Atualmente,
associamos a ideia de uma língua a um determinado território, mas nem sempre
foi assim. De facto, há muitos séculos, as populações viviam em constante
mudança; as línguas estavam ligadas às tribos, mas estas não tinham um
território definido, pois estavam em permanente migração.
Contudo,
há cerca de 12 mil anos, foi inventada a agricultura, o que
permitiu que parte da humanidade se tornasse sedentária e, assim, estivesse
ligada a um território mais ou menos fixo. Esse território podia ser vizinho de
outro, onde vivia outra tribo há mais tempo e que, por isso, tinha uma língua
diferente. Seguem-se invasões, conquistas, línguas que são substituídas pelas
dos invasores, etc. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o latim, os substratos
e superstratos. O latim, aquando da Romanização, impôs-se às línguas
pré-existentes nos territórios conquistados, que acabaram por desaparecer,
deixando, porém, vestígios linguísticos na língua invasora.
Além
disso, mesmo num território onde se fala uma mesma língua a distância entre os
povoados e as pessoas cria diferenças. Os habitantes de uma localidade
compreendem bem os da localidade vizinha, que compreendem bem os da seguinte e
assim sucessivamente. No entanto, se juntarmos os habitantes de duas localidades
bem distantes, é possível que tenham dificuldades em se entender linguisticamente.
Nestes casos, é difícil saber onde começa uma língua e começa outra. É aquilo
que se chama continuum dialectal. Não existem fronteiras marcadas, mas
há uma grande diversidade no território.
Por
outro lado, convém ter presente que a variação linguística não é uma questão
meramente geográfica. Por exemplo, a forma de falar da classe social dominante
de um território, pelo prestígio que possui, pode expandir-se e ir apagando
formas de falar de outros locais ou regiões.
Sucede
também que os centros de poder atraem muitas pessoas, de muitos outros locais,
fazendo com que o seu dialeto particular incorpore características de outros
locais. A forma de prestígio atrai outras formas, roubando-lhes elementos e/ou
apagando aqueles que não são escolhidos para fazerem parte da língua de
prestígio.
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