Este romance tem um fundamento histórico, apesar de toda a idealização do índio com que deparamos.
Neste início do romance, há aspetos que ressaltam desde logo à vista: lembra um poema; vocabulário romântico e presença constante da natureza.
A apresentação do tempo e do espaço, das personagens e da ação é o que é típico da abertura de um romance. Mas aqui não é isto que acontece. Temos apenas vagas referências ao espaço: Ceará, terra natal do autor. Não há especificação do tempo, por que todos os verbos estão no presente. Não há a noção do tempo, apenas quando quebra o discurso que vinha fazendo para dizer: "Uma história que me contaram nas lindas várzeas, onde nasci à calada da noite...". Logo a seguir retoma o mesmo tipo de discurso poético e vago.
Também a referência às personagens é vaga de tal modo que ignoramos o papel que vão ter na narrativa: cão, criança e um guerreiro branco. O narrador mantém sempre o mesmo tipo de discurso, quebrando-o apenas uma vez. Esta quebra liga-se à importância da oralidade, fator relevante no Romantismo.
Ao nível do discurso, o texto parece um poema em tom de memória e saudade, de melancolia da «doce suavidade», o que favorece o tom poético, que é dado pela linguagem, pelo discurso do narrador e pela forte seleção do vocabulário. Temos ainda uma sensação de suspensão: tudo é referido, mas nada se descobre.
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