Português

domingo, 27 de agosto de 2023

Exemplo de texto de opinião sobre o poder das palavras


 Planificação

- Título: O poder das palavras.

- Introdução:

. Apresentação da situação / tema: o poder das palavras.

. Apresentação da opinião / posição pessoal: as palavras que constroem e as que destroem.

- Desenvolvimento:

1.º argumento: há palavras boas, que fazem bem.

Exemplos: gastronomia e plano amoroso.

2.º argumento: há palavras más, que magoam e destroem.

Exemplo: exame médico.

- Conclusão: retoma da posição inicial.

 

O poder das palavras
 
    Ricardo Araújo Pereira deu-me a honra de prefaciar um livro meu. Nas primeiras linhas do seu prefácio, ele escreveu: “Faço com palavras tudo o que é importante. Por exemplo, se quero que uma pessoa saiba que gosto dela, recorro mais depressa a palavras do que, digamos, a beijos.” Meditei nestas suas palavras e adicionei a sua moral a esta equação: bom uso das palavras x uso bom das palavras ao quadrado = felicidade.
    As palavras têm um poder tremendo. Repito com assertividade: as palavras têm um poder tremendo. Há palavras que edificam, outras que destroem; umas trazem bênção, outras, maldição. E é entre estas duas balizas que a comunicação vai moldando a nossa vida.
    Comecemos pela gastronomia. Na hora da refeição, quem é que não saliva ao ler um crispy de peito de frango com emulsão de gengibre e limão? Ou um bacalhau lascado com puré de batata doce e goiaba confit? Antes de estes apetecíveis pratos chegarem à nossa mesa, já os pré-saboreamos mentalmente. E quantas vezes a sedutora descrição dos pratos é bem mais aprazível que o repasto propriamente dito?
    Há dias, num restaurante tradicional, um dos pratos da ementa era bife raspado. Soou-me bem e pedi. O que era? Um simples hambúrguer no prato. Estava apetitoso, sem dúvida, mas o prazer que senti ao degustar as sílabas bi-fe-ras-pa-do antes de o dito prato pousar na mesa foi infinitamente superior.
    No plano amoroso, as palavras têm também um poder incrível. Outrora, nas cartas de amor, as palavras voavam distâncias, marcadas pela saudade dos namorados; hoje, o impacto das palavras nas relações amorosas é tão ou mais forte porque é imediato, à distância de um clique. Casais apaixonados são unânimes em assumir que muitas vezes o flirt verbal é tão poderoso quanto o próprio beijo ou toque. Nuns casos, as palavras trocadas virtualmente são autênticos preliminares; noutros, conseguem ter ainda mais impacto do que o toque real.
    E o poder da palavra silenciosa? O silêncio é ouro, já ouviram dizer? Há palavras que deviam ser escondias num baú fechado a sete chaves. Porque não edificam, porque magoam, porque destroem… Há uns tempos fui fazer um exame médico. Após o questionário clínico habitual, a médica prosseguiu: “Agora, vou fazer-lhe umas maldades”. Nesse instante, o meu corpo sucumbiu e o desmaio tornou-se iminente. Ora, a palavra maldade magoou-me mais do que o próprio exame. Teria sido muito sensato ter escondido tal palavra num quarto escuro. Não teria magoado tanto.
    Se queremos relações pessoais e profissionais mais saudáveis e felizes, usemos e abusemos das palavras positivas na nossa vida. E não nos cansemos de elogiar. Palavras de louvor e honra trazem felicidade não só a quem as recebe mas também, e sobretudo, a quem as oferece.

 
Sandra Duarte Tavares, in Visão do dia 17/02/2017
 

sábado, 26 de agosto de 2023

Marie Curie e a radioatividade


Caderno de notas de Marie Curie

    Marie Curie faleceu de anemia plástica em 1934, contava ela 66 primaveras, após anos de exposição à radiação, uma exigência do seu trabalho.
    Alguns dos seus cadernos de apontamentos são tão radioativos (e continuarão a sê-lo por mais 1 500 anos) que tiveram de ser encerrados em caixas de chumbo, por lá permanecem e permanecerão.
 

Séries de animação do meu tempo: "Garfield"


    "Garfield" é uma série de animação baseada nas tiras de banda desenhada da autoria de Jim Davis e que tem como protagonista um gato de pelo laranja, preguiçoso e guloso, cujo dono é Jon Arbuckle, um cartunista desajeitado e com pouca sorte com as mulheres, que possui também Odie, um cão estúpido que gosta de lamber tudo e todos.

Decreto-Lei n.º 74/2023

O ano ainda não começou e já faltam professores


 

    Isto está lindo: o ano ainda nem começou e já faltam professores.

    De que valeu ontem ao bestial ministro, como o designa Paulo Guinote, sair-se com mais umas tretas e pseudo-verdades, quando a realidade hoje lhe bateu nas fuças com toda a crueza?

    Como escreve muitíssimo bem a Beatriz, não há problema, pois o bestial ministro não se cansa de vomitar leis e leizinhas e «o cozinheiro da esquina pode ir ensinar Biologia e o que conta carros a passar vai ensinar Matemática».

Exemplo de texto de opinião sobre o uso de telemóveis nas aulas


    A tecnologia faz parte do quotidiano da esmagadora maioria das pessoas. Um dos objetos mais usados neste contexto é o telemóvel.

    Elabora um texto de opinião, constituído por 200 a 300 palavras, no qual defendas o teu ponto de vista sobre o seguinte tema: O telemóvel tem lugar no ensino atual?
 
    O teu texto deve incluir:
. a apresentação do teu ponto de vista;
. a apresentação, no mínimo, de dois argumentos e de exemplos que justifiquem o teu ponto de vista;
. uma conclusão.

 

Planificação

- Introdução:

. Apresentação do tema – Ideias gerais sobre a presença e a importância da tecnologia na sociedade.

. Posição a defender: os telemóveis devem ser usados no ensino.

- Desenvolvimento:

1.º argumento: o telemóvel permite obter informação de forma imediata, consultar documentos didáticos, acessar a aplicações que possibilitam mais interatividade…

2.º argumento: o uso do telemóvel no ensino pode contribuir para uma maior responsabilização dos alunos.

3.º argumento – contra-argumento: o telemóvel pode constituir um fator de distração, prejudicando a aprendizagem.

- Conclusão:

. retoma da posição defendida

. síntese das ideias essenciais

 
O telemóvel na sala de aula
 
    A tecnologia está presente na vida do ser humano e veio para ficar, discutindo-se, neste momento, por exemplo, todo o impacto da inteligência artificial no nosso quotidiano presente e futuro. Neste contexto, faz todo o sentido que a tecnologia, nomeadamente os telemóveis, tenham lugar no ensino.
    Por um lado, os telemóveis permitem a consulta e a pesquisa imediatas, o que pode tornar as aulas mais dinâmicas e interativas. De facto, com eles os alunos podem visionar vídeos didáticos e imagens, obter informação de toda a espécie através da Internet para complementar as aulas e resolver tarefas sugeridas pelos professores. Além disso, é possível aceder a diversas aplicações (como, por exemplo, o iSpring) que permitem maior interatividade na resolução e na avaliação de atividades. Usando-as, os alunos têm acesso imediato aos resultados de um teste interativo, aos aspetos em que tiveram sucesso e àqueles em que falharam.
    Por outro lado, o uso autorizado de telemóveis na sala de aula pode constituir uma forma de responsabilização dos discentes, por exemplo, relativamente à sua não utilização sem permissão do professor. Além disso, deste modo, poderão interiorizar a necessidade de utilizar responsavelmente os materiais e gadgets tecnológicos, num contexto específico e regulado.
    De facto, sobretudo no caso de alunos mais jovens e que não possuem ainda maturidade suficiente para os utilizar nos momentos adequados e autorizados, os telemóveis, dado que colocam à sua disposição um mundo inteiro, podem constituir um fator de distração na sala de aula, sendo usados, por exemplo, para jogar, para enviar mensagens, para navegar na Internet e até para cabular nas provas de avaliação. Todos estes fatores acabarão por prejudicar a aprendizagem e, por consequência, a avaliação.
    Em suma, os telemóveis devem ser usados no contexto escolar, visto que podem ser uma ferramenta útil na aprendizagem, mas desde que tal seja feito de forma organizada e com autorização e supervisão dos professores. Proibir o seu uso não é solução, até porque eles estão cada vez mais presentes na vida de quase todos.

 

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Séries de animação do meu tempo: "Top Cat"


    "Top Cat" é uma série animada produzida pela Hanna-Barbera Productions entre 1961 e 1962, correspondente apenas a uma temporada de 30 episódios, que consiste numa paródia de "The Phil Silvers Show", uma sitcom exibida pela cadeia CBS entre 1955 e 1959.
    O protagonista, Top Cat, é o líder de um gangue de gatos de rua de Manhattan. Trata-se de um grupo de animais malandros e espertos que passa a vida a engendrar esquemas de enriquecimento rápido através de golpes, que, no entanto, maioritariamente, saem furados. Outra figura importante é Charlie Dibble, o agente da polícia que procura, inutilmente, prendê-los, expulsá-los do beco ou detê-los usando o telefone.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Exemplo de texto expositivo sobre o Auto da Índia


    Num texto expositivo, constituído por 150 a 250 palavras, apresenta uma personagem do Auto da Índia, de acordo com os seguintes tópicos:
a) identificação da personagem;
b) apresentação de dois traços marcantes;
c) alusão a uma situação caracterizadora da personagem.

 
. Planificação

- Introdução:

. personagem: Moça

. obra: Auto da Índia

. autor: Gil Vicente

. papel / função: comentar as atitudes da Ama

. traços: fidelidade e crítica da Ama

- Desenvolvimento – traços:

1) fidelidade à Ama – ajuda-a a concretizar os seus desejos – encontros amorosos com o Lemos;

2) ironia e crítica à Ama, denunciando o seu comportamento.

- Conclusão: personagem fundamental para a caracterização da Ama.

 
A importância da Moça

 
    A Moça é uma personagem secundária do Auto da Índia, uma das peças mais importantes de Gil Vicente. Na obra, ela contribui fortemente para a caracterização da protagonista, a sua ama. Podemos destacar dois traços caracterizadores da peça: a fidelidade e a feição crítica.
    Por um lado, a personagem mostra-se fiel à Ama, ajudando-a a concretizar as suas ações e objetivos e nunca a denunciando (por exemplo, ao marido). Este traço fica evidente quando a auxilia nos encontros com o Lemos, indo inclusivamente às compras para o jantar de ambos.
    Por outro lado, a Moça mostra-se irónica e crítica, pois, apesar da fidelidade, comenta criticamente as atitudes da Ama e a dos seus pretendentes, o que contribui para desmascarar o caráter falso, hipócrita e dissimulado da protagonista, bem como a pelintrice do Lemos e a fanfarronice e a falsidade do Castelhano.
    Em suma, a Moça é uma personagem fundamental para o conhecimento da verdadeira natureza da Ama.

 

Normas da citação


    A citação consiste na reprodução de um discurso noutro discurso. Quando fazemos uma citação, devemos observar o seguinte:

• identificar o autor do texto / da obra citado(a);

• contextualizar a citação;

• transcrever as palavras citadas, tal como o original;

• colocar as citações entre aspas;

• assinalar eventuais cortes (por exemplo, quando o excerto citado é extenso e só nos interessa parte dele) com reticências dentre de parênteses (retos ou curvos);

• identificar a fonte da citação entre parênteses, indicando:
- o apelido do autor;
- o ano da publicação da obra a que pertence o texto citado;
- a(s) página(s) em que o texto citado se encontra;

indicar a referência completa de todas as obras citadas.

 
Exemplos:

 
                De acordo com Diniz Braga, “devido à evolução tecnológica […], o mundo mudou bastante e as pessoas precisam de se adaptar a essa nova realidade.” (Diniz; Braga, 2016, p.98)

 

                Segundo Martins et al., “O consumidor […], antes de fazer uma compra, pesquisa informação sobre a empresa na Internet.” (Martins et al., 2016, p.12

[Neste caso, trata-se de uma citação de um texto com vários autores.]

 

Exemplo de texto expositivo


    Elabora um texto expositivo sobre o seguinte tema: Os níveis de organização do corpo humano.


Revisão textual

    A revisão do texto constitui o terceiro passo do processo de produção escrita.
    Depois de o escrever, há ainda alguns passos a seguir:

 
Primeiro: reler o texto, para detetar erros e/ou imperfeições relativamente ao tema, ao tipo ou ao género textual, à estrutura e à correção linguística.

 
Segundo: corrigir o texto, isto é, as falhas e os erros detetados.

 
Terceiro: reescrever o texto, dando-lhe a forma final.

 

Séries de animação do meu tempo: "She-Ra"


    "She-Ra" é uma série de animação, produzida entre 1985 e 1986 pela Filmation Studios, constituída por 93 episódios. A produção é uma espécie de versão feminina de "He-Man e os Mestres do Universo", de quem ela é irmã gémea.
    A série tem como protagonista a princesa Adora, que se transforma na heroína She-Ra e luta contra os vilões da Horda para  libertar o planeta Etérnia do vilão Hordak.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Textualização


    Depois de elaborado o plano, passa-se à redação do texto, dando-lhe uma forma mais definitiva. Para esse efeito, o aluno deve:

 
1. Construir um texto coerente.

. Unir os tópicos que constam do plano, fazendo uso de conectores e articuladores do discurso que articulem corretamente as ideias do texto.

. Respeitar o tema proposto, evitando divagações desnecessárias. Por exemplo, se o enunciado indicar que a temática é a poluição dos mares, não se pode escrever um texto sobre a poluição em geral ou outros tipos de poluição (sonora, atmosférica, etc.).

. Não mudar de assunto durante o texto.

. Respeitar o fio condutor das ideias.

. Acrescentar novas ideias ao longo do texto, evitando, assim, a repetição desnecessária de informação.

. Não se contradizer (por exemplo, num texto de opinião, não se pode apresentar posições diferentes na introdução e na conclusão).

. Adequar o texto ao público e à sua finalidade comunicativa.

 
2. Estruturar o texto.

. Distribuir cada ideia nova por parágrafos: um novo parágrafo corresponde a uma nova ideia.

. Ligar as frases e as orações através de conjunções, locuções conjuncionais, advérbios, conectores.

. Não repetir vocabulário (substituir palavras por pronomes, hiperónimos / hipónimos, etc.); diversificá-lo e adequá-lo ao tema.

. Não alterar bruscamente o tempo verbal dominante do texto que está a ser escrito (se se opta pelo passado, escreve-se no passado ao longo do texto; se se escolhe o presente, mantém-se igualmente até ao final).

. Não mudar bruscamente de pessoa gramatical. Convém ter presente que, no caso do texto de opinião e do comentário, predomina a primeira pessoa, enquanto, no texto expositivo, há um predomínio da terceira.

. Respeitar as regras fundamentais da escrita:

- correção ortográfica;

-regras de acentuação;

- regras de pontuação;

- marcação de parágrafos;

- construção frásica:

. verificar se as preposições são usadas corretamente;

. verificar se as concordâncias estão corretas (sujeito-verbo, nome-adjetivo, etc.);

. diversificar o estilo de frases;

- seleção de vocabulário adequado ao tema e ao género ou tipo de texto.

. Respeitar o intervalo de palavras indicado no enunciado.

. Respeitar os princípios do trabalho intelectual, aplicando as normas para citação.

. Ter cuidado com a apresentação final do texto.

 

Séries de animação do meu tempo: "Scooby-Doo"


    Scooby-Doo é o nome de um cão, criado por Hanna-Barbera em 1969, que faz parte de um grupo de adolescentes - constituído por Fred, Daphne, Velma e Shaggy -, a Mystery Inc., dedicado a resolver mistérios que, frequentemente, envolvem monstros e utros elementos do sobrenatural, fazendo-se transportar numa carrinha pintada com cores psicadélicas.

O Caso Christie, de Nina de Gramont

    A narrativa começa em dezembro de 1926. Nan O'D88ea é amante de Archie, marido de Agatha Christie, que já é uma escritora conhecida, mas está bem longe ainda da fama e do sucesso que alcançará mais tarde. A obra abre com a referência ao projeto iminente de Archie de a  deixar em definitivo para ficar com a amante, num momento em que a ainda esposa sofre a morte da mãe, ocorrida há pouco mais de meio ano. As duas mulheres vão almoçar juntas por sugestão de Agatha e, já depois da refeição terminada, quando estão prestes a separar-se, Christie pede à rival que deixe o seu marido para quem o ama: ela mesma. Aos 36 anos, após 12 de casamento e uma filha, Teddy, ama-o profundamente.
    Na manhã de 3 de dezembro, após uma noite de amor, Archie sai de casa pela última vez, para ir viver com a amante, com quem se relaciona já há dois anos e com quem pretende casar, depois de obter o divórcio de Agatha por motivo de adultério.
    O'Dea namorou um irlandês chamado Finbarr e com 19 anos viu-se grávida dele em casa da sua família na Irlanda. O rapaz adoece e o pai vai colocá-la num convento. Engravidar solteira era uma grande vergonha social. É filha de pai irlandês e mãe inglesa e tem três irmãs. Gostava de correr e de jogar à bola com os rapazes quando tinha 13 anos, idade com que vai passar as férias na quinta do tio Jack e da tia Rosie, na Irlanda, onde conhece Finbarr Mahoney, o filho de um pescador que trabalha para os tios da jovem. Nos dois verões seguintes, repete as férias. No terceiro, tem ela 15 anos, Finbarr alista-se no exército britânico para combater na Primeira Guerra Mundial. Na véspera da partida, ele anuncia-lhe a novidade e oferece-lhe um "claddagh", isto é, um anel tradicional irlandês em forma de coração e com uma coroa e duas mãos entrelaçadas, que representam, respetivamente, o amor, a lealdade e a amizade. Trocam o primeiro beijo e separam-se por cauda de uma guerra que criam duraria meio ano.
    A narradora, a própria Nan, interrompe a analepse e volta ao presente da ação, 3 de dezembro de 1926, o dia em que Archie abandona Agatha e em que esta desaparece. Nessa manhã, a escritora acompanha a filha Teddy e a criada, Honoria, à escola. Mais do que serva, esta última é também confidente, e aconselha-a a aceitar que o marido partiu de vez, algo em que Christie não acredita, pois considera que, com paciência e um plano, ainda o poderá fazer regressar aos seus braços. 
    Na manhã seguinte, espalha-se a notícia do desaparecimento de Agatha. Apenas se sabe que, na noite anterior, saíra de casa de carro, que foi mais tarde descoberto junto a uma mina, com o capô enfiado nuns arbustos. No interior, encontram um casaco de peles, uma mala de viagem cheia e uma carta de condução. Da sua casa de Styles, nome que a habitação ganhara numa espécie de homenagem ao primeiro romance de Agatha, desapareceu a sua máquina de escrever. 
    De regresso  à analepse, na  Irlanda, Nan recebe a notícia da morte de Colleen, a irmã mais velha: apaixonara-se por um estudante de filosofia, engravidara, ele partira para a guerra, nunca respondera às suas cartas, o pai expulsara-a de casa e ela lançara-se ao Tamisa.
    Quatro anos se passam. Nan vai trocando correspondência com Finbarr. Nesse espaço de tempo, certo dia, a mãe levara-a a tirar um retrato para enviar para o seu amado soldado, que, após a receção, a passa a trazer sempre consigo. Já perto do final da guerra, a mãe mostra às três filhas uma lata de chá escondida onde vai ocultando dinheiro. E diz-lhes que nunca deverão fazer o mesmo que Colleen. Se também engravidarem, deverão dizer-lhe apenas.  Depois fugirão para a América ou para a Austrália e inventarão uma história qualquer que justifique a gravidez sem serem casadas. O pai "que se dane'. Isto mostra como as quatro mulheres desprezam e sentem raiva dele por ter expulsado a filha de casa, culpando-o pelo seu suicídio.
    No Dia do Armistício, Nan celebra em Londres no mesmo espaço onde está também Agatha Christie, que durante o tempo da guerra tirara um curso de estenografia. Como por milagre, Nan e Finbarr encontram-se no meio da multidão em êxtase. A voz dele está mais áspera, mais profunda, por efeito do gás-mostarda. Os dois percorrem o lugar até encontrar um quarto onde fazem amor. Ele pede-a em casamento, mas ela responde que antes tem de pedir a bênção à mãe. Combinam então casar dentro de meses e que ele lhe enviará dinheiro para ela ir ao seu encontro na Irlanda.
    A narrativa salta de novo para o desaparecimento de Agatha. É publicado o aviso referente ao mesmo e a polícia de todo o país é convocada para as buscas. Até o inspetor Frank Chilton fora chamado da reforma para participar nas investigações. Ao terceiro dia, a notícia espalha-se e chega ao The New York Times. Entretanto, Anna, a nova criada da sala de visitas de Styles, informa a polícia de que o casal Christie teve uma violenta discussão na manhã do dia do desaparecimento e que Agatha, na sequência, ficou bastante abalada. Mais informa que é possível que haja outra mulher envolvida na história. Ao mesmo tempo, Nan instala-se no Bellefort Hotel and Spa. Durante uma caminhada com outra hóspede que entretanto conhecera, dá de caras com Finbarr, que lhe vem pedir que deixe tudo e o acompanhe de volta à Irlanda, para casarem, mas ela, que nota as mudança enormes que o tempo operou nele (a sua constante alegria dera ugar à tristeza, tudo efeitos da guerra), recusa. Ele então parte, mas promete-lhe que o voltará a ver em breve.
    A narração regressa à analepse. Finbarr escreve duas cartas a Nan, a segunda a informar que o tio Jack sobrevivera à guerra, mas trouxera consigo a febre, que lhe passara a ele e à família. Alguns dos familiares tinham morrido, nomeadamente o filho Seamus, primo da narradora. Em Inglaterra, Nan descobre que está grávida, mas não conta a ninguém. Antes toma posse do dinheiro que a mãe guarda na lata e parte para Ballycotton, para casar com Finbarr.  Chegada lá, é mal recebida pelos Mahoney, que a querem impedir de ver o filho, que se encontra gravemente doente, mas a custo permitem-lhe que o veja por breves momentos. O rapaz não lhe fala nem dá pela sua presença. Durante a noite, ela esgueira-se para o quarto e vela-o. De manhã, parte. A mãe do rapaz, assim que a tinha visto, logo soubera estava grávida do filho. 
    De regresso à atualidade, o inspetor Chilton passa pelo hotel onde está hospedada Nan, mostrando a fotografia de Agatha aos hóspedes e perguntando-lhes se a viram. Quando chega a vez da amante de Archie, esta apresenta-se como mulher casada e responde capciosamente que nunca a vira em York. Desta forma, evita dizer que a conhece e explicar todas as circunstâncias e relações que a ligam à desaparecida. Por outro lado, se um dia a polícia conhecer toda a história que a liga aos Christie e for questionada sobre a razão por que negou ter visto a escritora, poderá responder que tal não é verdade, que não negou conhecê-la, mas apenas que nunca a vira naquela região. 
    No hotel, encontram-se  também hospedados Lizzie e dois casais em lua de mel: os senhores Race e Marston. Ao jantar, estala subitamente uma discussão feroz entre o primeiro casal. Quando a mesma acalma, subitamente o sr. Marston, um homem de cerca de sessenta anos, levanta-se e agarra-se à garganta, como se estivesse engasgado. Depois cai no chão e morre. Na manhã seguinte, a senhora Marston é encontrada morta na cama.
    O inspetor Chilton tem mais que fazer do que prestar grande atenção àquelas duas mortes súbitas e percorre estradas com o seu carro à procura de Agatha Christie. Pelo caminho, passa por um casal jovem abraçado e reconhece a rapariga como sendo aquela a quem mostrara a fotografia da escritora: Nan. Pouco depois, engana-se no caminho, vira no sítio errado, a seguir noutro, até chegar a uma estrada rural e parar em frente a uma casa, ao lado da qual estava meio escondido um automóvel. Curioso, aproxima-se e escuta à porta: de dentro chega-lhe o som das teclas de uma máquina de escrever. Bate então à porta. Alguém abre: Agatha Christie. Termina a   primeira parte do livro.
    A segunda parte abre com nova analepse, agora para explicar o desaparecimento. Agatha saiu de casa pelas 21 e 45, para aclarar as ideias, mas voltou algum tempo depois sem ser notada. Colocou a máquina de escrever e alguns pertences no carro para ir até Ashfield, para organizar as ideias. No entanto, mal chegou ao veículo, mudou novamente de ideias. Assim, decidiu ir a Godalming, a casa dos Owen, onde sabia estar a amante do marido. Durante viagem, quase atropelou um homem por causa da escuridão e dos olhos inchados do choro. No último momento, guinou o carro para não o atingir e saiu de estrada perto da mina. O homem, jovem, aproximou-se, bateu na janela e disse-lhe que viera para falar com ela sobre Nan O' Dea. Ambos saíram dali num automóvel que o irlandês encontrara abandonado e estava estacionado por perto.
    Antes de regressar ao outro passado, num parágrafo proléptico, a narradora dá conta de que terá um filho com Archie, uma menina a quem dará o nome da tia Rosie. As raparigas solteiras que engravidavam eram enviadas para o convento, onde trabalhavam para pagar a estadia até ao nascimento. Passado um ano, os bebês eram transferidos do berçário para outro local, no qual aguardariam para serem adotados, irem para uma família de acolhimento ou para um orfanato . As mães trabalhariam mais dois ou três anos no convento. 
    Terça-feira, 7 de dezembro de 1926: Agatha nega ao inspetor ser ela mesma e diz-lhe que está ali com o marido. É nesse instante que chega Finbarr, que colabora na mentira e se assume como o esposo. O inspetor insiste e o rapaz diz-lhe que a esposa se chama Nan Mahoney. O polícia não desiste e dá à escritora um dia para pensar no que quer fazer e regressa ao conforto do hotel.
    Quarta-feira, , 8 de dezembro de 1926: o capítulo abre com uma reflexão sobre o peso social do casamento, para explicar o modo como Archie passou a encarar Agatha depois do seu desaparecimento: de simplesmente a tratar por "Agatha" evoluiu para "a minha mulher". Por outro lado, a polícia sabe da amante, o que torna Archie imediatamente suspeito de ter estado envolvido no desaparecimento da esposa. Ele relê o conto "The Edge", que narra a história de uma mulher que empurra a amante do marido de um penhasco em direção à morte. No final da obra, ficamos a saber por Nan que, antes de o publicar, a escritora mudou o final do conto: de empurrada pela esposa legítima passou para a própria amante se lançar do precipício.
    A procura exaustiva por Agatha mantém-se, chegando a ser usados, pela primeira vez neste tipo de acontecimentos, aviões. Todos estão convencidos de que está morta, por isso é com grande desilusão que as pessoas reagem quando um corpo feminino é encontrado num ribeiro e se descobre que não é ela, mas a menina Oliver.
    Depois de manter um breve diálogo com a amante de Archie, o inspetor Chilton regressa à casa onde descobrira Agatha, mas encontra o local vazio.
    Segue-se novo retorno ao passado, para dar conta do desespero vivido no convento, pelas condições de vida das raparigas, pela forma como eram tratadas, pela distância dos seus bebés a que eram sujeitas... Certa noite, Nan, que também está grávida, acorda com Bess, a jovem que ocupa a cama ao seu lado, a chorar, pois tem vindo a ser abusada pelo padre Joseph, apesar de grávida. A temática dos abusos cometidos por membros da Igreja percorre as eras. No final das gravidezes, as jorens internadas eram confinadas e, após darem à luz, os seus filhos eram dados para adoção.
    Certa manhã, enquanto esfrega o átrio de entrada do convento de Sunday's Corner, Nan pede à irmão Mary Clare que escreva em seu nome a Finbarr a informá-lo de onde se encontra, para ele a venha buscar. Entretanto, na sequência, Bess diz sentir-se mal e pede à freira que a leve ao hospital, mas a irmão condu-la apenas para o quarto da jovem. Quando estão a caminho, encontram o padre Joseph, que a leva para o seu gabinete e a força a ter relações sexuais, apesar do seu estado, enquanto a freira aguarda à porta que tudo termine, perfeitamente consciente do que se passa. Os sonhos de fuga são uma constante na vida das raparigas e percebe-se muito bem porquê. Bess dá à luz um rapaz nado-morto. Nessa manhã, o «seu jovem homem», um soldado americano, surge no convento e leva consigo a rapariga e o filho de ambos, morto.
    Quinta-feira, 9 de dezembro de 1926: os cães pisteiros não conseguem encontrar a pista de Agatha (pudera: ela saíra dali no carro da menina Oliver!). Enquanto isso, desesperado, Archie promete a si mesmo desistir da relação com Nan se a esposa regressar são e salva.
    Entretanto, em Harrogate, na autópsia ao senhor Marston, o médico legista descobre cianeto de potássio no seu corpo, provavelmente administrado através da anca do homem, na qual é visível uma marca. Já a esposa sucumbiu a uma dose elevada de estricnina. Mais tarde, no Bellefort Hotel, Chilton, Nan O'Dea e a menina Armstrong dialogam sobre o casal Marston. Em determinado momento, a narradora dá à jovem um lenço para esta enxugar as lágrimas que a morte do casal lhe causa. Quando a amante de Archie sai da biblioteca, recebe um bilhete de um homem a marcar encontro com ela à porta da entrada do hotel às dez da noite. Enquanto isso, Chilton pede o lenço à menina Armstrong e estranha o facto de aquele ter um monograma com um N, o que o deixa intrigado, pois Nan está registada no hotel com o nome de Genevieve O'Dea. Convém esclarecer que Genevieve era o nome que ela tencionara dar, nos tempos em que esteve no convento, quando desse à luz a sua filha.
    À hora combinada, Finbarr e Nan encontram-se e passeiam pelo campo a coberto da escuridão noturna. O rapaz conta-lhe que Alby, o cão que tinham, tinha sido vendido a um homem que se juntara ao IRA e que o usara para transportar explosivos e fazer explodir um quartel da polícia irlandesa. Finbarr condu-la até uma mansão isolada, pertencente a alguém abastado, e aí fazem amor. Sem se darem conta, tinham sido seguidos por Chilton, um ex-combatente que a guerra mudara de tal forma que a sua então namorada se vira forçada a terminar o namoro após o seu regresso, casando-se pouco tempo depois com o filho da florista local, que não participara na guerra por ser cego de um olho. Quando, um dia, entrou na florista e viu a ex-namorada grávida, decidiu mudar-se para Leeds.
    Chilton fica parado durante algum tempo a observar a mansão e depois decide entrar. Espreita todas as divisões, exceto aquela onde Nan e Finbarr se encontram, acabando por se deparar com um compartimento na zona da criadagem onde é visível uma ténue luz por debaixo da porta. Bate cuidadosamente a esta e do interior responde-lhe a voz de Agatha Christie. O inspetor informa-a de que há imensa gente à sua procura e a escrita de 36 anos confessa-lhe que tinha fugido com Finbarr e que ambos ocupavam aquela casa sem autorização ou conhecimento dos donos. Ele pede-lhe que volte para casa, ao que ela responde falando de Nan e informando-o de que esta é a amante do marido. De seguida, pede-lhe que guarde segredo acerca do seu paradeiro durante mais um ou dois dias. O policial concorda e ela, no momento em que se separam, depois de ele lhe dizer que era uma boa esposa, dá-lhe um beijo na boca, porque tinha ficado "furiosa [por] pensar que andava a ser uma boa esposa".
    Sexta-feira, 10 de dezembro de 1926: Donald Fraser, o novo agente de Agatha, reúne-se com Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, então com sessenta e sete anos, para lhe pedir auxílio para encontrar a escritora. Conan Doyle pede-lhe um objeto pertença de Agatha (o agente fornece-lhe umas luvas), para as entregar a Horace Leaf, "o mais poderoso vidente da Europa". É curioso que um homem que cria uma personagem caracterizada pelo uso soberbo do raciocínio dedutivo acabe por recorrer ao sobrenatural para tentar encontrar uma pessoa desaparecida. Na verdade, as luvas tinham pertencido à esposa de Donald, que entretanto fugira com um dos escritores que representava. Assim sendo, se Leaf era tão bom na sua arte, certamente logo descobriria que as luvas não pertenciam a Agatha.
    Na manhã seguinte, Nan vai ao encontro de Agatha e as duas acabam a tomar o pequeno-almoço juntas. É curioso que, ao longo da obra, as duas supostas rivais atuem, não como tal, mas cooperando entre si, como se verá no final da obra, quando Agatha colabora - e até instiga - na ocultação e mentira em torno do papel de Nan na morte do casal Marston. O diálogo entre ambas não é agressivo: falam de Archie; Agatha diz-lhe que nunca ninguém a magoou como ela, que sabe do que lhe sucedeu na Irlanda e, surpreendentemente, pede-lhe que não conte a ninguém do seu paradeiro. Segue-se uma prolepse, através da qual a narradora - Nan - dá conta ao leitor que Agatha Christie se voltaria a casar e alcançaria enorme sucesso enquanto escritora, acrescentando que "Nunca ocorreu a ninguém que eu e ela, afinal, pudéssemos ser amigas. Que o motivo para se ter mantido calada, para todo o sempre, não teria sido para sua proteção, mas para minha."
    O capítulo seguinte constitui novo regresso ao passado e à Irlanda, concentrando-se, de início, no padre Joseph e no receio que Nan sente de que repare em si e abuse dela como faz, por exemplo, com Bess. Numa terça-feira, chega ao convento uma nova rapariga que foge na sexta imediatamente a seguir sem deixar rasto. No dia seguinte, Nan observa que uma barra do portão de ferro da vedação apodrecera e caíra, o que permitiria a uma rapariga magra passar por ali. Então, aproxima-se e coloca a barra no sítio sem que ninguém se aperceba, de maneira que as ranhuras não sejam visíveis ao longe.
    Bess e o soldado americano casaram antes de atravessar o Atlântico e, depois, instalaram-se em Filadélfia. A mulher nunca mais voltou a entrar numa igreja, nunca esqueceu a violência sistemática a que foi submetida pelo padre e a memória do filho morto, cujo nome pronunciava em voz alta, sobretudo quando ninguém a ouvia.
    De volta ao presente, a escritora Dorothy Sayers afirmara sentir a presença de Agatha na região, enquanto Conan Doyle telefonara a dar conta de que o médium que consultara lhe assegurara que já não estava viva. Archie visita a mãe, que o relembra de que sempre fora contra o seu matrimónio com Agatha e de que, agindo contra si, acabara por a desposar, estivera dias sem sair da cama. Durante a conversa, fica claro que Peg Helmsley desconfia que o filho possa ter assassinado a esposa. Nessa noite, já em sua casa, bebe bastante e vai ao quarto da filha, que finge dormir para não ter de lidar com o choro do pai.
    Nesse mesmo dia, Agatha, Chilton, Nan e Finbarr acabam juntos na mansão a jogar ténis aos pares. Findo o jogo, o inspetor e a escritora sobem ao quarto e fazem amor. Consumado o ato, Agatha, respondendo a perguntas dele sobre o romance entre Nan e Archie, diz-lhe o seguinte: "- A menina O'Dea é amante do meu marido pro acreditar que a minha filha lhe pertence."
    A filha de Nan nasceu a 5 de agosto de 1919, no hospital do condado da cidade de Cork, onde mãe e cria permaneceram durante dez dias. Durante esse período, a rapariga pensou em fugir, mas nunca o fez, porque sabia que não teria qualquer hipótese sem um tostão no bolso, com uma recém-nascida nos braços. Assim, acabou por regressar ao convento. Quando foi confrontado com os documentos que a irmã Mary Declan lhe colocou à frente, concordando em deixar que a igreja entregasse Genevieve para adoção, recusou-se a assiná-los. No entanto, passado algum tempo, sem a sua autorização, a bebé é adotada para uma família inglesa. Nan quase asfixia a irmã e depois foge pelo portão de ferro com a barra solta.
    Durante a fuga, encontrou uma mulher, Vera, que a acolheu em sua casa, que vive com outra mulher, Martha. Mais tarde, levaram-no, escondida numa carroça puxada por cavalos até à estação de comboios, onde lhe compraram um bilhete para Dublin e lhe deram o resto do dinheiro para regressar de barco a Inglaterra. Nos meses seguintes, Nan procurou a sua filha por vários locais da Velha Albion. Quando regressou a casa, encontrou muitas cartas  que Finbarr lhe havia escrito, algumas contendo dinheiro para viajar para a Irlanda, e concluiu que os pais dele nunca lhe tinham contado que ela estivera lá à sua procura. A tia Rose, informada do sucedido, viajou até Sunday's Corner para falar com a madre superiora, que lhe mostrou uma certidão de óbito de Genevieve, obviamente falsa. Entretanto, Finbarr deslocou-se a sua casa. Aí, ela contou-lhe da filha de ambos e mandou-o embora.
    Quatro anos após o seu regresso a Inglaterra, numa ida à praia, uma miudinha correu na sua direção e Nan reconheceu nela a sua filha. Na realidade, trata-se de Teddy, a cria de Agatha e Archibald Christie.
    A terceira parte da obra abre com uma citação de Poirot em epígrafe. O primeiro capítulo é constituído por uma carta de Nan dirigida a Finbarr, datada de 16 de setembro de 1926. Nessa missiva, relata-lhe que encontrou a filha de ambos e que está a ser pelo casal Christie, acrescentando que Archie planeia deixar a esposa e casar consigo. Além disso, informa-o de que planeou tudo, de modo a poder fazer parte da vida de Genevieve, pois é demasiado tarde para a retirar à única família que alguma vez conheceu. Mais, afirma que não ama Archie, mas que não se pode dar ao luxo de o odiar. Ora, a questão que esta confissão levanta é simples: como pode Nan casar e viver com o homem que lhe roubou a filha O seu amor é e sempre foi Finbarr. A resposta é igualmente clara: por amor à filha e pelo desejo de se manter próxima dela para sempre.
    Sábado, 11 de dezembro de 1926: Finbarr pede a Agatha que diga a Nan que Teddy é sua filha e não Genevieve, mas a escritora responde-lhe que a amante de Archie nunca acreditaria em tal, pois sempre foi uma sua obsessão encontrar a sua bebé e aceitar qualquer prova em contrário equivaleria a perder de novo a filha.
    De regresso a Bellefort, Chilton surpreende uma cena estranha entre o casal Race: a esposa lança-se, sorridente e feliz, nos braços do marido, quando dias antes ele a tinha agarrado violentamente pelos pulsos e ela se queixara de que o esposo era bruto e agressivo consigo. Quando se apercebe de que o inspetor os observa, afastam-se abruptamente. Além disso, imediatamente antes desta cena, o Sr. Race apanhara do chão os restos do cigarro que fumara. Quando os espia, pouco depois, embora não ouça as palavras que troca entre si, fica com a sensação de que falam com sotaque irlandês.
    Enquanto isso, Nan sugere a Finbarr que sejam amantes depois de ela desposar Archie. Ele fica incrédulo e, quando a mulher argumenta com o caso da filha, responde-lhe que podiam levá-la para foram de Inglaterra e criá-la como sua. Nan recusa, insistindo em argumentos já apresentados. O diálogo prossegue, com Finbarr a recusar de novo a proposta e a falar na possibilidade de assassinar Archie, que ela não culpa pelo sucedido, antes compreende que ele se limitou a aceitar algo que lhe ofereceram.
    Na designada Mansão Atemporal, Agatha continua a escrever sem parar. Quando o faz, tudo em sua volta desaparece: os esforços para a encontrar, a preocupação de Archie, etc. Só interrompe a atividade no momento em que Chilton a convida para irem aos banhos em Karnak, abertos a homens e mulheres, onde encontram a menina Armstrong. A personagem não demora muito tempo a falar no seu assunto predileto: a morte do casal Marston. E tem uma novidade para contar: a Sr.ª Marston tinha sido freira num orfanato, situado no condado de Cork, na Irlanda. Ou seja, a Sr.ª Marston era nada mais nada menos do que a irmã Mary Clare. Curiosamente, a sogra de Agatha era natural de Sunday's Corner. Agatha e Chilton rapidamente concluem que a assassina é Nan, que finalmente concretizou o que iniciara no convento ao quase estrangular a freira, logo após esta ter dado a sua bebé para adoção. Face às evidências, o detetive mostra-se disposto a perseguir criminalmente Nan, ao contra´rio de Christie, que considera tratar-se de um ato de justiça. As duas pretensas rivais são, afinal, uma espécie de aliadas.
    Segue-se novo regresso ao passado, para dar conta da vida de Bess em Filadélfia, marcada sempre pelo nascimento morto do seu filho, apesar de ter casado com um bondoso que encontrara um bom trabalho como gerente de um estaleiro. Ela, Nan e Fiona correspondem-se regularmente e, numa das missivas que esta última escrevera, a mulher informa as amigas que a irmã Mary Clare e o padre Joseph se tinham apaixonado e renunciado aos votos, pretendendo casar daí a um mês. A lua de mel seria no hotel Bellefort e o futuro casal passaria a usar o nome Marston. Bess e Nan começam a gizar de imediato um plano de vingança.
    Os venenos tinham sido comprados por Nan em duas lojas diferentes de Londres. Pela leitura dos livros de Agatha, ela sabia que o envenenamento era a melhor forma de executar um homicídio rápido e simples e difícil de resolver. Para que tudo desse certo, contaram com o facto de a ex-irmã não as reconhecer, pois para si as raparigas no convento eram todas iguais. Pelo contrário, o padre Joseph reconheceu imediatamente Bess, mas não teve tempo de avisar a esposa. A irmã de Bess, Kitty, e o marido, Carmichael, fizeram-se passar por um casal infeliz inglês, de modo a proporcionar uma manobra de diversão que permitisse a concretização do homicídio: uma grande discussão para chamar e desviar a atenção de todos. Bess - que perdera o bebé depois de se ter sentido mal e ter sido violentada pelo padre com a conivência da irmã, quando esta a conduzia ao quarto para descansar - cravou a seringa no flanco do padre, guardando-a logo de seguida no bolso do vestido. Kitty, fingindo ser enfermeira, colocou-se junto do ex-sacerdote para garantir que estava morto. No bolso, guardava outra agulha a postos para qualquer eventualidade, porém o seu uso não foi necessário. Posteriormente, Bess e o marido partiram para a América, sem saberem que ela já se encontrava grávida de uma menina.
    Da irmã Mary Clare tratou a própria Nan. Levou-lhe uma chávena de chá após a morte do marido ao quarto, que mais tarde limparia de resíduos e impressões digitais. Porém, não foi assim que a matou, antes asfixiando-a com uma almofada. Estes acontecimentos tiveram lugar a 8 de dezembro de 1926.
    No sábado, 11, Agatha e Chilton contam a Finbarr o que tinham concluído sobre o caso dos Marston. O inspetor pretende denunciar os homicidas à justiça, mas Finbarr e a escritora pedem-lhe que aguarde mais um ou dois dias. Enquanto isso, a bibliotecária de Harrogate e uma mulher que trabalha na loja de recordações de Karnak informam a polícia, com poucos dias de diferença, de que tinham avistado Agatha Christie.
    Regressada a ação à Mansão Atemporal, o leitor encontra os quatro reunidos no salão. Finbarr relata a Nan as conclusões de Agatha e Chilton, e a mulher narra-lhes os eventos ocorridos no convento, ocultando, porém, as figuras de Kitty e Carmichael, bem como o verdadeiro nome de Bess e a sua morada. Terminada a narrativa, Nan insta a escritora a confessar que Teddy era Genevieve, o que Agatha faz, afirmando que, como não conseguia engravidar, Archie lhe arranjou um filho. Será verdade? O leitor fica sem saber. Cada um tirará as suas conclusões.
    Ao amanhecer do dia 1, Nan sai da Mansão Atemporal e regressa a Bellefort. Chilton e Agatha decidem regressar também ao hotel, ele para ir buscar os seus pertences e ela para lhe fazer companhia. Nesse exato momento, chegam o inspetor Lippincott e Archie e inspecionam o registo de hóspedes, onde o segundo rapidamente reconhece a caligrafia da esposa. Pouco depois, surpreendem o casal a descer a escadaria o hotel. Nan, por sua vez, aproveita a confusão e foge do hotel num carro de polícia. Entrementes, Chilton convence a dona do hotel a dizer que Agatha Christie esteve todo o tempo em que se encontrou desaparecida no hotel Bellefort e, depois, anuncia a todos que a Sr.ª Marston tinha assassinado o marido e suicidado-se de seguida.
    Agatha regressa a casa com o marido, enquanto Chilton sobe ao quarto, onde encontra um bilhete que a escritora deixou para ele, que reza simplesmente o seguinte: "Por favor, trata da minha máquina de escrever e, mais importante, dos meus papéis. O meu trabalho deve ser-me devolvido discretamente e o mais depressa possível".

    Ano: 1928. A reconciliação entre Agatha e Archie não durou. A escritora partiu e levou consigo Teddy, que mais tarde enviou de volta para Styles, durante um ano, enquanto viajava, sozinha, para fazer a primeira de muitas viagens a bordo do Expresso do Oriente.
    Finbarr regressou a Ballycotton. Anos volvidos, casou com uma rapariga irlandesa, de quem teve três filhos, antes de morrer, jovem, vitimado por um cancro nos pulmões, causado pelo gás-mostarda da guerra.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...