quarta-feira, 16 de julho de 2014
"Porque" ou "por que"
A frase correta seria «Rui Reininho explicou ao Sol e ao Jornal de Notícias POR QUE razão abandonou...».
A explicação encontra-se aqui.
terça-feira, 15 de julho de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
domingo, 13 de julho de 2014
Final do mundial de futebol 2014
Seleção do Brasil de 1982, ou a arte como jamais se viu
quarta-feira, 2 de julho de 2014
segunda-feira, 30 de junho de 2014
terça-feira, 24 de junho de 2014
A função pública e a austeridade, uma relação que resiste ao tempo
segunda-feira, 23 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
O rigor do Ministério da Educação e Ciência
«A frase que os alunos do 12.º
ano tiveram de classificar na questão 2.3 do grupo II do exame nacional de
Português pode não pertencer a Lídia Jorge, como admite a própria escritora e
autora de pelo menos a maior parte do texto, originalmente publicado na revista
Camões.
(...)
No exame, o texto publicado no
grupo II é atribuído a Lídia Jorge. Este sábado, no entanto, a escritora,
quando contactada pelo PÚBLICO, admitiu não estar absolutamente certa de ter
escrito as duas últimas frases do testemunho analisado pelos alunos do 12.º ano
e originalmente publicado na página 108 da edição da revista Camões n.ºs 9-10,
de Abril-Setembro de 2000. Já Almeida Faria, que escreveu igualmente sobre Eça
de Queirós um texto publicado na página 107 da mesma revista, assegura ter “a
certeza absoluta de que as duas frases são” da sua autoria.»
(c) Público
quarta-feira, 18 de junho de 2014
"Não gosto do brasileiro", Alexandre Martins
A minha rua estava deserta. Horas
antes daquele jogo, o esqueleto, o peco, o bijas e outros ranhosos como eu
tínhamos ocupado os nossos lugares cativos no passeio para arrasarmos aquela
ideia estúpida de que no futebol tudo pode acontecer: o Brasil ia ganhar à
Itália e não se falava mais nisso.
Eles tinham o calcanhar de Sócrates, os passes de Falcão e a
força de Leovegildo Lins da Gama Júnior, ou apenas Júnior – um defesa que
também jogava no meio-campo e que foi obrigado a resumir a imponência do seu
nome completo a um modesto apelido só para caber nos cromos da Panini. Todos
eles eram Zico dos pés à cabeça.
E nós, na Rua 3, tínhamos o
esqueleto, o peco, o bijas e outros ranhosos como eu, à falta de uma selecção
portuguesa para apoiar nesse Mundial. E também tínhamos o brasileiro.
Nascido em Angola e neto de portugueses, foi parar à minha
rua da mesma forma que quase todos nós tínhamos ido parar à nossa rua. Mas isso
era coisa de adultos: eles ainda discutiam se o Mário Soares era bom ou era
mau, e nós discutíamos se o Serginho tinha lugar na selecção do Brasil. (É
claro que não tinha).
O certo é que todos nós também
éramos Zico. Uns nos pés, outros na cabeça, outros só quando adormeciam e
começavam a sonhar.
Os pés do Zico eram do peco, que
fintava toda a gente, ia lá à frente marcar um golo e ainda regressava a tempo
de fintar a própria sombra; o esqueleto ficou com a cabeça, que levantava para
ver onde ia pôr a bola enquanto rodopiava sobre si mesmo e nos mantinha à
distância com os longos braços.
Eu estava no meio, só que no meio errado: tinha a precisão
de passe do peco e a fantasia do esqueleto, precisamente a soma dos zeros de
cada um deles. (Ainda hoje me gabo de ter sido a criança magra que mais vezes
foi à baliza em toda a história do futebol de rua).
Mas agora a minha rua estava deserta.
Por um qualquer fenómeno que ainda hoje resiste às leis da ciência e aos
mistérios da religião, o Brasil acabara de perder com a Itália, em Espanha, e
tudo na minha rua ficou diferente. Nem a rulote do Nando, que vendia as
melhores pastilhas Gorila de Portugal, voltou a abrir nesse dia.
Eu e os meus amigos tínhamos
acabado de receber a primeira lição de vida através do futebol. Uma lição que
ainda hoje me acompanha sempre que me levanto da cama: faças o que fizeres,
nunca vistas de amarelo.
Mal acabou o jogo, os pais do
brasileiro pegaram nele e foram morar para o Brasil. Há quem diga que passaram
quatro anos entre uma coisa e outra, mas não é essa a recordação que eu tenho
da mentira que contei na frase anterior.
Eu, o esqueleto e o brasileiro
éramos os melhores amigos. Separar aquele grupo foi como arrancar o Zico ao
Sócrates e ao Falcão. Ainda hoje falo sobre futebol com o esqueleto, que perdeu
o direito à alcunha em meados da década de 1990. Mas não falo muito com o
brasileiro porque já não gosto dele. Não gosto do brasileiro porque ele se foi
embora.
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