O primeiro quadro da série faz-nos recuar até ao século XVII e a uma sala de aula que eventualmente faria as delícias de alguns pedagogos pós-modernos. Mas também por aqui se percebe que as ideias destes pouco ou nada nos trazem de novo.
Jan Steen, A escola da vila (c. 1670) |
O ambiente na sala é caótico ou, numa leitura mais moderna e otimista do que aqui se observa, cada um aprende ao seu ritmo: uns estudam atentamente, outros põem a conversa em dia; este dorme, outros brincam, aquele lá ao fundo faz palhaçadas empoleirado em cima de uma mesa.
Existem não um mas dois professores na sala, o que demonstra que o par pedagógico não é uma invenção contemporânea. A pedagogia não é diretiva: os professores não dão aula, esclarecem dúvidas aos alunos que querem aprender. Mas a divisão do trabalho deixa algo a desejar: enquanto a professora cumpre a sua tarefa, o seu parceiro entretém-se com alguma coisa que tem entre mãos…
No século XVII, eram raras as escolas que não pertencessem a instituições religiosas. Haveria escolas laicas, geridas por particulares ou comunidades locais, mas a noção de escola pública era inexistente. A sala de aula era um espaço desorganizado, sem mobiliário específico, onde se misturavam crianças e jovens de diversas idades e níveis de conhecimento: dificilmente reconheceríamos nesta imagem os conceitos atuais de turma ou de sala de aula. Não havia qualquer controlo sobre a formação académica dos docentes, as matérias lecionadas ou as práticas pedagógicas usadas.
Eram os filhos das classes trabalhadoras que frequentavam escolas como esta: antes de se afirmar a moda dos colégios internos de elite, alta nobreza e alta burguesia recorriam geralmente a aulas particulares para o ensino dos seus rebentos. Nada que surpreenda: também nos dias de hoje, os mais ativos propagandistas da escola do século XXI raramente a escolhem para a educação dos seus próprios filhos…
Fonte: escolapt
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