quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
Acentuação: "perú" ou "peru"?
A palavra tem ou não acento gráfico?
A grafia correta do vocábulo é "peru", ou seja, não acentuada graficamente.
As palavras agudas terminadas em u não necessitam de acento: peru, caju, urubu, cru, tabu, menu, nu, etc.
Vide aqui [acentuação].
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
"Salada de fruta" ou "salada de frutas"?
Como se deve dizer: "salada de fruta" ou "salada de frutas"? A fruta deverá ser colocada no singular ou no plural? Ou ambas serão aceitáveis?
A forma correta é salada de fruta, portanto no singular.
De facto, a palavra «fruta» é um nome coletivo, ou seja, designa, no singular, um conjunto de frutos.
Por esse motivo, devemos dizer "salada de fruta"-
domingo, 13 de janeiro de 2019
Conceção da História e método historiográfico de Fernão Lopes
. Fernão Lopes, na sua obra,
apresenta uma conceção original de História, tanto em relação à tradição
historiográfica como aos autores contemporâneos.
. Antes dele, todos os textos
que se reportassem a acontecimentos do passado, independentemente de serem lendas,
contos tradicionais, romances de cavalaria e narrativas de crónicas e de livros
de linhagens, eram aceites como relatos históricos sem que a sua veracidade fosse averiguada.
. A experiência profissional de Fernão Lopes como notário e arquivista
não só lhe incutiu a consciência da necessidade de fundar a verdade histórica num documento escrito, como também lhe
proporcionou o acesso a documentos
escritos e a testemunhos orais,
que, caso contrário, lhe estariam vedados.
. No prólogo da Crónica de D. João I, o cronista expõe o
seu ponto de vista sobre o trabalho do historiador, descrevendo o método utilizado para tentar manter a imparcialidade:
1. Recolher informação de numerosos testemunhos escritos, de modo
a assegurar o rigor dos factos
históricos avançados;
2. Apesar de seguir a
historiografia anterior no processo de elaboração do texto, procedendo ao corte
e montagem de textos de outros autores, sujeito as fontes a uma análise
criteriosa, procurando verificar qual seria a mais verosímil ou a mais adequada
à lógica interna dos factos; verificou também a verdade desses testemunhos escritos através do seu confronto com
documentos oficiais.
sábado, 12 de janeiro de 2019
"Adesão" ou "aderência"?
Este é mais um daqueles casos de frequente confusão (e consequente uso errado) entre duas palavras e seu(s) significado(s), tidas por vezes como sinónimas(os), já que ambas exprimem a ideia de ligação, só que em contextos diferentes. Foi o que sucedeu a quem digitou o texto acima reproduzido.
O nome adesão provém da forma latina "adhaesione" e significa "concordância", "aprovação", "apoio a uma causa", "união", "acordo", "manifestação de solidariedade", podendo ser utilizada em expressões deste género: adesão a um tratado, adesão a uma ideia, adesão a um partido político, adesão a uma moda, adesão a um desporto, adesão a um modo de vida, adesão a um princípio, etc.
Normalmente, este termo é utilizado em relação a pessoas: A adesão dos sócios à campanha foi extraordinária.
O vocábulo aderência provém da forma latina "adhaerentia" e designa "a qualidade do que é aderente", a "ligação de superfícies" ou a "ligação de uma substância a outra".
O termo é usado em expressões do género "a aderência dos pneus", "a aderência do pó aos móveis", "a aderência da sujidade à pele": A polícia desconfia da aderência dos pneus ao pavimento.
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
O leixa-pren da cantiga de amigo
▪ O leixa-pren
aproxima-se das desgarradas populares (ou cantigas ao desafio) e consiste em
começar cada estrofe repetindo o último verso de uma estrofe anterior.
▪ O 1.º verso do terceiro
dístico retoma o 2.º verso do primeiro dístico = o 2.º verso da 1.ª estrofe é o
1.º verso da 3.ª estrofe – acrescentando um verso novo.
▪ O 2.º verso do quarto
dístico retoma o 2.º verso do segundo dístico e repete, com variação, o 2.º
verso do terceiro dístico = o 2.º verso da 2.ª estrofe é o 1.º verso da 4.ª; e
assim sucessivamente.
▪ A progressão do
pensamento verifica-se apenas no 2.º verso das estrofes ímpares.
Através do
paralelismo perfeito, é possível construir uma composição de 6 estrofes e 18
versos em que apenas há 5 versos semanticamente diferentes, incluindo o refrão.
sábado, 5 de janeiro de 2019
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Origem da letra A
A vogal A, a primeira e a mais usada letra do nosso alfabeto, provém do grego alfa.
Até chegar ao latim, é provável que tenha passado pelo etrusco, mas é inquestionável que o herdámos dos helénicos.
No entanto, a origem da sua configuração, do seu desenho, reside nos Fenícios. De facto, o nosso A era uma letra fenícia, o aleph, que significava touro:
Se virarmos o desenho da letra ao contrário, obteremos isto:
Imaginando que as duas pernas do A são dois chifres, é relativamente fácil «ver» ali um touro. Mais: o "aleph" sugere, quase na perfeição, um touro virado para a esquerda:
E onde terão ido os Fenícios buscar este desenho? Muito provavelmente aos hieróglifos egípcios.
Este touro em Lascaux não é escrita, pois esta surgiu apenas quando começámos a associar o desenho ao som e não ao próprio objeto representado por ele.
É esse o princípio de qualquer sistema de escrita: se o desenho de um touro representava um touro, a certa altura começou a representar a palavra «touro» e, com mais um salto, o som da palavra - tanto que, se os mesmos sons quisessem dizer também outra coisa qualquer, podíamos usar o mesmo desenho.
Durante milénios, a larguíssima maioria da população não fazia ideia de que letra esta esta, mas o som está nos lábios de todos.
Mas, já agora, qual era o som do aleph fenício? Já era o nosso A? O som original seria o de uma oclusiva glotal, um som que não existe em português (uma paragem do som na garganta, que ouvimos no árabe, por exemplo).
O alfabeto fenício não tinha um símbolo próprio para o A. Os gregos, com uma língua cheia de vogais, precisavam de um símbolo para esse som. Foram então buscar o aleph fenício, que deixou de ser uma consoante e passou a representar a vogal que hoje conhecemos.
Na nossa cabeça, a ligação entre som e os rabiscos que usamos para o representar é tão forte que é difícil dizer A sem pensar num A. Para nós, a associação entre o som e o grafema / a letra é natural.
No entanto, o som podia ser representado por outro símbolo qualquer, como aliás acontece em línguas como o georgiano, arménio, japonês... Não há nada na natureza do som A que o ligue a este desenho de dois chifres virados ao contrário.
O som A é apenas uma vibração particular do ar criada pelas cordas vocais, pela língua e pelos lábios. Depois, há milénios, na Grécia Antiga, começámos a usar o desenho de um touro para representar este som.
Este touro em Lascaux não é escrita, pois esta surgiu apenas quando começámos a associar o desenho ao som e não ao próprio objeto representado por ele.
É esse o princípio de qualquer sistema de escrita: se o desenho de um touro representava um touro, a certa altura começou a representar a palavra «touro» e, com mais um salto, o som da palavra - tanto que, se os mesmos sons quisessem dizer também outra coisa qualquer, podíamos usar o mesmo desenho.
Durante milénios, a larguíssima maioria da população não fazia ideia de que letra esta esta, mas o som está nos lábios de todos.
Mas, já agora, qual era o som do aleph fenício? Já era o nosso A? O som original seria o de uma oclusiva glotal, um som que não existe em português (uma paragem do som na garganta, que ouvimos no árabe, por exemplo).
O alfabeto fenício não tinha um símbolo próprio para o A. Os gregos, com uma língua cheia de vogais, precisavam de um símbolo para esse som. Foram então buscar o aleph fenício, que deixou de ser uma consoante e passou a representar a vogal que hoje conhecemos.
Na nossa cabeça, a ligação entre som e os rabiscos que usamos para o representar é tão forte que é difícil dizer A sem pensar num A. Para nós, a associação entre o som e o grafema / a letra é natural.
No entanto, o som podia ser representado por outro símbolo qualquer, como aliás acontece em línguas como o georgiano, arménio, japonês... Não há nada na natureza do som A que o ligue a este desenho de dois chifres virados ao contrário.
O som A é apenas uma vibração particular do ar criada pelas cordas vocais, pela língua e pelos lábios. Depois, há milénios, na Grécia Antiga, começámos a usar o desenho de um touro para representar este som.
O artigo original, da autoria de Marco Neves, pode ser encontrado aqui [ncultura].
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
Fonema e grafema
O fonema é a unidade mínima de som de uma
língua que, ao comutar com outras unidades no mesmo contexto, permite
distinguir palavras.
Ao
pronunciarmos, por exemplo, as palavras “bem”
e “vem”, para as distinguirmos, não
podemos trocar o b pelo v, caso contrário provocamos a não
distinção dos significados.
Se
tomarmos o elemento –io, a comutação
dos fonemas t, f, p permite que produzamos
três palavras diferentes: tio, fio, pio.
Podemos,
assim, concluir que a comutação de um destes elementos fónicos mínimos
existentes numa palavra pode ser suficiente para originar uma outra com
significado próprio.
A representação gráfica dos fonemas é
feita por grafemas ou letras. Geralmente, a cada fonema
corresponde uma letra, todavia nem sempre há uma relação direta entre fonema e
grafema, podendo haver diferentes situações:
1.ª) o mesmo fonema pode ser
representado por grafemas (letras) diferentes: chave – xaile;
2.ª) um fonema pode ser representado
por duas letras: [∫] → ch → chave;
3.ª) uma letra pode representar mais do
que um fonema: s → casa → saco.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
Caminhada contra a violência sobre a língua
domingo, 30 de dezembro de 2018
Translineação
Quando
escrevemos, por vezes temos de dividir uma palavra com duas ou mais sílabas
através de hífen, ficando parte dela na linha superior e a parte restante na
linha inferior / seguinte.
1. Regra geral
Regra
geral, a divisão da palavra faz-se por silabação,
ou seja, separando as sílabas, respeitando a sua soletração: bas-que-te-bol. Existem, no entanto,
alguns casos especiais.
2. Regras
específicas
2.1. Não são
divisíveis:
a) As vogais que formam ditongo:
. o-ra-ção
. cons-ti-tui
. de-bai-xo
. pon-tei-ro
. a-nui-da-de
. oi-ro
. lei-tão
. lei-te
b) As vogais ou ditongos que ocorrem
depois dos grupos qu ou gu:
. á-gua
. pe-quei
. quan-do
. a-gua-re-la
. quin-ta
c) Os dígrafos ch, nh e lh:
. ca-cho
. o-ve-lha
. ni-cho
. ca-ri-nho
. ra-ma-lhe-te
. mo-cho
. le-nha
. Gui-lher-me
d) Duas consoantes diferentes que
ocorram em início de sílaba (c, g, d,
t, p, b, f, v
+ l ou r):
.abs-tra-ir
. le-tra
. re-pli-car
. re-gra
. lem-bran-ça
. ma-dru-ga-da
Se não há estes grupos, a
divisão faz-se antes da última consoante: abs-tem-ção.
e) Os grupos consonânticos pn, ps e mn:
. pneu-má-ti-co
. psi-có-lo-go
. a-mné-sai
. bí-ceps (NOTA: não há sílaba sem vogal)
f) A sequência de vogais átonas em
sílaba final –ia, –ie, –io, –ao, –ua, –eu, –uo:
. fan-ta-sai
. sé-rie
. ro-do-pio
. Lis-boa
. fa-lua
. té-nue
. vá-cuo
g) O s final de prefixos como bis-,
cis-, dis-, des-, trans-, trans-, quando a sílaba inicial da forma de base começa por
consoante:
. bis-ne-to
. cis-jor-dâ-nia
. des-con-ten-te
. dis-fó-ri-co
. tras-la-da-ção
. trans-la-da-ção
Pode separar-se, porém, o s final dos mesmos prefixos quando a
forma de base começa por vogal:
. bi-sa-vô
. ci-sal-pi-no
. de-sa-li-nho
2.2. São divisíveis:
a) As vogais ou grupos de vogais, que
ocorre em sílabas diferentes:
. co-or-de-na-ção
. sa-ú-de
. mi-ú-do
. en-sai-os
. cai-ais
. cons-tru-i-a (dois hiatos contíguos)
b) Duas consoantes iguais (consoantes
dobradas) (1) e os grupos sc,
sç, xc (2):
(1) as-so-ar
ar-ras-tar
co-mum-men-te
con-nos-co
(2) nas-cer
sec-ção
ex-ce-to
c) Duas consoantes diferentes que
pertencem a sílabas diferentes:
. fac-to
. ob-ter
. pac-to
. pal-ma
. ab-so-lu-to
. Se um hífen
coincide com o fim da linha, deve repetir-se no início da linha seguinte:
- guarda-/-roupa
- grão-/-de-bico ou
grão-de-/-bico
. Deve evitar-se deixar uma só vogal
na partição da palavra, isto é, em final e em início de linha.
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