A história de
Quina é uma grande analepse na memória de Germa; dentro desta analepse, há
muitas analepses e prolepses. O discurso segue um movimento de vai-e-vem, é
frequentemente elíptico, fragmentando o tempo. As sucessivas digressões do
narrador desprezam a cronologia normal, os acontecimentos são apresentados de
forma acumulativa e caótica, o que favorece o discurso iterativo, necessário
para recuperar antecedentes de Quina e para ilustrar a vida das personagens e
preencher longas pausas; o discurso repetitivo é também frequente, há
necessidade de retomar muitos acontecimentos deixados em suspensão.
Da fragmentação
do tempo, das sucessivas repetições, cria-se a imagem de uma realidade sempre
em fuga: quando um acontecimento é retomado, quando um objeto é novamente
analisado, há algo de novo, de sempre novo. O leitor é convidado a ir à
descoberta das semelhanças e das diferenças. Procura-se o que está oculto,
procura incessante e nunca acabada.
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