No
Norte de África eram constantes as lutas entre várias fações marroquinas. O pretexto
para a intervenção de D. Sebastião surgiu com a deposição, em 1576, do sultão
Mulei Maamede pelo sultão Mulei Moluco, este auxiliado pelos Turcos. Ora, o
auxílio dos Turcos era uma ameaça para a segurança das nossas costas e para o comércio
com a Guiné, Brasil e Oriente. Por isso, D. Sebastião decidiu apoiar Mulei
Maamede, que nos ofereceu Arzila, e procurou apoio de outros reis. Filipe II veio a retirar-se. Da Alemanha, Flandres e Itália vieram soldados mercenários e auxílio
em armas e munições. Fez-se o recrutamento do exército português, mas
verificou-se muita corrupção, o que fez com que o exército expedicionário, constituído por cerca de 15 000 homens, fosse pouco disciplinado, mal preparado, inexperiente
e com pouca coesão.
D. Sebastião partiu de Lisboa a 25 de
Junho de 1578, passou por Tânger, onde estava Mulei Maamede, seguiu para Arzila e
daqui para Larache, por terra, havendo quem preferisse que se fosse por mar,
para permitir maior descanso às tropas. Seguiram depois a caminho de Alcácer
Quibir, onde encontraram o exército de Mulei Moluco, muito superior em número. A
4 de Agosto de 1578, com o exército esgotado pela fome, pelo cansaço e pelo
calor, deu-se a batalha. Nestas condições, o exército português, pesem alguns
atos de grande bravura, foi completamente dizimado, sendo muitos os mortos, um
dos quais o próprio rei D. Sebastião, que preferiu a morte à fuga, enquanto os
sobreviventes foram feitos prisioneiros. Esta batalha é conhecida também pelo
nome de "Batalha dos Três Reis", pois nela vieram a morrer, além de
D. Sebastião, Mulei Maamede e Mulei Moluco.
O
resultado e as consequências desta batalha foram catastróficos para Portugal. Por um lado, morreu o rei, não deixando sucessor, o que levantou uma crise dinástica e ameaçou a
independência de Portugal face a Castela, pois um dos candidatos à sucessão era Filipe II de Espanha. Filipe veio efetivamente a ascender ao trono em 1580,
após a morte do Cardeal D. Henrique. Por outro, a maioria da nobreza portuguesa que
participara na batalha ou morrera ou fora aprisionada. Por último, para apagar os elevados
resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e
depauperado nas suas finanças.
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