1. Introdução
sexta-feira, 6 de junho de 2025
Trump e Putin e o Bastardistão
1. Introdução
sábado, 31 de maio de 2025
Trump e Putin a brincar com o fogo da guerra
Este cartune, de forte teor crítico e simbólico, retrata os
líderes Donald Trump e Vladimir Putin, respetivamente dos Estados Unidos e da Rússia, em trajes primitivos, agachados ao redor
de uma fogueira onde arde uma espécie de rolo de madeira das cores da Ucrânia com a palavra “Ukraine”, numa cena que evoca
o homem pré-histórico, fazendo uso do fogo no interior de uma caverna (sugerida
pelo fundo da imagem escuro) para cozer alimentos. A cena é carregada de ironia
e simbolismo político, aludindo diretamente ao conflito entre a Rússia e a
Ucrânia, mas também à postura ambígua dos Estados Unidos em relação ao mesmo.
Donald Trump aparece a segurar um pau com um pombo branco (símbolo da paz) preso na ponta, que está a assar diretamente sobre
o fogo. O pombo transporta no bico um ramo de oliveira verde (símbolo da esperança e da vida), reforçando a imagem da
paz ameaçada. Ao mesmo tempo, Trump dirige-se a Putin com a frase: “Vlad, don’t
play with fire!” (“Vlad, não brinques com o fogo!”). Esta fala metafórica
comporta uma pesada carga de ironia, pois ele próprio está a contribuir
ativamente para o agravamento do conflito, demonstrando uma hipocrisia
implícita — alerta o outro para o perigo enquanto pratica uma ação igualmente
incendiária.
Putin, por sua vez, é representado com uma expressão feroz e
uma postura agressiva, lançando mísseis em direção ao lume. A sua atitude deixa
claro o papel ativo da Rússia no conflito (o iniciador e instigador), reforçando a ideia de que está a
alimentar intencionalmente as chamas da guerra.
A imagem do fogo, símbolo universal de destruição, violência
e descontrolo, representa aqui a guerra na Ucrânia. Recordemos que o seu domínio foi uma das maiores conquistas da humanidade, símbolo de poder e
sobrevivência. Neste cartune, o fogo é usado para “cozinhar” a paz,
representada pelo pombo, o que sugere que esses líderes ainda lidam com os
conflitos de forma bárbara, destrutiva e impulsiva, como se estivessem
presos a uma mentalidade arcaica. Por sua vez, o toro com a inscrição “UKRAINE”
funciona como base da fogueira, indicando que é este território o foco da
destruição e da disputa de poder entre as grandes potências.
Ambos os líderes estão infantilizados e caricaturados, com
corpos desproporcionais e em trajes ridículos, o que pode ser interpretado como
uma crítica à sua falta de maturidade e responsabilidade, bem como à ausência
de racionalidade que os caracteriza. Esta escolha estética sugere que, apesar
do poder que detêm, comportam-se como crianças inconscientes das consequências
das suas ações.
Em suma, o cartune utiliza o humor negro e a caricatura para expor a incoerência e a irresponsabilidade dos líderes mundiais perante um conflito de grande escala. Ao apresentar Trump como alguém que parece apelar à paz enquanto participa na sua destruição e Putin como o instigador ativo da violência, a imagem comporta uma crítica contundente: a paz está a ser sacrificada por egos políticos, jogos de poder e atitudes que, embora envoltas em discursos oficiais, são profundamente destrutivas. É uma representação visual poderosa da complexidade e da tragédia geopolítica contemporânea.
domingo, 25 de maio de 2025
domingo, 18 de maio de 2025
domingo, 11 de maio de 2025
Benfica é campeão nacional em baquetebol feminino
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Benfica é campeão de voleibol feminino
sábado, 3 de maio de 2025
sexta-feira, 2 de maio de 2025
"Amor, co'a esperança já perdida", análise do poema de Camões
Este soneto, com rima interpolada e emparelhada nas quadras e interpolada nos tercetos, segundo o esquema rimático ABBA / ABBA / CDE / CDE, e versos decassilábicos sáficos (vv. 8 e 10) e heroicos (os restantes), aborda o tópico navigium amoris, herdado dos poetas gregos e latinos, ou seja, o amor – personificado enquanto divindade – é como um mar tempestuoso, o mar das paixões amorosas, em que se debate o barco que simboliza o amante.
O «eu» poético dirige uma apóstrofe ao Amor personificado, comunicando-lhe ter visitado o seu templo depois de ter perdido a esperança por ter ficado sem o seu amor. Segundo Faria e Sousa, Camões cantou as esperanças de duas formas: “la primera por las finezas de sus amores que dulcemente cantava; la segunda la de sus cantos celebrando la Patria y los Heroes della”. Neste soneto, o poeta recorre à renuntiatio amoris como motivo principal, construída sobre a metáfora do naufrágio amoroso. A primeira quadra versa precisamente sobre a representação do motivo do ex-voto,isto é, o sofrimento amoroso é comparado a uma tempestade da qual o marinheiro foi salvo e, por isso, leva as suas oferendas ao templo como agradecimento à divindade que o salvou. A fonte de inspiração de Camões foi a ode 5 do livro I de Horácio. Por outro lado, além deste soneto, ele aborda o mesmo tópico noutros poemas, como, por exemplo, “Como quando do mar tempestuoso”. Camões, neste soneto, apresenta a oferta do ex-voto não no formato de roupas, mas sim a própria vida. Por outro lado, se Horácio e Garcilaso, nos seus poemas, agradecem por ainda estarem vivos e livres desse amor, o poeta português doa a sua “alma, vida e esperança”, lamentando o facto de ainda estar vivo, e queixando-se da privação desse amor.
Apesar do texto fixado por Costa Pimpão apresentar o termo «soberano» no segundo verso, as fontes manuscritas trazem «sagrado», divergência que é entendida por alguns estudiosos como uma correção imposta pela censura, desde logo porque não é o único caso em que aquela modificou o texto de um poema camoniano. De facto, a censura foi uma prática tradicional da Igreja, que, na luta contra a heresia, proibia a publicação de termos pouco ortodoxos, como, por exemplo, tratar como «sagrado» o templo do Amor. Sendo exclusivamente reservado ao uso religioso, esta palavra pertence à lista de vocábulos que foram objeto de censura.
O «eu» poético – aquele que ama – deposita a alma, a vida e a esperança mo templo do Amor, em vez das oferendas comumente dadas aos deuses pelos náufragos como forma de agradecimento. Regra geral, os náufragos seguiam até ao templo dos deuses para agradecer o facto de ainda estarem vivos, porém Camões atua de forma inversa, isto é, coloca o sujeito poético a deslocar-se ao templo para protestar o facto de ainda estar vivo e questiona o desejo de vingança do próprio Amor, que é percebido como entidade hostil, chegando mesmo a afirmar que a maior vingança seria deixá-lo vivo a chorar do que tirar-lhe a vida: “nelas podes tomar de mim vingança; / e se inda não estás de mim vingado, / contenta-te com as lágrimas que choro.” (vv. 12-14).
O sujeito lírico põe a sua vida em vez das oferendas habitualmente feitas, porque já se considerava morto para as pretensões do mundo, em particular as amorosas, ou porque desejava morrer. O nome «vestidos» (v. 4) alude ao facto de o náufrago, depois de escapar ao perigo, pendurar as vestes e outros despojos do naufrágio, como ex-voto, na parede do tempo do deus invocado durante a tempestade em alto mar. Os «vestidos» eram os principais testemunhos de um naufrágio, que eram colocados no templo. Esta passagem do soneto forma uma imagética associada ao tópico do naufrágio amoroso.
A imagem do templo do Amor, presente na primeira quadra, pode assumir três formas diferentes. A mais simples é o templo como igreja, que encontramos, por exemplo, em Malatesta Malatesi. Noutra, templo é usado como metáfora do corpo, nomeadamente da pessoa amada, como sucede com Pietro Bembo ou Bernardo Capello, que assinala as semelhanças entre o templo do Amor e o rosto da mulher amada: as portas são os lábios; o teto é o cabelo louro, que cobre paredes de mármore brancas e vermelhas, isto é, a face; o grande tesouro são as próprias tranças de ouro. Por vezes, o templo refere-se ao coração do amante, dado que guarda o culto e a memória da imagem amada.
Nos dois versos iniciais da segunda quadra, o «eu» poético questiona Amor, perguntando-lhe que mais poderá querer dele, depois de ter destruído toda a glória que alcançara, isto é, o privilégio de ter vivido um amor sublime. O facto de poder desfrutar, ou não, deste amor está no poder da divindade. No momento em que decide retirá-lo, é considerado pelo que ama como um tirano. Os dois versos seguintes, por meio da metáfora e do oximoro, apresentam a recusa do sujeito lírico em “tornar a entrar onde não há saída”, ou seja, num caminho sem saída.
O verso 9 apresenta uma enumeração de três nomes: «alma», «vida» e «esperança», dois dos quais se encontram no primeiro («esperança») e no quarto («vida») da primeira quadra. Esses três nomes designam os «despojos», os restos ou fragmentos do passado. Na prática, os versos 9 e 10 patenteiam o jogo dialético, bem característico de Camões, entre o bem passado (“de meu bem passado”) e o mal presente. Esse bem durou “enquanto quis aquela que eu adoro.” (v. 11), ou seja, enquanto lhe correspondeu amorosamente?
O segundo terceto constitui o clímax do soneto. O sujeito poético, depois de ter oferecido a sua alma, vida e esperança, acaba oferecendo as suas próprias lágrimas – o seu sofrimento, a sua mágoa, a sua dor –, que são para ele mais dolorosas do que a própria morte. Atente-se no recurso ao poliptoto (figura de estilo que faz a alteração flexional de uma parte do corpo da palavra) de “mim vingança” / “de mim vingado”. Note-se que o Amor é representado, nesta composição poética, como uma entidade mítica caracterizada como omnipresente e possuidora de uma natureza vingativa (“destruída / me tens a glória toda que alcancei.” – vv. 5-6; “podes tomar de mim vingança” – v. 12; “não estás de mim vingado” – v. 13). Por outro lado, o texto desenvolve-se num crescendo: nas duas quadras, os verbos encontram-se maioritariamente no passado (pretérito perfeito: «visitei», «passei», «pus»), enquanto os tercetos começam e terminam com os verbos no presente («Vês» e «choro»), o que significa que o futuro está excluído, pois o sujeito poético não consegue libertar-se dessa prisão do Amor, prefere a morte e, portanto, não é capaz de se projetar num futuro.
Ainda relativamente ao segundo terceto, nomeadamente o verso 12, focado no tema da vingança não é caso único na obra camoniana, onde aquele que ama, tendo perdido a esperança, afirma preferir morrer a viver no seu tormento de amor. É o que sucede, por exemplo, no soneto “Se algu’hora em vós a piedade”, no qual Camões declara o seguinte: “tomarão tristes lágrimas vingança / nos olhos de quem fostes mantimento. // E assim darei vida a meu tormento; / que, enfim, cá me achará minha lembrança / sepultado no vosso esquecimento.” Note-se que Camões, além de usar nomes como «vingança», culmina o soneto com o termo «sepultado», indiciando novamente que a morte é a única fonte de liberdade.
terça-feira, 29 de abril de 2025
"O vencedor vencido": análise do poema, de Isabel Gouveia
quinta-feira, 24 de abril de 2025
"Paz": análise do poema de Tomaz Kim
Aqui foi a casa:
Alva a toalha e o pão,
O berço além.
Breve a canção:
Bater de asa
O sorriso de mãe.
Veloz a hora:
Agora,
Só o coaxar noturno e certo
Das rãs,
Enche o campo deserto.
A
segunda estrofe é constituída por imagens que sugerem o domínio do passageiro,
como o exemplifica a alusão à canção breve, símbolo da transitoriedade. Essa
ideia é reforçada pela imagem do “Bater de asa”, que indicia o efémero, o
fugaz, como o tempo e a infância que passam. Também o sorriso da mãe constitui
uma imagem forte que transmite s noções de calor humano, carinho, afeto,
proteção, bem como um sentimento quase sagrado, ligado ao cuidado e à memória
afetiva. Esse sorriso e tudo o que ele simbolizava foi um bater de asa, não foi
duradouro; pelo contrário, foi passageiro – pelo menos, é essa a sensação do
sujeito lírico – e já não existe mais, pois pertence a um passado que já passou
e não voltará. Tudo passou muito rápido, como o bater de asas de uma ave.
A
terceira e última estrofe abre com um verso que retoma o tema central do texto:
a passagem do tempo e a brevidade da vida – “Veloz a hora”. O passado a que se
referiu anteriormente passou depressa. De seguida, através do advérbio de tempo
«agora», salta para o presente, que é um tempo que contrasta com o passado. De
facto, atualmente, não há mais risos, alegria, carinho, proteção, nem vida
doméstica e familiar, que foram substituídos pelo “coaxar noturno e certo das
rãs”. A noite é uma parte do dia propícia à solidão e à reflexão. Essa solidão,
agora, é preenchida apenas pelo som do coaxar das rãs. O ambiente, que outrora
era pautado pela presença humana, hoje é ocupado unicamente pelo elemento
animal. Por outro lado, a alusão ao coaxar dos batráquios remete para um som
constante, repetitivo, monótono, que preenche o silêncio, mas não traz alegria
ou felicidade ao sujeito poético. Em suma, do passado restam apenas as
lembranças, pois agora tudo é solidão, tristeza, monotonia e melancolia.
O poema
fecha com a imagem do “campo deserto”, o que remete para uma imagem de solidão.
Agora, o tempo passou e só resta o som das rãs, num lugar vazio, apenas
preenchido pelas lembranças. Deste modo, o “campo deserto” constituirá uma
metáfora da ausência, do presente esvaziado da presença humana e do afeto,
carinho e amor que antes caracterizava aquele espaço, o que contrasta
intensamente com a imagem da casa evocada nos versos anteriores. Note-se que um
campo pode ser associado a um lugar fértil, aberto à vida, à natureza, porém,
quando é adjetivado como «deserto», passa a significar abandono, silêncio e
solidão. O campo, que antes era habitado, sinónimo de família, amor e
intimidade, preenchido por sons humanos, agora é dominado pelo silêncio humano.
O tempo passou, a vida desapareceu daquela casa, e, presentemente, sobra
unicamente o eco da memória. O adjetivo «noturno», além do já referido, remete
para a noite, para o fim do dia, o que, simbolicamente, simboliza o fim de um ciclo,
a morte e o esquecimento. O adjetivo «certo» significa que o som das rãs é
constante, inaceitável, repetido – ele substitui os sons humanos do passado,
como a voz da música, o som da canção, o riso.
Nesse
contexto, as imagens da “toalha alva”, do “pão”, do “berço” e do “sorriso de
mãe” contrastam com o “coaxar noturno e certo / Das rãs” e o “campo deserto”,
desde logo porque as imagens dos dois tercetos carregam valores simbólicos de
acolhimento, alegria, calor humano, afeto, memória afetiva e pureza. A “toalha
alva” simboliza as ideias de limpeza, ordem, cuidado, enquanto o “pão” remete
para a nutrição, a vida e a comunhão familiares. O “berço” associa-se
claramente ao tempo da infância, da origem da vida e do amor protetor. Por seu
turno, o “sorriso de mãe” representa ternura, proteção, ideias sugeridas pela
figura materna. Tudo isto trabalha para construir uma imagem de aconchego,
proteção e vida familiar e íntima, onde há afeto e relações humanas. Pelo
contrário, o “coaxar noturno e certo das rãs” e o “campo deserto” associam-se a
outro universo simbólico. De facto, esses elementos representam a natureza
impessoal, que continua o seu percurso após a partida dos seres humanos,
levados pela morte. O som das rãs é repetitivo, monótono, quase mecânico,
opondo-se ao da canção, alegre, e à espontaneidade do sorriso materno. Por sua
vez, o campo deserto é um espaço aberto, sem limites e sem proteção, silencioso
e solitário, contrastando com o lar fechado, íntimo, familiar e seguro que constituía
a casa da infância. Este contraste traduz a passagem do tempo – desde logo
sugerida pela estrutura fragmentada do poema (os versos curtos e a ausência de
pontuação) – que tem como consequência a perda de uma presença afetiva e a
transformação do espaço vivido em espaço de memória.
O título
do poema, tendo em conta que o texto evoca tanto a memória de um passado alegre
e afetuoso quanto o vazio e a desolação do presente, pode parecer curioso. Por
um lado, pode representar a paz que surge como a solidão e o silêncio após as
mudanças ocorridas por efeito da passagem do tempo, ou seja, o presente é
desolador, mas, ao mesmo tempo, é silencioso, calmo. Tratar-se-á da paz de um
espaço desabitado, hoje de contemplação após a passagem do tempo, ou a paz num
sentido fúnebre ou espiritual, quer dizer, a que surge com a morte, com o fim
de um tempo, de um ciclo. Por outro lado, o título pode ser entendido com a
memória de um passado bom. Neste sentido, a casa do passado simboliza uma forma
de paz vivida: havia comida, amor, segurança e proteção. Esta paz vem associada
à simplicidade da vida familiar e quotidiana, ao pequeno e singelo gesto que
perdura na memória. Em suma, o título constitui uma espécie de síntese do
poema: um trajeto do afeto ao silêncio, da vida à lembrança, da presença à
ausência.
Análise do poema "De Amor", de Francisco José Viegas
tenho vontade de recomeçar,
reerguer escombros,
ruínas, tarefas de pão e linho,
não dar
nome às coisas senão o de um vago
esquecimento
abandono. despede-te de mim como
se a vida
recomeçasse agora, não me procures
onde
a memória arde e o destino se
ausenta.
tudo são banalidades, afinal,
quando assim
se recomeça e a vida falha como um
material
solar e ilhéu. levamos poucas
coisas, basta
um pouco de ar, os objetos fixos,
em repouso,
os muros brancos de uma casa, o
espaço
de uma mão. arrumo as malas e os
sinais,
aquilo que nos adormece em plena
tempestade.
A
terceira estrofe – novamente uma quadra, à semelhança da primeira – retoma a
dor, o sofrimento e os acontecimentos das anteriores: “tudo são banalidades”.
Diante do recomeço, tudo se torna banal. Por outro lado, a vida é falha,
frágil, visto que “falha como um material / solar e ilhéu”. A comparação quase
torna a vida algo físico, tangível, e os adjetivos «solar» e «ilhéu» traduzem as
ideias de luz e isolamento, solidão, sugerindo que a vida, embora sendo bela,
comporta esses sentimentos. Afinal, quando uma relação termina, se desfaz, e os
intervenientes se afastam, entram num mundo de solidão, de isolamento, mesmo
que temporário. Perante este cenário, o importante é levar poucas coisas desse
passado, dessa relação que terminou: “levamos poucas coisas”. São suficientes “um
pouco de ar, os objetos fixos, em repouso”, metáforas que indiciam que, no
processo de recomeço, o essencial é o respirar, encontrar a estabilidade e o
equilíbrio.
A última
estrofe – um terceto, tal como a segunda – abre com uma série de metáforas que
prosseguem a enumeração daquilo que o sujeito poético leva do passado: a do
muro branco evoca paz, pureza, ao passo que os muros e a casa traduzem uma
imagem de produção e refúgio; a da mão pode simbolizar o afeto; o ato de
arrumar as malas associa-se à partida, mas também à preparação para algo novo,
enquanto os sinais remetem para memórias, vestígios de algo que existiu,
todavia entretanto terminou, no fundo, “aquilo que nos adormece em plena
tempestade”, isto é, que nos acalma durante momentos conturbados. Pode
tratar-se do amor na sua forma mais serena ou da aceitação da perda.
Em síntese, estamos na presença de um poema que reflete sobre o fim de uma relação amorosa e a resiliência necessária para enfrentar, bem como o processo de recomeço.
domingo, 20 de abril de 2025
A hipocrisia dos vegetarianos
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Análise da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo
I. Biografia de Aluísio de Azevedo
II. Obras de Aluísio de Azevedo
III. Período literário
IV. Ação
. Resumo
. Capítulos
V. Personagens
V.1. Caracterização
1. João Romão
2. Bertoleza
3. Miranda
4. Rita Baiana
5. Estela
6. Léonie
7. Pombinha
8. Jerónimo
9. Piedade
10. Leandra
11. Ana das Dores
12. Dona Isabel
13. Leocádia
14. Zulmirinha
16. Neném
17. Velho Botelho
18. Henrique
19. Agostinho
20. Alexandre
21. Paula
22. Albino
23. Firmo
24. Senhorinha
V.2. O percurso existencial das personagens femininas
V.3. Os tipos sociais e as forças naturais instintivas.
VI. Conclusões
a) Forma
b) Conteúdo