Português

domingo, 12 de dezembro de 2010

Modificador da frase

          O modificador da frase é a função sintáctica desempenhada por um constiuinte não seleccionado por nenhum elemento do grupo sintáctico de que faz parte, podendo, por isso, ser omitido sem que a frase perca sentido:
                    . Decididamente, o Benfica não será campeão neste Natal.
                    . O Benfica não será campeão neste Natal.

                    . Felizmente, o Benfica triunfou.
                    . Matematicamente, essa equação está errada.

          O modificador frásico pode ser constituído por:

               » um grupo preposicional que incide sobre a frase:
                    . Com grande mérito, o Benfica venceu o Sp. de Braga.
                    . Para preocupação de todos, o teste de Português foi muito difícil.
                    . Na realidade, a Grécia continua à beira da bancarrota.

               » um grupo adverbial que incide sobre a frase:
                    . Sinceramente, não acredito que o Benfica seja campeão esta época.
                    . Talvez seja verdade o que dizes.
                    . Infelizmente, todos tiveram positiva no teste.
                    . Bem, acho que vou dormir.
                    . Efectivamente, não gosto de vós.
                    . Naturalmente, o Antunes foi à vareja.
                    . Lamentavelmente, a Luísa reprovou.

               » uma oração subordinada adverbial condicional:
                    . Se nevar, faço um boneco de neve com cenoura e tudo.
                    . Se cantasse bem, concorria ao Ídolos.
                  ou concessiva:
                    . Apesar de teres estudado, não vais à viagem de finalistas.
                    . Embora o céu esteja nublado, não se espera que chova.



TESTES

          Para distinguir o modificador do grupo verbal e da frase existem alguns testes que podem aplicar-se:

1.º Teste:

     » Os modificadores do grupo verbal permitem testes com interrogação por clivagem ("ser ... que"), sendo a pergunta uma frase bem formada  e a resposta a essa pergunta SIM:
          . Ontem, o Antunes foi atropelado.
          Pergunta: Foi ontem que o Antunes foi atropelado?
          Resposta: Sim.
         
          Pelo contrário, o modificador da frase não admite esse tipo de pergunta, pois não configura uma frase bem formada:
          . Naturalmente, o Antunes foi à vareja.
          Pergunta: * Foi naturalmente que o Antunes foi à vareja? (1)


2.º Teste:

     » Os grupos adverbiais que são modificadores do grupo verbal podem ainda ser negados:
          . O Antunes foi atropelado não ontem, mas hoje.

     » Já os modificadores adverbiais da frase não podem ser negados:
          . * Não naturalmente, mas provavelmente o Antunes foi à vareja.


3.º Teste:

     » Os modificadores da frase não podem ser interrogados:
          . * Como é que a Luísa reprovou? - Lamentavelmente.


4.º Teste:

     » O modificador da frase não é recuperado quando se elide o predicado (logo não faz parte deste):
          . Honestamente, surpreendeu-me a postura do Benfica e a do Porto também
            [me surpreendeu]. - ao repetir o predicado, não é necessário recuperar o
            modificador

     » O modificador do grupo verbal, pelo contrário, é recuperado quando se elide o predicado:
          . Jorge Jesus agiu honestamente e nós também [agimos honestamente]. - ao
            repetir o predicado, é necessário recuperar o modificador.

* * * * * * * * * *

Fontes:

     » Dicionário Terminológico;
     » AMORIM, Clara e SOUSA, Catarina, Gramática da Língua Portuguesa, Areal Editores;
     » PINTO, José M. de Castro et alii, Gramática do Português Moderno, Plátano Editora.

Complemento agente da passiva

                O complemento da agente da passiva é a função sintática desempenhada, numa frase passiva, por um grupo preposicional introduzido pelas preposições por (e suas formas contraídas: pelo, pela etc.) ou, mais raramente, de, precedida(s) de um verbo na passiva.
                Esta função sintática só existe quando a frase se encontra na forma passiva e contém verbos transitivos diretos, isto é, que «pedem» complemento direto na forma ativa.
Exemplos:                      predicado
a) O bolo foi comido pelo João.
sujeito              complemento agente da passiva

b) O carro é conduzido por ti.

c) O caso é conhecido de todos.
                Pelos exemplos apresentados se conclui que o complemento agente da passiva faz parte do predicado.

                Quando se transforma uma frase ativa em passiva, ocorrem as seguintes transformações:

1.ª) o sujeito da frase ativa torna-se complemento agente da passiva da passiva na frase passiva:
‑ Fr ativa: O gato comeu o rato.
sujeito
‑ Fr passiva: O rato foi comido pelo gato.
c. agente da passiva

2.ª) o complemento direto da frase ativa torna-se sujeito da frase passiva:
‑ Fr ativa: O gato comeu o rato.
complemento direto
‑ Fr passiva: O rato foi comido pelo gato.
sujeito

3.ª) o verbo principal da frase ativa é conjugado, na passiva, no particípio passado e é introduzido o verbo auxiliar «ser», conjugado no mesmo tempo em que se encontrava o verbo principal da ativa:
‑ Fr ativa: O gato comeu o rato.
verbo principal no pretérito perfeito
        |‑ Fr passiva: O rato foi comido pelo gato.
verbo auxiliar         verbo principal no particípio passado
«ser» no
pretérito perfeito


4.ª) os demais elementos da frase, se os houver, mantém-se inalterados:
‑ Fr ativa: Ontem, pelas onze horas, o gato comeu o rato na cozinha.
‑ Fr passiva: Ontem, pelas onze horas, o rato foi comido pelo gato na cozinha.

                Por outro lado, note-se que o complemento agente da passiva pode surgir:
a) em frases passivas, com o verbo auxiliar «ser« seguido de particípio (os exemplos analisados até aqui):
. A Maddie foi raptada por um louco.
b) em estruturas participiais, isto é, sem o verbo auxiliar expresso:
. Este é um caso conhecido de todos.


Funções sintácticas: COMPLEMENTO OBLÍQUO

          O complemento oblíquo é seleccionado pelo verbo e pode assumir a forma de um grupo adverbial, de um grupo preposicional ou a coordenação de ambos.
                    . O Pérciles foi a Atenas.
                    . Os acusados de corrupção vão para a prisão.
                    . A Vera portou-se mal.
                    . Eu gosto de chocolates.
                    . Tu moras aqui ou em Mangualde?
          Dito de outra forma:
                    » quem vai, vai a algum lugar;
                    » quem se porta, porta-se de um determinado modo;
                    » quem gosta, gosta de alguma coisa;
                    » quem mora, mora nalgum local.

          O complemento oblíquo não pode ser substituído pelas formas pronominais «lhe», «lhes»:
                    . * O Pérciles foi-lhe.
                    . * Os acusados de corrupção vão-lhe.
          A possibilidade de substituição pelo pronome pessoal dativo é a forma mais prática de distinguir o complemento oblíquo do complemento indirecto.

Funções sintácticas: COMPLEMENTO INDIRECTO

          O complemento indirecto é um complemento seleccionado pelo verbo que tem a forma de grupo presposicional (geralmente introduzido pela preposição «a»):
                    . Ofereci um ramo de flores à minha esposa.
                    . Telefonei ao meu amigo de Moçambique.

          O CI pode ser substituído pelo pronome pessoal na sua forma dativa (lhe, lhes):
                    . Ofereci-lhe um ramo de flores.
                    . Telefonei-lhe.

          O teste tradicional para descortinar o CI consiste em perguntar ao verbo «a quem?»:
                    . Ofereci um ramo de flores à minha esposa.
                    . Oferecium ramo de flores a quem?
                    Resposta: À minha esposa. (=> complemento indirecto)

Funções sintácticas: COMPLEMENTO DIRECTO

          O CD é um constituinte obrigatório seleccionado pelo verbo (transitivo directo), não precedido de preposição.

          O CD pode assumir a forma de um grupo nominal substituível por um pronome pessoal acusativo (o, a, os, as):
                    . A Sara roubou a maçã.
                    . A Sara roubou-a.
                    . A Margarida perdeu a mala que a mãe lhe ofereceu.
                    . A Margarida perdeu-a.

          O CD pode assumir a forma de uma oração subordinada substantiva substituível pelo pronome pessoal átono «o»:
                    . A Irene disse que o professor assaltou o vendedor de bolas de Berlim.
                    . A Irene disse-o.
                    . A Joana também perguntou se o gato regressou.
                    . A Joana também o perguntou.
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