Grupo I
1. Entre a Rua Nova dos Mercadores e o portão da quinta, o cravo é transportado por dois homens experientes que, com todo o seu saber e experiência e o máximo de cuidados, fazem uso dos processos adequados para transportarem o objeto até São Sebastião da Pedreira.
Entre o portão e a abegoaria, o cravo é transportado por Baltasar e Blimunda. Porém, como não possuem a experiência dos dois homens neste tipo de trabalho e com medo de danificarem um instrumento tão frágil, viram-se em sérias dificuldades para transportar o cravo até ao seu destino.
2. Com efeito, ao longo do excerto, a música de Scarlatti vai-se articulando com os diferentes trabalhos de Baltasar e Blimunda.
Assim, no dia em que o cravo chegou à abegoaria, o músico procedeu à afinação do instrumento musical. Seguidamente, começou a tocar, encadeando os sons de forma progressivamente mais complexa. Enquanto isso, o par amoroso estava ocupado com trabalhos que causavam pouco ruído (como entrançar vimes e coser velas), não interferindo, portanto, com a música de Scarlatti.
Nas visitas posteriores à quinta, o músico italiano nem sempre pedia que Baltasar e Blimunda parassem os trabalhos ruidosos que realizavam na abegoaria, o que fazia com que o som proveniente do cravo se fizesse ouvir harmonioso, não obstante o barulho causado pela forja, pelo malho a bater na bigorna ou da água a ferver na tinta,
3. O comentário do narrador justifica-se pela surpresa que as palavras de Blimunda e de Baltasar lhe provocam, dado que, sendo eles analfabetos / iletrados, conseguem verbalizar pensamentos tão complexos e elaborados, o que não seria expectável em alguém sem qualquer grau de escolarização. De facto, colocada perante a possibilidade de a passarola voar, Blimunda admite que a música se possa integrar no voo como expressão de harmonia e celebração. Por seu turno, Baltasar, acometido pelas recordações negativas da guerra, prevê a ocorrência de desastres, dor e sofrimento.
4. No poema, a humanização da música decorre de vários aspetos, como os seguintes:
- a sua associação a vivências subjetivas do ser humano ("Povoa este
deserto" - v. 2);
- o facto de ser indissociável da identidade do ser humano ("A música
do ser / Interior ao silêncio / Cria seu próprio tempo / Que me dá
morada" - vv. 8-11);
- o possuir uma voz que é companheira do sujeito poético ("Por
companheira tenho a voz da guitarra" - vv. 15-16).
5. De facto, a música é fundamental na construção da identidade do "eu".
Por um lado, a música tem o poder de unificar o sujeito poético: "O canto me reúne" (v. 18); "E agora de mim / Não me separa nada" (vv. 21-22).
Por outro lado, a música torna possível o reencontro com um tempo primordial e puro: "De muito longe venho / Pelo canto chamada" (vv. 19-20).
Grupo II
Versão 1 Versão 2
1 - B D
2 - C D
3 - A C
4 - C B
5 - B C
6 - D B
7 - B A
8 - "a sabedoria dos odores"
9 - Complemento direto.
10. Oração subordinada adverbial concessiva.