O
quadro “A capoeira” foi pintado pela artista Maria Paula Figueiroa Rego, tendo
como nome artístico Paula Rego, que nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa.
O nome de “capoeira” foi atribuído pela autora por significar, segundo esta, o
espaço da espera, da prisão e da ausência de perspetiva.
O
mundo interno e secreto da mulher é muitas vezes retratado. Neste quadro, esse
ambiente é ricamente representado numa espécie de homenagem à gravidez que
sendo uma das fases da vida exclusivamente femininas. Paula Rego recria
emoções, sentimentos e receios evidenciados nesta etapa, aproveitando para
igualmente retratar os pensamentos e medos que pairavam na cabeça da senhora
representada no quadro.
Neste
quadro, vemos quatro personagens femininas, três das quais têm as mesmas
características faciais, enquanto a restante é, pela expressão facial, mais
velha. Estas três figuras representam a Amélia em três momentos diferentes da
gravidez. No centro do quadro e em grande plano, vemos duas dessas personagens:
a primeira encontra-se sentada e ligeiramente inclinada para a frente, o que
nos indica, devido a esta posição, que a gravidez ainda está no princípio, o
que é reafirmado pelo ar sonhador e calmo da personagem, parecendo que sonha
com o Amaro que a virá salvar daquela “jaula” e com o filho, que será o seu
libertador; a segunda figura encontra-se também sentada, mas agora num cadeirão
mais confortável, com apoio para os braços e sobre a qual está recostada,
deixando bem visível a barriga saliente de uma gravidez já avançada, isto,
conjugado com o facto de ter uma boneca excessivamente pequena no colo, indica
que o nascimento do bebé está próximo. O seu rosto já apresenta sinais de
preocupação, como também simboliza o receio natural de todas as futuras mães.
Num
plano mais afastado, vemos Amélia, já de cabelo solto, a ser ajudada a
levantar-se da cama depois do parto por uma mulher mais velha, a parteira. A
grande referência à obra está no significado dos restantes elementos que
compõem o quadro e sabendo que na obra literária original Amaro mata o seu
próprio filho e Amélia acaba por morrer também, podemos ver no chão do quarto,
num plano próximo do observador, um livro vermelho. À sua frente podemos ver um
pombo moribundo e, sabendo que este animal é usado como correio para o
transporte de notícias, entende-se que a notícia esperada ou já comunicada não
é boa, será antes o aviso de morte, informação confirmada pela conjugação com a
galinha morta que se encontra pendurada no canto superior esquerdo, simbolizando
a morte do bebé, e da própria Amélia, como no texto original. Do ventre redondo
à boneca minúscula, a tela sugere a espera e a morte do filho.
Apesar de o nascimento de uma criança ser, supostamente,
um momento de alegria, neste quadro está representado exatamente o contrário,
pois, apenas vemos expressões e símbolos que nos traduzem morte, dor e tristeza.
Bibliografia:
- http://texere.blogspot.pt/2005/01/capoeira.html
- http://www.infopedia.pt/$paula-rego
- http://members.shaw.ca/eduardobpinto/lilian_pagina_catorze.html
- http://pt.scribd.com/doc/74135255/Analise-Das-Imagens
- http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4768.pdf
- http://opatio.com.sapo.pt/arqmpsite/tx/educacaofamiliar_naobradepaularego.pdf
www.facebook.com/paulafigueiroarego
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