- irregularidade estrófica,
métrica e rítmica;
- uso excessivo de coordenação,
em detrimento da subordinação;
- catadupa de recursos
expressivos (onomatopeias ousadas, apóstrofes e enumerações exageradas…);
- predomínio de vocabulário
técnico, destituído de valor poético.
- uso de palavras completamente
prosaicas (comuns ou vulgares);
- o canto excessivo da
civilização industrial, encarada como matéria épica;
- a ousadia de mencionar os
aspetos negativos da sociedade.
• A “Ode” evidencia a presença do futurismo
de Marinetti: Campos canta as máquinas, os motores, a velocidade, a
civilização mecânica e industrial…
- Movimento italiano de início do
século XX (Marinetti);
- Rutura com a vida e a arte do “passado”
(a perspetiva aristotélica);
- Criação de uma nova estética
para um novo mundo;
- Celebração da modernidade
industrial e urbana;
- Culto da máquina e da
velocidade;
- Fruição do mundo moderno
(ligação ao Sensacionismo de Pessoa), feita através das sensações.4
. Tem um cariz agressivo e
escandaloso e propõe-se cortar com o passado, exprimindo em arte o dinamismo da
vida moderna.
. Desponta, em Portugal como um
escândalo, tal como desejado pelos seus iniciadores (Almada Negreiros e
Santa-Rita Pintor), apelidados de «malucos» e «loucos» pelos jornais.
. Os textos distinguem-se por uma
enorme quantidade de frases exclamativas, de invetivas e de insultos, com o
intuito de desmistificar, demolir, acabar com os hábitos culturais esclerosados
e retrógrados: criar a pátria portuguesa do século XX (segundo Almada).
- "escrocs exageradamente
bem vestidos": além da ironia, note-se a presença da antítese entre a
compostura exterior (o vestuário) dos escrocs e as suas intenções;
- "Chefes de família
vagamente felizes": neste caso, o advérbio «vagamente» projeta o cansaço (de
viver?) sobre a felicidade dos chefes de família;
- "Banalidade interessante
(...) / Das burguesinhas (...) / Que andam na rua com um fim qualquer":
notar novamente a presença da antítese, agora entre o aspeto exterior das
«burguesinhas» (diminutivo irónico) e as suas obscuras intenções;
- "A maravilhosa beleza das
corrupções políticas, / Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos":
a adjetivação antitética assume o valor de oximoro.
- "tudo o que passa e nunca
passa": traduz a concentração do passado no presente, ou a continuidade
dos acontecimentos diários;
- "O ruído cruel e delicioso
da civilização de hoje": traduz os sentimentos contraditórios do sujeito
poético em relação à civilização industrial.
- "Arde-me a cabeça de vos
querer cantar";
- "Grandes trópicos humanos
de ferro, fogo e força" (aliteração em «f»);
- "Desta flora estupenda,
negra, artificial e insaciável";
- "Nos cafés, oásis de
inutilidade ruidosas";
- "Quilhas de chapa de ferro
sorrindo".
Estes
recursos estilísticos, nos exemplos apresentados, evidenciam a forma como o
sujeito poético vibra com a modernidade, com a civilização industrial (com a
fúria do movimento das máquinas, com a excessiva quantidade de carvão...).
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