Através da análise das cantigas de amigo,
perscrutamos a alma da donzela, os seus sentimentos, os seus anseios, a sua
natureza rebelde.
. A donzela, bela, formosíssima, sofre de amor
pelo amigo:
- um
cavaleiro passou por ali e deixou-a numa grande paixão;
-
a sua "coita de amor" é tão grande que, se não o vir, nunca mais se
casará, enlouquecerá ou morrerá.
. Quando está enamorada, baila contente no adro da
igreja, por exemplo:
- alegre / feliz;
- eufórica, diz à mãe que vai bailar;
-
o amor pelo amigo é tão grande, que sofre martírios com a família;
-
de vez em quando, encontramos uma donzela narcisista,
contente com a sua beleza, diz que se "achou" na fonte o seu amor, o
seu amigo;
-
convida as amigas a bailarem com ela, junto das avelaneiras floridas;
-
mesmo que a avisem que ele não comparecerá ao encontro porque quer "mui
gran ben a outra mulher", ela não acredita, segura do seu amor;
-
está tão contente com o amigo que as próprias aves cantam o seu amor.
. Mas o amor durou
pouco tempo:
- ele
partiu e deixou-a triste, tristeza
que se reflecte na natureza;
-
a donzela chora o dia em que se enamorou e experimentou o que era o amor e
maldiz o dia em que viu o amigo.
. Quando assim não
acontece, é o amigo que partiu (para a guerra ou para a pesca):
- e a
saudade, a ansiedade e a angústia
apoderam-se da donzela:
. ele não vem;
. quer notícias dele;
. quer vê-lo;
. já deveria estar com ela e não está.
. Porém, por vezes,
o amigo mente-lhe e a reação da donzela caracteriza-se:
-
pelo ciúme, pela fúria e descrença no amado;
-
pela revolta e pela promessa de
nunca mais acreditar no amor.
. Após tantas
peripécias, a donzela parece ter aprendido a lição e reage:
-
se ele se assanha com ela, a menina assanha-se com ele;
-
convencida do seu amor, faz-se cara;
-
vinga-se: se ele ficou de falar com
ela e não o fez, a jovem, quando ele quiser falar com ela, não quererá;
-
perdoa-lhe, mas não o quer mais.
. Todavia e afinal,
o amor acaba por imperar (ninguém
pode mandar no coração) e a donzela pede à mãe que não se zangue e a culpe
porque quer ir falar com o amigo à ermida, onde tantas vezes esperou por ele em
vão.
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