1. Por que é que as palmas das mãos e dos pés das pessoas negras são mais claras do que o resto do corpo?
2.1. As personagens do texto são o Professor, um homem pragmático; o Padre, um indivíduo frio e indelicado que justifica a realidade por meio da fé; a Dona Dores, uma mulher preconceituosa e racista, que justifica a realidade recorrendo à sua fá religiosa; o Senhor Antunes, uma pessoa de fé, fantasiosa e bem-disposta; o Senhor Frias, um homem crente e imaginativo; a D. Estefânia, uma personagem prática, que explica a realidade a partir da sua realidade; a Mãe, uma mulher carinhosa, bem-disposta, refletida, de crença religiosa e que defende a igualdade de direitos entre as pessoas de «raças» diferentes; o Narrador, um jovem curioso e insatisfeito.
2.1.1. O processo usado é a caracterização indireta, visto que os traços característicos de cada personagem não são apresentados diretamente pelo narrador ou por qualquer personagem, mas inferidos a partir da sua atuação (comportamento e atitudes) e das suas palavras no decorrer da ação.
2.2. A personagem principal é o jovem que narra a ação, isto é, o narrador.
2.3. O narrador trata as as personagens adultas a quem se dirige ou refere pelas fórmulas «Senhor» e «Dona», que representam um tratamento respeitoso característico de relações em que existe, por exemplo, uma hierarquia etária, como é o caso, ou mesmo social e cultural, exemplificada pelas referências ao «Senhor Professor» e ao «Senhor Padre».
3.1. As palavras e expressões são as seguintes: «não sei», «Lembrei-me», «nós não prestávamos», «os pretos eram melhores do que nós».
3.2. No que diz respeito à presença, o narrador é participante e autodiegético, dado que é uma personagem do texto. Quanto à focalização, aquele adota a perspetiva interna da própria personagem que ele encarna.
3.3. As palavras e expressões que demonstram que o narrador tende a exagerar a sua presençã são as seguintes: «Eu», «me», «nós», etc.
4. À semelhança do que sucede, por exemplo, com o conto tradicional popular, este texto não possui grandes marcas temporais, para sustentar a intemporalidade do tema que aborda, concretamente o racismo e a necessidade da sua discussão.
5.1. O espaço físico é a África.
5.2. No que respeita ao espaço social, predomina no conto a classe média colonizadora.
6.1. As palavras e expressões coloquiais do discurso do Senhor Antunes da Coca-Cola são, por exemplo, «resolveram fazer», «Sabes como?», «Pegaram», «enfiaram-no», «Fumo, fumo, fumo», «escurinhos como carvões», «Pois então».
6.2. O registo coloquial confere verosimilhança ao texto.
7.1. De acordo com a mãe do narrador, os pretos existem por decisão de Deus, para haver equilíbrio na humanidade.
7.2. O uso de reticências nessa fala remete para a omissão da consciência de que a criação de Deus pode ter sido um erro, gerador de racismo.
7.3. A referência insistente a Deus constitui uma marca da fé e crença religiosas características das pessoas de «raça» branca, que colonizaram África, e que se tornou bandeira dos Descobrimentos e da colonização.
8.1. Jogar à bola é uma atividade lúdica, de entretenimento, o que significa que as atividades deste género aliviam o sofrimento.
8.2. O choro da mãe significa provavelmente que a memória do sofrimento, por conhecer a escravatura e o racismo, ou por ter sido vítima dos mesmos, é aceite.
9. A moral do conto aponta para a ideia de que as pessoas não valem pelo que parecem ser, mas pelo que são efetivamente e, sobretudo, pelas suas ações e atitudes.
10. A expressão enfática «é que» sublinha o acaso do surgimento da longa reflexão sobre a cor das mãos dos pretos.
11. O diminutivo constitui uma expressão coloquial de intenção pleonástica, no sentido de vincar uma determinada ideia.
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