mestre Tiago, cozinheiro e cocheiro de Harpagão, tenta chamá-lo à razão, explicando-lhe como é troçado por todos, mas o patrão paga-lhe com pauladas, bem como Valério, a quem o Mestre jura vingança.
     O diálogo da cena VII entre Cleanto e Mariana tem um duplo entendimento: o sentido correto só eles o entendem (lamentam o casamento iminente porque os dois se amam); o segundo sentido, errado, é entendido pelos restantes (os dois jovens lamentam o casamento: ele, por razões de herança; ela, por não gostar de jovens e da atitude aparentemente negativa dele). Por outro lado, dá nota da total submissão dos filhos às vontades dos pais: "... se eu não me visse forçada por um poder absoluto..." (Mariana).
     Através do equívoco diálogo, Cleanto faz com que Mariana fique com o anel de diamantes usado por Harpagão.


Ato IV

     Eufrosina lamenta não ter tido conhecimento do amor dos jovens previamente, pois teria conduzido as coisas de modo bem diferente. Para já, engendra o seguinte plano: descobrir uma velha mulher que esteja disposta a fingir-se em rica e nobre, bem como interessada em desposar Harpagão, ao qual entregaria toda a sua vasta fortuna. Dessa forma, este enriqueceria Mariana.
     Desconfiado, Harpagão usa de astúcia para levar o filho a confessar o seu amor por Mariana. Assim, finge que a diferença de idades o levou a reconsiderar e a "oferecer" Mariana ao filho, caso este não tivesse demonstrado tanta aversão pela jovem. Iludido pela artimanha do pai, Cleauto confessa o seu amor e a correspondência de Mariana e o pai, descoberto o segredo do filho, diz-lhe terá de casar com a noiva que lhe reservou, ao que Cleauto reage, afirmando que continuará a amar Mariana, pois "o amor é cego".
     Farpas, criado de Cleanto, espia Harpagão e vê onde ele esconde o tesouro, roubando-lho posteriormente. O desespero do segundo é enorme.


Ato V

     Harpagão chama o Comissário de polícia. Começam por ouvir Mestre Tiago, que, para vingar as pauladas que ele lhe deu, identifica Valério como o ladrão.
     Recorrendo novamente ao equívoco, na cena III, quando é interrogado, Valério "confessa" ter roubado a "caixinha" de Harpagão (referindo-se a Elisa) e este pensa que ele se refere à caixinha do dinheiro roubado.
     Valério revela, então, ser filho de um nobre napolitano. Ao ouvir a história, Mariana diz-se sua irmã. Anselmo apresenta-se, de seguida, como o pai de ambos.
     Entra, então, em cena Cleanto, que diz ao pai que, se o deixar casar com Mariana, o dinheiro lhe será restituído. Harpagão acaba por ceder à chantagem, comprometendo-se Anselmo, progenitor de Valério e Mariana, a pagar todas as despesas dos dois casamentos, a comprar o fato de Harpagão para a boda e a suportar também as despesas ao Comissário.

Onde e aonde

      O advérbio «aonde», que significa "a / para que lugar", deve ser usado com verbos que implicam movimento.
          Ex.: Aonde vais? (= Para que lugar vais?)

     Por sua vez, o advérbio «onde», que significa "em que lugar", deve ser usado com verbos que não implicam movimento.
          Ex.: Onde estás? (Em que lugar estás?)

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Barra oblíqua

     A barra oblíqua usa-se para indicar:
 
1. Marcar uma relação entre elementos de uma mesma categoria.
Ex.: alto / baixo; masculino / feminino; singular / plural.
 
2. Dividir as sílabas métricas de um verso.
Ex.: Al / ma / mi / nha / gen / til /
 
3. Indicar o final de cada verso quando se transcreve um poema linearmente, isto é, sem respeitar a organização estrófica.
Ex.: O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.
Quando o final do verso coincide com o final da linha, coloca-se uma barra no final dessa linha e outra no início da seguinte.
Ex.: As armas e os barões assinalados, /
/ Que da ocidental…
 
4. Indicar um espaço de tempo que engloba (parte de) dois anos civis consecutivos.
Ex.: Ano letivo de 2020/2021.
Quando se refere um período de tempo mais alargado que abarca vários anos civis, usa-se o hífen.
Ex.: Miguel Torga (1907-1995) é um dos maiores escritores portugueses.
 

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 23: "A Máscara de Jade"

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Aspas

     As aspas podem ter dois formatos: baixas ou angulares (« ») ou altas (“ “).
     Elas constituem um sinal auxiliar de escrita que se usa para:
 
1. Assinalar o início e o fim de uma citação / transcrição textual.
Ex.: No poema “Autopsicografia”, a ideia essencial é expressa logo no primeiro verso:   “O poeta é um fingidor.”.
 
2. Destacar o significado ou sublinhar a expressividade de uma palavra ou expressão.
Ex.: Para Luís Filipe Vieira, a palavra “credibilidade” tem um significado muito próprio.
 
3. Indicar títulos de poemas, de artigos ou de contos pertencentes a uma obra.
Exs.:
▪ “Viagem” é o meu poema preferido de Miguel Torga.
▪ Já li “O mito em Miguel Torga”, um artigo sobre o poeta.
▪ O meu conto predileto de Miguel Torga é “O Tesouro”.
 
4. Citar o nome de artigos de jornais, de revistas, de congressos.
Ex.: O jornal “Record” afirma que Cavani já não vem.
 
5. Assinalar palavras ou expressões estrangeiras (empréstimos).
Ex.: O meu “drink” é muito fraco.
 
6. Destacar palavras ou expressões que fogem ao uso habitual (porque já não se usam, ou então são muito recentes, por pertencerem a um registo de língua diferente do que o emissor está a utilizar).
Ex.: Miquelina, “gramo-te” imenso!
 
7. Delimitar falas do discurso direto (processo equivalente ao do travessão como identificador dessa forma de discurso).
Ex.: “Que dia é hoje, Laura Palmer?”
 
8. Assinalar um monólogo interior.
Ex.: Fernão suspirou: “É este o preço de ser incompreendido”, pensou. “Ou nos chamam Diabo ou nos chamam Deus.”
 
 
NOTAS:
 
1.ª) Com alguma frequência, o que é colocado entre aspas pode ser substituído pelo uso do itálico.
Ex.: O meu drink é muito fraco.
 
2.ª) As aspas altas colocadas por baixo de uma palavra ou expressão evitam a sua repetição.
Ex.: A Miquelina já faleceu.
 “             “ era boa senhora.
 “             “ era minha vizinha.
 
3.ª) A pontuação coloca-se antes da aspa de fecho quando a frase delimitada é completa e fica inteiramente abrangida pelas aspas.
Ex.: O meu pai exclamou: “Amo-te, meu filho!”
Caso a frase não esteja completa, a pontuação é colocada a seguir à aspa de fecho.
Ex.: O Ernesto diz, sempre que bebe, que “o vinho é vida”, o que faz rir os amigos.
 
4.ª) Quando se faz a citação de versos e não é possível respeitar a sua disposição no poema, separam-se através de uma barra e mantém-se a maiúscula na palavra inicial).
Ex.: “O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.” (“Autopsicografia”, Fernando Pessoa)
 

Sobrescrito

     O sobrescrito é um sinal (letra, algarismo, etc.) menor que os demais da sua fonte, que se escreve acima do alinhamento em curso, utilizado especialmente em abreviaturas ou como expoente matemático.
Ex.: Eng.ª / eng.ª

 Dr.ª / dr.ª

 Ex.ª / ex.ª

 Sr.ª / sr.ª

 x2

 10-9

Subscrito

     O subscrito é um sinal (letra, algarismo, etc.) menor que os demais da sua fonte, que se escreve abaixo do alinhamento em curso, muito usado em fórmulas matemáticas e químicas.
Ex.: H2O
 A4

Sublinhado

     O sublinhado é uma forma de destaque de palavras, frases, expressões, números, etc., através de uma linha ou traço contínuo(a) sob o que se pretende realçar.

Negrito

     O negrito é o tipo de letra mais negra e grossa que o comum.
     O negrito pode ter um uso semelhante ao do itálico, mas ambos devem ser utilizados com moderação, caso contrário perde-se o efeito de destaque que se pretendia.

 

Formas de destaque

      As formas de destaque designam o conjunto de recursos da configuração textual utilizados para realçar uma palavra, uma frase, uma parte de um texto.

Itálico

     O itálico é um tipo de letra inclinada à direita.
     O itálico pode ser cursivo (o que imita a letra manuscrita) ou grifo (o que aumenta os espaços brancos entre as palavras e entre as letras).
     O itálico usa-se numa obra impressa para destacar textos introdutórios ou prefácios e dedicatórias. Utiliza-se também para assinalar os títulos de livros, jornais ou revistas. Serve ainda para destacar palavras estrangeiras (empréstimos) inseridas num texto.
 

5. Alínea

     A alínea designa cada uma das subdivisões de um texto (como um decreto, um contrato, uma lei, um texto expositivo, etc.), indicada por uma sequência de letras (minúsculas) ou de números seguidos de parênteses:
a) …                      i) …                  1) …

b) …                      ii) …                 2) …

c) …                      iii) …                3) …

 

4. Período

     O período é cada uma das partes constituintes de um parágrafo. É formado por frases simples ou complexas, podendo ser delimitado por ponto, ponto de exclamação, ponto de interrogação ou reticências.
     O exemplo seguinte apresenta um parágrafo constituído por três períodos:
 

     Está-me a doer ter indicado um aluno, aí para trás, duas vezes pelo número. Justifica-se a coisa até certo ponto: não assinou o exercício e eu de momento não calculei quem fosse. Agora, por exclusão de partes, já sei que é o Jacob. (Diário, de Sebastião da Gama)

 
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