Marian Kamensky |
segunda-feira, 11 de abril de 2022
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Dia Mundial da Saúde: as emergências hospitalares
quarta-feira, 6 de abril de 2022
terça-feira, 5 de abril de 2022
segunda-feira, 4 de abril de 2022
Como distinguir a oração subordinada adjetiva da oração subordinada substantiva completiva
sábado, 2 de abril de 2022
Prémios e Distinções de José Cardoso Pires
Obra de José Cardoso Pires
• Histórias de Amor (Lisboa,
1952).
• O Anjo Ancorado (Lisboa,
1958).
• Cartilha do Marialva ou das
Negações Libertinas (Lisboa, 1960).
• O Render dos Heróis (Lisboa,
1960).
• Jogos de Azar (Lisboa,
1963).
• O Hóspede de Job (Lisboa,
1963).
• O Delfim (Lisboa, 1968).
• Dinossauro Excelentíssimo
(Lisboa, 1972).
• E Agora, José (Lisboa,
1977).
• O Burro em Pé (Lisboa,
1979).
• Corpo-delito na Sala dos
Espelhos (Lisboa, 1980).
• Balada da Praia dos Cães
(Lisboa, 1982).
• Alexandra Alpha (Lisboa,
1987).
• A República dos Corvos
(Lisboa, 1988).
• A Cavalo no Diabo (Lisboa,
1994).
• De Profundis, Valsa Lenta
(Lisboa, 1997).
• Lisboa, Livro de Bordo
(Lisboa, 1997).
• Viagem à Ilha de Satanás
(Lisboa, 1997).
• Dispersos 1: Literatura
(Lisboa, 2005).
sexta-feira, 1 de abril de 2022
Biografia de José Cardoso Pires
Em 1943, publicou um pequeno ensaio
(“Loti, o Sonhador”) e começou a estudar Matemáticas Superiores na Faculdade de
Ciências de Lisboa. Enquanto estudava, foi experimentando diversas profissões,
alternadas com períodos de desemprego. Essas experiências permitiram-lhe o
convívio com todos os tipos de pessoas, incluindo artistas da sua geração,
como, por exemplo, Luís Pacheco, Mário Cesariny, Júlio Pomar e Dias Coelho.
Em 1945, abandonou a faculdade e alistou-se na Marinha Mercante como piloto sem curso, experiência que lhe foi muito útil para a escrita do conto “Salão de Vintém”, incluído na antologia Bloco, publicada em 1946.
No ano seguinte, cumpriu o serviço
militar em Vendas Novas e na Figueira da Foz, seguindo-se o exercício de
diversas atividades: agente de vendas, correspondente de Inglês, intérprete de
uma companhia de aviação, etc. Entre 1949 e 1953, foi redator e chefe de
redação da revista Eva, publicou as obras Caminheiros e Outros Contos
e Histórias de Amor (que foi apreendida pela PIDE, que deteve igualmente
o escritor, propondo-lhe a edição de uma edição mutilada da obra ou a sua apreensão,
opção que Cardoso Pires preferiu), bem como o conto “Week-end”.
Em 1953, o seu irmão faleceu num
acidente com um avião militar. Posteriormente, dedicou-lhe O livro O Hóspede
de Job, um protesto contra a chamada Guerra Fria. Nesse ano ainda, dirigiu
as Edições Fólio e, em 1954, foi feita a primeira tradução de um texto de
Cardoso Pires em Inglaterra, concretamente o conto “The Outsiders” (Os
Caminheiros, em português).
Em 1957, dirigiu a coleção “Teatro
de Vanguarda”, das Edições Fólio. O ano seguinte foi bastante preenchido:
publicou O Anjo Ancorado, participou no Congresso Mundial da Paz,
realizado em Estocolmo, e assistiu ao Ciclo do Espetáculo Coletivo na ex-RDA.
Em 1959, fez um estudo sobre Roger
Vailland (in O Jogo da Cabra Cega) e fez estágio na revista Epoca,
em Milão.
Em 1960, fundou e dirigiu a revista Almanaque
e integrou a representação portuguesa no Congresso de Crítica da Universidade
do Recife. Entretanto, viu os escaparates a primeira edição de O Render dos
Heróis.
Em 1961, Cardoso Pires foi eleito
membro da direção da Sociedade Portuguesa de Escritores pela lista presidida
pro Jaime Cortesão. No ano seguinte, iniciou a atividade de copy-writer
de publicidade, reestruturou a “Gazeta Musical e de Todas as Artes” e foi
delegado no Congresso Internacional de Escritores, em Florença, onde foi eleito
vice-presidente da delegação portuguesa da Comunitá Eoropea degli Scrittori.
Em 1963, participou clandestinamente
no Encontro dos Escritores Peninsulares, em Barcelona, editou O Hóspede de
Job, que será a primeira edição estrangeira de um romance do autor em
Itália. O mesmo livro receberá o Prémio de Novelística Camilo Castelo Branco e
o Prémio dos suplementos literários em 1964.
Em 1965, estreou O Render dos
Heróis no teatro Império, em Lisboa. No ano seguinte, juntamente com
figuras como Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Lindley Cintra, Joel Serrão
e José Augusto França, entre outros, fez parte do núcleo português da Association
Internationale pour la Liberté de la Culture, que irá atuar como
resistência cultural à repressão vivida na época na Península Ibérica.
Em 1967, fundou e orientou o
magazine de artes e letras do Jornal do Fundão – & Etc – e publicou
uma série de crónicas semanais no Diário Popular, denominadas “Os Lugares
Comuns”. Seguiu-se a publicação de uma das obras principais da sua carreira
literária – O Delfim –, em 1968, altura em que dirigia o suplemento
literário (nova fase) do Diário Popular.
Em 1969, lançou o suplemento A
Mosca e, a convite da Universidade de Londres, lecionou Literatura
Portuguesa e Brasileira no King’s College, de onde enviava crónicas para
o Diário de Lisboa durante o ano de 1970. Regressou a Portugal no ano
seguinte, tendo colaborado pontualmente na BBC, e deu início ao folhetim O
Burro em Pé e participou nas comemorações do Cinquentenário do PEN Club,
que tiveram lugar em Dublin.
Em 1972, publicou o estudo “Técnica
do Golpe da Censura” simultaneamente em Paris e Londres. A versão original só
será publicada depois do 25 de Abril. Enquanto isso, na Assembleia Nacional
estalou a polémica em torno do texto Dinossauro Excelentíssimo.
Em 1974, por ocasião do aniversário
do Jornal do Fundão, o Diário de Lisboa escreveu o seguinte sobre
o escritor: “Um romancista, José Cardoso Pires, um poeta, Eugénio de Andrade, e
um escultor, Cargaleiro, foram exaustivamente analisados e proclamados como
testemunhas de um certo tempo português.” (29.01.1974). Em maio, foi designado
Diretor-Adjunto do Diário de Lisboa e, em outubro, foi nomeado Vereador
da Câmara Municipal de Lisboa e Presidente da Comissão Cultural do Município.
Em 1975, marcou presença na
Conferência Internacional da Independência de Porto Rico e no 25.º Festival da
Cidade de Berlim e foi o representante português na Reunião de Helsínquia do Bureau
da Presidência do Conselho Mundial da Paz.
Em 1976, foi movido o primeiro
processo sobre a liberdade de expressão em democracia, no caso sobre o Diário
de Lisboa, cujos responsáveis, Ruella Ramos e Cardoso Pires, responderam
por ter denunciado a violência e os abusos praticados pela polícia de
segurança. Por outro lado, integrou a delegação oficial dos escritores
portugueses à Bienal do Livro de São Paulo e foi o delegado à reunião do PEN
Club de Copenhaga contra a repressão cultural em Espanha e na América Latina.
Em 1977, foi publicado E Agora
José?, um livro de memórias que constitui um excelente exercício sobre a
escrita, seguido, em 1979, de O Burro em Pé.
A década de 80 do século passado foi
decisiva para a divulgação de José Cardoso Pires, concretamente com as obras Corpo-delito
na Sala de Espelhos, em 1980, Balada da Praia dos Cães, em 1982, consagrado
com o Grande Prémio de Novela da Sociedade Portuguesa de Autores e passado à
tela pelo cineasta José Fonseca e Costa. Em 1987, saiu outro dos seus grandes
livros – Alexandra Alpha – e, em 1988, A República dos Corvos.
Nos anos seguintes, enfrentou vários
problemas de saúde e só voltou a publicar em 1997, especificamente a obra De
Profundis, Valsa Lenta, o relato de um tempo sem memória, após ter sido
acometido de um AVC. Os seus últimos textos foram Lisboa – Livro de Bordo e
Viagem à Ilha de Satanás.
José Cardoso Pires faleceu a 26 de outubro de 1998, em Lisboa.