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sábado, 15 de outubro de 2022

Análise do capítulo XXVI de Iracema


     Poti e Martim partem sem avisar Iracema, embora lhe deixem um sinal, que é muito importante, porque é em função dele que se vai processar toda a vida de Iracema, que espera, ansiosa, a chegada do seu esposo.
    Mas também importante neste capítulo é o regresso da jandaia, que simboliza a infelicidade de Iracema, que se começa a fazer sentir  mais nítida e forte; pode este regresso ainda ser visto como um retorno ao tempo em que ela não tinha preocupações. Apesar de Iracema sentir saudades da sua pátria, não se arrepende da sua decisão. Dá-se uma caracterização positiva e idealizada da jovem, que mantém sempre a mesma dedicação. Embora consiga um período de felicidade completa, ele é breve porque os sacrifícios que tem de fazer não compensam e ela começa a sentir-se só. A felicidade é quebrada pela dualidade de Martim entre a saudade da pátria e o desejo.

Análise do capítulo XXV de Iracema


     Aqui tudo se altera: é o princípio do fim. Iracema e Martim começam a afastar-se e não haverá mais qualquer hipótese de aproximação. Um dos aspetos que transmite essa mudança é o emudecer do canto da jovem índia. Toda a saudade que Martim sentia volta com um ímpeto, após a visão das naus, e não consegue escondê-lo de Iracema, que o sente a afastar-se cada vez mais. Entre este capítulo e o anterior há um grande contraste.

Análise do capítulo XXIV de Iracema


     Trata-se de um capítulo descritivo do processo de indianização de Martim: pintura e vestimenta de índio. Esta pode ser uma atitude resultante de uma aproximação espiritual a Poti e não apenas física.
    Estamos na presença de um capítulo em que se transmite uma imagem de completa felicidade, como no anterior. Isto acontece porque Iracema e Poti sentem Martim mais próximo deles. Ela sente que ele está dentro do seu universo e está feliz, porque não precisou desligar-se totalmente da sua cultura, mas foi Martim que foi ao encontro dela. Porém, será que esta aproximação de Martim não passa apenas de uma capa?

Análise do capítulo XXIII de Iracema


     Ocorre a descrição das atividades diárias de Martim, Poti e Iracema, que se sentia feliz, porque tinha o seu amado junto de si e porque se afastara da tribo inimiga de seu povo: a jovem ocupava-se da colheita dos frutos; os dois homens da caça e da pesca.
    Iracema fica grávida e cumpre um ritual do seu povo, cingindo a cintura, o colo e os seios de flores de maniva, símbolo da fecundidade. Transmite-se uma imagem de felicidade. Mais uma vez a fala de Poti é reflexo da sua sabedoria e da importância que se atribui ao índio. O seu discurso é muito sábio, prezando o valor da fidelidade, amizade e coragem. Pode ainda entender-se como acusação a Martim. Ele sabe da dualidade deste e acusa-o da sua injustiça, pois agora tem tudo para ser feliz: amigo, esposa e filho. Embora Martim se mostre feliz, nós podemos perguntar se essa felicidade será verdadeira.

Análise do capítulo XXII de Iracema


     Terminada a viagem, teve lugar a instalação num lugar caracterizado como calmo. Há uma constante referência a elementos da natureza, costumes, tradição e história da tribo, através da voz de Poti. Ele refere ainda um avô e vai visitá-lo juntamente com os seus amigos.
    Também aqui encontramos presságios, que, aliás, são constantes ao longo do romance. A imagem do "gavião branco junto da narceja" mostra a sobreposição de uma raça sobre a outra. Se no aspeto da força são os brancos que se sobrepõem, no aspeto ideológico é o índio. Esta imagem diz respeito à opressão do branco sobre o índio. Sendo estas as últimas palavras do velho antes de morrer, ganham um poder premonitório.

A inflação


Joe Heller

Análise do capítulo XXI de Iracema


     Este capítulo começa pela descrição da natureza e dos costumes da viagem. Esta acontece, porque Martim sente que Iracema se devia afastar daqueles que eram inimigos do seu povo, para não estar tão triste. Mas progressivamente Martim começa a afastar-se de Iracema e Poti; sente necessidade de estar só, o que é reflexo da sua dualidade: saudade da pátria e amor por Iracema. Esta sabe o que se passa, apesar de ele se calar na sua presença.

Análise do capítulo XX de Iracema


     Temos uma descrição da natureza, dos sítios por onde passavam e da vida do dia a dia e dos seus costumes. Iracema continua com o seu coração dilacerado pelo conflito entre a dor motivada pelo afastamento da sua tribo e o amor por Martim, que tudo compensa e que a há de perder. Esta situação de dependência é perigosa, sobretudo quando o herói é um herói romântico, que não sabe o que quer. As imagens que caracterizam Iracema ligam-se à terra, enquanto as de Martim se ligam ao mar, que representa a sua saudade e anseio. Iracema sente a alegria com que Martim revê a praia e, ao mesmo tempo, sente toda a fatalidade que irá cair sobre ela.
    Se até ao capítulo XV, houve um progresso de união entre ambos, a partir do momento em que essa união se concretiza, inicia-se um processo inverso de separação que se começa a evidenciar aqui.

Análise do capítulo XIX de Iracema


     Este é o capítulo mais simbólico. Poti oferece o seu cão a Martim como elemento de ligação entre ambos e este abraça a jatobá, a árvore que viu nascer Poti, como forma de cimentar essa amizade. São dois elementos simbólicos da fidelidade.
    É também curiosa a imagem que nos é dada de Iracema: é uma imagem muito poética, suave e dotada de uma certa melancolia. Ela aparece sempre descrita como um elemento pequeno: uma ave. Se o jatobá e o cão constituem elementos simbólicos da amizade entre Martim e Poti, Iracema aparece como um terceiro membro desse triângulo. Há uma justaposição da amizade de Martim por Poti à fidelidade que o liga agora a Iracema.

Análise do capítulo XVIII de Iracema


     Neste capítulo, dá-se a narração da luta entre os tabajaras e os pitiguaras, que saem vencedores. Iracema acompanha Martim como esposa, mas sofre com o conflito entre o que sente pelo guerreiro branco e o sentimento de traição à sua tribo que se começa a apoderar dele. É um espinho que nela começa a picar: "Os olhos de Iracema, estendidos pela floresta, viram o chão juncado de cadáveres de seus irmãos... Aquele sangue, que enrubescia a terra, era o mesmo sangue brioso que lhe ardia nas faces de vergonha." Isto ajuda a caracterizar mais uma vez Iracema como esposa fiel. Ela é valorizada pela sua coragem e pelo seu sentido de sacrifício.

Arábia Saudita reduz a produção de petróleo


John Darkow

 

Análise do capítulo XVII de Iracema


 Essa expectativa é quebrada neste capítulo. Iracema revela o que tinha acontecido e assume as consequências, isto é, o afastamento da sua tribo. Martim não sabe como reagir, mas os seus atos são sempre dirigidos pelo seu sentir. Em Martim, há que separar o nível emocional e o racional.
    A fala de Poti sobre o amor é importante, na medida em que pensa que o amor é como o cauim, etc. É uma imagem que corresponde a uma linguagem que não é típica do índio, é marcada pelo romantismo europeu.
    A imagem construída de Martim é feita segundo os moldes europeus idealizados. No final do capítulo, ele assume tudo o que aconteceu, a situação e a sua ligação com Iracema - o facto de a considerar como sua esposa.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Análise do capítulo XVI de Iracema


     Há uma descrição de todos os ritos dos guerreiros. A nível de estratégia narrativa, a parte descritiva do capítulo retarda a ação e há uma certa suspensão: espera-se que aconteça algo de importante.
    A seguir a esta descrição, Iracema vai ao encontro de Martim e fogem juntos. De facto, este é um capítulo de suspensão: funciona como um retardamento da ação, criando-se com as descrições uma expectativa no leitor.

Análise do capítulo XV de Iracema


    Este capítulo constitui o centro da obra, pela importância de que se reveste. No início, descreve-se um ambiente de calma, que se opõe ao sentimento interior das personagens. Há um adensar do trágico, algo de indomável que se cria.
    Se o início era de ambiente de calma, em todo o resto do capítulo há um adensar do trágico, até se atingir o clímax. Iracema, segundo as leis da sua tribo, não podia ser possuída por Martim e é nesse sentido que se adensa o trágico. Martim age inconscientemente; só o ato de Iracema é voluntário e consciente. A única forma de ele ser feliz com Iracema é no sonho e é por isso que ele pede a bebida.

Análise do capítulo XIV de Iracema


     Irapuã aproveita o facto de os outros estarem bêbados, para satisfazer os seus desejos de vingança. Um aspeto que caracteriza positivamente Martim é o reconhecimento do que Iracema faz por si. Por outro lado, ele começa a confiar mais nela e a aceitar os seus conselhos.
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