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domingo, 2 de janeiro de 2022

Poesia

     A palavra poesia deriva do latim pŏēsis (que significava "poesia, obra poética, obra em verso"), que, por sua vez, provém do grego poiēsis - ποίησις (que queria dizer "criação; fabricação, confeção; obra poética, poema, poesia"), que deriva do verbo poiein ("produzir, fazer, criar" e, num sentido mais amplo, "compor"), o qual advém da raiz indo-europeia *kwei-, ou do sânscrito pu-, cujo significado era "gerar", "procriar", "construir".

    Em síntese, a base grega poiēsis teve origem no verbo poiein ("fazer" ou "criar"), a que se acrescentaram os sufixos -sis (que indica «ação», como em "paralisia") e -ia (que refere «qualidade», como em "caligrafia" ou "gastronomia"). Entre os gregos antigos, a poiesis concretizava-se em «poiema»(poemas), que podiam ser de dois tipos: «epos» (épicos) ou «melos» (líricos).

    No século IV a.C., Aristóteles (384-322 a.C.) dividiu a atividade humana em três áreas: a teoria, que se referia ao conhecimento, à busca do verdadeiro conhecimento; a práxis, entendida como a ação destinada a resolver problemas de forma prática; a poesia, como o impulso do espírito humano para criar algo a partir da imaginação e dos sentimentos e com a força estética das palavras.

    Por outro lado, antigamente os poemas eram cantados ao som de música produzida por um instrumento muito popular na Grécia Antiga: a lira. Por isso, considera-se que a poesia pertence ao modo/género lírico. Há estudiosos que defendem que os textos poéticos se podem dividir em quatro subgéneros: o lírico, o épico, o didático e o dramático.

Resoluções de ano novo

Jeremy Banx, Reino Unido [original]

 

Reciclagem em tempos de ano novo


Rico Schacherl, África do Sul

 

Máscara

     A palavra máscara provém do termo italiano maschera (o «che» italiano pronuncia-se «quê»), que, por sua vez, derivará do latim medieval ou do árabe.
    Em latim do período da Antiguidade, máscara dizia-se persona, que se referia às máscaras que os atores usavam no teatro e que davam identidade às personagens (persona > personagem) e daí evoluiu para significar "ser humano com identidade social" ou "ser com direitos e deveres". Deste modo, o significado de persona evoluiu de máscara para a própria pessoa que a usa.
    Desde muito cedo, o termo máscara foi associado ao duplo ato de esconder e revelar, ou seja, é um artefacto que permite ocultar a personalidade e assumir-se outro. É este significado que encontramos, pois, no teatro da Grécia Antiga e, posteriormente, no romano, onde a máscara e um elemento cénico essencial que ampliava certos traços da personalidade da personagem cénica, ou no Carnaval, ou nos bailes de máscaras, etc.

Luva

     A palavra luva provém do gótico (a língua dos Visigodos) lofa, que significava "palma da mão".
    Por seu turno, lofa deriva do proto-germânico *lōfô, que queria dizer "palma da mão", tal como em gótico. Esta raiz encontra-se, hoje em dia, em línguas tão díspares como o islandês, onde lófi significava também "palma da mão", ou o inglês glove, que quer dizer "luva".
    Desse significado original evoluiu para o nosso termo português, que designa uma peça de vestuário, geralmente com a forma da mão e dos dedos, que se usa aos pares como agasalho ou proteção, mas também se pode referir a um "suborno".

sábado, 1 de janeiro de 2022

Feriado

1. Origem / etimologia

    A palavra «feriado» deriva do latim feria (que significava "salário diário" ou "soma de salários de uma semana ou de uma quinzena", ou designava um dia da semana), cujo plural [feriae] queria dizer "repouso em honra dos deuses" - "festas", "férias", "repouso", "folga", "descanso" -, ou seja, designava os dias em que os romanos não trabalhavam por motivos religiosos, enquanto no latim vulgar significava "mercado", "feira", o que se deverá ao facto de os dias de festividades religiosas serem também aproveitados para a realização de eventos comerciais nos aglomerados populacionais onde havia essas festas, isto é, de feiras, palavra que se formou a partir, portanto, de feriae com a metátese do /i/, que passou a ser colocado antes do som /r/: feriae > feira. De facto, nas festas populares era comum a montagem de uma espécie de barracas onde se vendiam os chamados "comes e bebes".
    Por seu turno, feriae está ligada etimologicamente a termos como festum ("festa", em geral em louvor aos deuses), festus ("festivo"), fas ("justiça divina"), nefas ("violação da lei divina", "pecado") e nefastus ("nefasto", "pecaminoso").
    Todas estas palavras têm uma raiz comum: o indo-europeu *dhēs‑ (o Indo-Europeu era uma língua falada na região do Cáucaso há cerca de cinco a seis mil anos que deu origem a múltiplos grupos de línguas e idiomas, como o grego e o latim; o asterisco significa que a forma não está documentada, tendo sido reconstruída pelos linguistas). Essa raiz queria dizer "sagrado" e constitui também a origem do termo grego théos ("deus"), que originou múltiplos vocábulos da língua portuguesa, como "teologia" e "ateu".


2. Significado

    Tendo presentes as explicações dadas acima, feriado provém de «feria», que significava uma retribuição atribuída como pagamento de um trabalho executado ou dia de semana (daí a designação de cinco dias, em que "feira", na verdade, quer dizer "féria", isto é, dia útil) e "dia santificado", logo dia de descanso.
    Assim, sendo "feriado" um dia consagrado às obrigações religiosas, em que, à maneira do sábado (Shabbat, dia de descanso e oração dos judeus) e do domingo (dominicus, dia do Dominus, ou seja, dia do Senhor), todo o trabalho para e as pessoas (mente e corpo) se voltam para o sagrado.
    Ora, constituindo o feriado um dia de descanso, as férias seriam uma sequência de feriados: a palavra «férias» só é usada no plural, mas não deixa de ser o plural de «féria», tal como o termo holidays (férias em inglês) é o plural de holiday (feriado).
    O que se pode concluir de tudo isto? Pode concluir-se que palavras como «feira», «féria», «férias», «feriado» ou «festa» têm uma conotação comum: a de sagrado. É isso que justifica o facto de grande parte dos feriados serem datas comemorativas da Igreja Católica.

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