O diretor leva o grupo de estudantes
até aos infantários. Num quadro de avisos estão as frases “Infantários [Infant
Nurseries]. Quartos condicionados neo-pavlovianos.” Os alunos observam um
grupo Bokanovsky de bebés de oito meses usando as roupas de cor cáqui da casta
Delta. Algumas enfermeiras presenteiam os bebés com livros e flores. Quando se
arrastam em direção aos livros e às flores, arrulhando com prazer, os alarmes
soam estridentes. Então, os bebés sofrem um leve choque elétrico. Depois,
quando as enfermeiras lhes oferecem as flores e os livros, eles encolhem-se e
choram de medo.
O diretor explica que, após 200
repetições do mesmo processo, as crianças terão um ódio instintivo a livros e
flores. O ódio pelos livros é enraizado nas castas mais baixas, para as impedir
de desperdiçarem o tempo da comunidade lendo livros que os poderiam
“descondicionar”. A motivação para instilar um ódio pelas flores é mais
complicada. O diretor explica que Gamas, Deltas e Epsilons foram outrora condicionados
a gostar de flores e da natureza em geral. A ideia era compeli-los a visitar o campo
com frequência e “consumir transporte” no processo. Mas como a natureza é
livre, eles não consumiam nada além de transporte.
A fim de aumentar o consumo de bens,
o Estado Mundial decidiu abolir o amor à natureza, preservando o desejo de usar
o transporte. As castas inferiores são agora condicionadas a odiar o campo, mas
a amar os desportos do campo. Todos os desportos campestres no Estado Mundial
exigem o uso de aparelhos elaborados. Como resultado, as castas inferiores
pagam agora tanto pelo transporte quanto pelos bens manufaturados quando viajam
para o campo para eventos desportivos.
O diretor começa a contar uma
história sobre uma criança chamada Reuben, que tem pais que falam polaco. Os
estudantes coram com a simples menção da palavra “pai”. Referências à
reprodução sexual, incluindo palavras como “mãe” e “pai”, são agora
consideradas pornográficas. No Estado Mundial, as pessoas só usam essas
palavras em discussões clínicas.
O diretor continua com sua história.
Uma noite, os pais de Reuben deixaram o rádio ligado enquanto ele dormia. A
criança acordou recitando uma transmissão de um discurso de George Bernard Shaw
na íntegra. Os pais não entendiam inglês, então pensaram que algo estava
errado. O seu médico compreendeu o inglês e notificou a imprensa médica do
evento. A aprendizagem noturna de Reuben levou à descoberta do ensino do sono,
ou hipnopedia. O diretor informa os estudantes que a descoberta da hipnopedia aconteceu
apenas vinte e três anos após a venda do primeiro Ford Modelo T. Ele faz o
sinal do T no seu estômago (como um católico devoto pode fazer o sinal da cruz)
e os estudantes fazem o mesmo. Ele explica que os pesquisadores da hipnopedia cedo
descobriram que era inútil para o treino intelectual. Reuben podia repetir o
discurso palavra por palavra, mas não fazia ideia do que significava. O lugar
onde a hipnopedia pode ser usada, no entanto, é o treinamento moral.
O diretor conduz a visita a um
dormitório onde algumas crianças Beta estão dormindo. A Enfermeira informa-os
que a aula do Sexo Elementar terminou e a lição da Consciência da Classe
Elementar está a começar. Uma voz gravada sussurra para cada criança adormecida
que as crianças Alpha têm de trabalhar mais do que as outras classes e isso evdiencia
a menor inteligência e inferioridade das castas inferiores. A voz ensina
orgulho e felicidade na casta Beta: os Betas não têm de trabalhar tanto quanto
os Alphas mais espertos, explica, mas ainda são mais inteligentes que os Gamas,
os Deltas e os Epsilons. O diretor explica que a aula será repetida cento e
vinte vezes, três vezes por semana, durante trinta meses. A hipnopedia incute
as subtis distinções e preconceitos para os quais choques elétricos e alarmes
são muito crus. A hipnopedia, conclui o diretor, é "a maior força
moralizadora e socializadora de todos os tempos".
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