Português

sábado, 2 de novembro de 2019

Coisas do arco da velha

     Coisas do arco da velha são coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas ou inverosímeis.
     A expressão teve origem no Antigo Testamento: arco da velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do tacto que Deus fez com Noé: "Estando arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-ME-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis, ):16).
     Arco da velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.
     Há também várias histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris: beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que a velha poderá ter vindo do italiano "bere"( (= beber).

Atentados e absurdos no ensino do Português: tudo em família

As sucessivas e absurdas alterações no ensino do Português, todas elas marcadas pelo oportunismo, pela ausência de debate, pela ignorância e pela arrogância intelectual, têm-no lesado profundamente.

     A ler com muita atenção este texto de Maria do Carmo Vieira, o qual exemplifica com grande clareza muitas das opções que têm sido tomadas ao longo das últimas décadas no que toca a programas e curricula.

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 12: "O Segredo dos Medalhões"

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Informação-prova do exame de Português - 12.º ano - 2020




     Podes encontrar todas as informações/matrizes das restantes provas nos links abaixo:
          . exames do 9.º ano;
          . exames do ensino secundário.

Informação-prova do exame de Português - 9.º ano - 2020



     Podes encontrar todas as informações/matrizes das restantes provas nos links abaixo:
          . exames do 9.º ano;
          . exames do ensino secundário.

"Sedia-m'eu na ermida de San Simion"


· Assunto: uma donzela formosa espera, na ermida de San Simion, o regresso do seu amigo embarcado. Obcecada pela ideia desse regresso, aliena-se da realidade circundante e só se apercebe de que nem o amigo virá nem poderá fugir dali quando se vê cercada pelas águas do mar (após a maré encher). Só lhe resta então esperar pela morte, crescendo a sua angústia ao pensar que vai morrer sem reencontrar o amigo.


· Tema: a saudade e o desespero, em virtude da demora do amigo.


· Estrutura interna

         O tema desenvolve-se através de um monólogo da donzela, que constitui uma micro-narrativa dos vários acontecimentos que a donzela vive na ermida.




OUTRA DIVISÃO

u 1.ª parte (estr. 1 a 4) - A donzela descreve, num monólogo, a sua situação: obcecada pelo regresso do amigo, a jovem, desesperada, apercebe-se tardiamente da subida da maré, sem ter barca nem marinheiro para fugir às águas do mar.

u 2.ª parte (estr. 5 e 6) - A donzela toma consciência da certeza da chegada da morte.

u Refrão: A angústia e a saudade obsessiva na espera do amigo, pois conclui que vai morrer sem o voltar a ver.



· Esquema-síntese

. ausência do amigo          ü                                        ì. exclamações
          (refrão)                  ï                                        ï. relação morte/juventude
              +                        ý  desespero da donzela      í. jogo dos tempos verbais
. hostilidade do ambiente  ï                                        ï. referência ao impasse
        (caract. do mar)        þ                                        î



· Elementos narrativos do poema

n Acção: a amiga espera o amigo que não chega.

n Espaço: ermida de San Simion, em Val de Prados.

n Tempo: tempo da espera do amigo, coincidente com a subida da maré.

Personagens:   - donzela;
                       - amigo (ausente, mas sempre presente).


· Relação Natureza                       /                     Donzela (estado psíquico)

. ondas que crescem
. maré que sobe
. mar alteroso
. possível afogamento



=
sentimento amoroso
. emoção crescente
. "a maré alta da paixão"
. obsessão amorosa
. angústia de que o amigo não venha / de que não consiga fugir ao arrebatamento amoroso quando ele chegar



· Caracterização da donzela:
- bela
- jovem

NOTAS

         1. Os dois sentimentos que dominam o espírito da amiga são:
                   à o receio de que o amigo não regresse;
                   à o receio de perecer afogada.

         2. Todavia, verdadeiramente o grande desespero da jovem reside na ausência do amigo; ou seja, a possível perda do seu amor é que é realmente a sua perdição, o seu naufrágio na vida. A donzela, nesta cantiga, afinal pressente o seu naufrágio, a saber: o fim da sua relação amorosa. O segundo receio é, pois, metáfora do primeiro.

         3. Os sentimentos da amiga assentam num crescendo de intensidade dramática. De facto, nas duas primeiras coplas, a donzela exprime apenas um receio longínquo, como se tivesse já passado (notar o emprego do passado: sedia-me e cercaron-mi). Na terceira e na quarta copla, a jovem constata que "Non hei barqueiro, nem ar son remador" (notar o uso do presente verbal e do ponto de exclamação, quando, nos versos equivalentes das duas estrofes iniciais, não tinha sido usado, o que revela já a emoção dela perante o perigo), isto é, que o perigo é iminente. Este avolumar da emoção da donzela culmina nas duas últimas coplas, com o uso do futuro a traduzir a certeza da morte: "E morrerei, fremosa, no alto mar".



· Papel da Natureza
. cenário: enquadraria um hipotético encontro amoroso;
¯
. oponente ® realmente: separa a donzela do seu amor e impede o relacionamento amoroso, sendo, portanto, culpada da "morte" da amiga;
 ® metaforicamente: ameaça engolir a jovem.



· Recursos poético-estilísticos

         1. Nível fónico

         A composição é constituída por 6 coplas heterométricas formadas por dois versos (dístico monórrimo) hendecassílabos agudos e dois versos octossílabos graves, obedecendo a rima ao esquema AABB / CCBB / AABB / CCBB / AABB / CCBB, isto é, a rima é toda emparelhada. Temos também rima consoante ("Simion" / "son") e toante ("son" / "remador"), aguda e grave (no refrão), rica ("Simion" / "son") e pobre ("altar" / "mar"). O ritmo é acentuadamente binário, contribuindo para exprimir a cadência das ondas, até porque há uma natural entoação ascendente até ao meio do verso e descendente na segunda metade. Este ritmo, enriquecido pelo paralelismo e que pode traduzir também toda a rápida escalada emocional vivida pela donzela, contrasta com o ritmo do refrão, lento (uso do gerúndio), sugerindo a espera, numa atitude continuada, obsessiva, absorta; por outro lado, pode ainda significar a inutilidade da sua espera ansiosa. Além disso, o refrão repete-se, é iterativo, ao longo do poema e em si mesmo, em cada estrofe, repetição que acentua a ideia de que a grande causa da angústia da donzela é a ausência do amigo. Na última estrofe, o refrão, após o verso "e morrerei, fremosa, no alto mar", sugere que a donzela morria à espera do seu amigo e sem esperanças de o recuperar. A composição é uma cantiga paralelística perfeita, com leixa-prem. De notar que a presença do refrão e do paralelismo aponta claramente para a origem popular das cantigas de amigo, feitas para serem cantadas, algumas delas por dois cantores (repetições paralelísticas, como nas cantigas à desgarrada) e por um coro (refrão). Existem também aliterações, por exemplo em s ("Sedia-m' eu na ermida de San Simion") e de sons fechados e nasais, sugerindo tristeza, e também assonâncias em ô / á.


         2. Nível morfossintáctico

         O uso do ponto de exclamação (frases exclamativas/função expressiva) aponta para a emoção que se começa a apoderar da donzela perante o perigo.
         Há um predomínio de substantivos e verbos que traduzem objectividade e acção. A nível dos tempos verbais, devemos destacar os seguintes:
. o pretérito imperfeito remete para a atitude estática da rapariga na sua longa espera;
. o gerúndio do refrão reforça a ideia traduzida pelo imperfeito e também a obsessão, a ânsia e a angústia da jovem;
. o pretérito perfeito apresenta o facto consumado: "cercaron-mi as ondas";
. o presente revela-nos a constatação, por parte da donzela, da trágica situação em que se encontra e da impossibilidade de salvação no momento presente: "non ei i barqueiro, nem remador!";
. o futuro exprime a antevisão da morte sem encontrar o amigo: morrerei...".
Ou seja, a donzela posiciona-se no presente, refere, através do passado e do gerúndio, a longa espera do amigo e a angústia a ela associada, e prevê o desenlace da situação em que se encontra.
         A nível da adjectivação, é de destacar a expressividade do adjectivo "fremosa", pois permite-nos concluir que o que afinal a donzela receava não eram propriamente as ondas do mar, mas o não regresso do amigo. E ela ali permanecia, frente ao mar por onde ele tinha partido, mas ainda "fremosa", como quando o seduzira. Ou seja, a sua formosura era, afinal, a causa do grande amor e, agora, do grande desespero. O comparativo da penúltima estrofe informa-nos da subida das águas com uma imagem de sentido hiperbólico.
         Além do paralelismo perfeito, encontramos outras formas de paralelismo:
- semântico: "grandes son" / "ondas grandes", ... ;
- anafórico;
- estrutural.
         A função da linguagem predominante é a expressiva:
- os pontos de exclamação / frases exclamativas;
- a adjectivação;
- o refrão;
- a reiteração.
         A ausência de conjunções a estabelecer a relação das orações confere às frases um carácter emocional, adquirido já no facto de serem do tipo exclamativo. As próprias orações subordinadas relativas explicativas, em "que grandes son", pela sua função aproximada de aposto, prolongam o sentido emotivo daquele momento.
         A anáfora, o hipérbato e a reiteração (por exemplo, no refrão) são outros recursos presentes.


         3. Nível semântico

         A gradação é o recurso estilístico mais importante do poema (vide nota 3).
         As ondas do mar funcionam como metáfora. De facto, elas são a causa do seu pânico crescente; mas também significam a paixão amorosa que a levou à ilha e cujas consequências podem ser a morte, mesmo estando "ant' o altar", sob a protecção do santo e do santuário. O medo que as ondas suscitam na donzela é complexo:
® medo de morrer afogada nas ondas ou na própria emoção (ondas da emoção);
® medo de não conseguir escapar ao ímpeto amoroso do amigo se ele chegar, de não resistir à força do amor;
® medo da "maré alta" da paixão que essa chegada representará;
® medo da espera indefinida do amigo, de não chegar e ela morrer sem o ver.
         Por último, destaquemos a hipérbole, quer no que diz respeito à grandeza das ondas, quer á subida da maré e ao perigo iminente que rodeia a amiga.

         O poema pertence, logicamente, ao género lírico, mas está contaminado pelo género dramático (além do narrativo, como já vimos); as acções avançam cronológica e progressivamente, intensificando o dramatismo que envolve a situação da donzela: "sedia-m' eu na ermida" ® "cercaron-mi as ondas" ® "non ei barqueiro, nem sei remar" ® "morrerei fremosa".


· Classificação

1. Cantiga de amigo.

1.1. Temática:
. barcarola / marinha: cantiga que contém referências ao mar (1);
. de romaria.
         (1) Os temas das barcarolas são geralmente de grande singeleza. Afora um certo número em que a donzela vai apenas banhar-se ao rio, ou da margem vê o barco deslizar pelas águas, nas barcarolas ela geralmente lamenta-se do amigo, ou, durante a sua ausência, pede às ondas notícias dele, ou ainda, ansiosa, vai esperar os navios que chegam, para voltar a vê-lo.

1.2. Formal:
. paralelística perfeita;
. de refrão.






Análise da cantiga "Ai flores, ai flores do verde pino"

    Análise da cantiga: Ai flores, ai flores do verde pino.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Faltam professores

     A constante desvalorização (e nalguns casos perseguição) dos professores portugueses por obra e graça de sucessivos governos desde os tempos de Sócrates, as precárias condições de trabalho, a falta de apoio por parte de tudo e todos (incluindo o de proximidade), a estagnação forçada numa carreira que, na prática, quase não existe, o aumento da indisciplina e da violência em contexto escolar, a sensação galopante de inimputabilidade... são apenas alguns dos fatores que têm vindo a afastar do ensino candidatos a exercerem, futuramente, a profissão.

     Os reflexos estão aí e serão cada vez em maior número, mesmo que se continue a assobiar para o lado e a aguentar a situação, empurrando para o futuro um problema que se vai acentuando.


"Drive", The Cars


1984

     Em memória de Ric Ocasek (23/03/1944-15/09/2019)

"Impressa" ou "imprimida"?

     Qual é a frase correta?

         a) A folha foi impressa?

         b) A folha foi imprimida?

     O verbo «imprimir» é um dos que possui duas formas de particípio passado: uma fraca ou regular (imprimido) e outra forte ou irregular (impresso).

     O particípio regular é usado nos tempos compostos com os auxiliares ter e haver:
          . A Miquelina tinha imprimido a folha.

     O particípio irregular é usado com os auxiliares ser e estar:
          . A folha foi impressa pela Miquelina.

     Resposta à pergunta inicial: a frase correta é a b) A folha foi imprimida.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Chegou a chuva e com ela... a salamandra


Os chamados especialistas em Educação

Os 10 mandamentos de Salman Khan

Pedais nas mesas para os alunos pedalarem


     Se alguém quiser aprofundar o assunto, é seguir a ligação da tuitada.
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