«O presidente do Conselho Científico (CC) do
Instituto de Avaliação Educativa (Iave), João Paulo Leal, disse [...] que o atual
Ministério da Educação e Ciência (MEC) tem feito “a encomenda dos exames
nacionais”, [...] com a indicação de que se deve “manter a estabilidade nos
resultados” dos alunos “em relação aos anos anteriores, porque socialmente é
difícil de explicar que as notas tenham grandes variações”.»
«Na sua intervenção, Leal [...] explicitou que
aquele organismo “tem feito os exames escolhendo os itens de maneira a que se
repliquem as notas dos exames dos anos anteriores”.»
«Na conferência, [João Paulo Leal] deixou claro
que se podem promover resultados, em média, mais altos ou mais baixos,
alterando, simplesmente, as cotações dos vários itens ou, então, uma ou duas
questões em todo o exame. Apontou como exemplo, duas perguntas de gramática
muito semelhantes para não especialistas, mas que têm variações de acerto que
caem de 12% para 71%, consoante se pede um verbo na negativa ou no condicional.
Da mesma forma, a Matemática, indicou duas questões similares que podem ter
resultados díspares, de 80% ou 40%, conforme a resposta implica um raciocínio
ou dois raciocínios articulados, explicou.»
«“Hoje temos um historial de cinco mil itens a
Português, por exemplo. Se quero que haja notas altas é muito fácil. Pego numa
ou em duas perguntas, substituo-as por outras, aparentemente semelhantes, e a
minha expectativa em relação aos resultados dá um salto de cinco valores”,
sublinhou.»
«Disse, ainda, pensar que “não é segredo para
ninguém que as equipas do Iave que realizam os exames fazem uma estimativa de
que resultados, em média, cada exame vai ter”: “Com uma diferença de mais ou
menos um valor em vinte, acertam em 95% dos casos”, disse, sublinhando que
aquelas equipas “conseguem fazer um exame para a nota que querem”.»
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