Na Farsa de Inês Pereira, encontramos
diversos aspectos que espelham o modo de vida quotidiano da sociedade da época
(final da Idade Média, na transição para o Renascimento).
Dentre eles,
destacam-se os seguintes:
• a
prática religiosa (ida à missa – a peça inicia-se com o regresso da missa por
parte da Mãe);
•
o hábito de recorrer a casamenteiros (Lianor Vaz
e os Judeus);
• a
falta de liberdade da rapariga solteira, confinada à casa da mãe e a viver sob
o jugo desta (é o caso de Inês, que, no início da farsa, demonstra toda a sua
revolta por estar confinada à casa materna, subjugada à autoridade da mãe e às
tarefas domésticas que lhe são atribuídas – bordar, por exemplo);
• a
ocupação da mulher solteira em tarefas domésticas (bordar, coser);
• o
conflito de gerações (Inês e a Mãe), de interesses e conceções de vida (Inês versus
a Mãe e Lianor Vaz);
• o
casamento como meio de sobrevivência e de fuga à submissão da mãe;
• a
tradição da cerimónia do casamento, seguida de banquete;
• a
submissão ao marido da mulher casada e o seu «aprisionamento» em casa (o
primeiro casamento de Inês, com o Escudeiro);
• a
inércia da nova burguesia que nada fazia para adquirir mais cultura (o Escudeiro);
• a
decadência da nobreza que procurava enriquecer através do casamento e buscava o
prestígio perdido na luta contra os mouros (o Escudeiro);
• a
devassidão do clero (o ataque de que a Mãe e Lianor Vaz foram vítimas por parte
de clérigos; o Ermitão apaixonado e que seduz Inês); a corrupção moral de mulheres
que se deixavam seduzir por elementos do clero (as cenas finais entre Inês e o
Ermitão);
• o
adultério (a traição de Inês com o Ermitão).
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