• O sujeito poético
inicia o poema com a referência a uma realidade: vai fazer uma viagem de avião.
• Os três versos
seguintes sintetizam a “vida desorientada” do «eu»: “o medo das alturas”,
“tomar calmantes” e “ter sonhos confusos”.
• O testamento ocupa o
resto do poema e consiste, ni fundo, num tratado de (des)educação da filha.
• O verso 5 refere uma
realidade plausível: a sua morte (“Se eu morrer” – v. 5). Essa possibilidade
leva o sujeito poético a exprimir um desejo: que a filha não se esqueça de si.
• Os desejos do sujeito
poético não se esgotam aí, pois deseja igualmente:
a) que alguém lhe cante, mesmo com voz
desafinada: o canto (talvez para a embalar, recordando-nos o cenário de uma mãe
a embalar um filho antes de adormecer) simboliza a alegria;
b) que lhe ofereçam fantasia
(sinédoque), imaginação, quiçá através de uma história de encantar que alguém
lhe leia;
c) que lhe deem amor, mesmo após a sua
morte;
d) que lhe deem “ver dentro das coisas”,
ver a sua essência, a sua autenticidade;
e) que lhe deem sonhos, mas sonhos
diferentes dos habituais (“sonhar com sóis azuis”),
• Este é o conjunto de
desejos que o «eu» lírico exprime relativamente à sua filha, caso ela morra
durante a viagem de avião e, por isso, não esteja presente para os cumprir.
Serão esses princípios/valores que a filha deverá aprender e valorizar na vida:
a alegria, o otimismo, a fantasia, o amor e o sonho.
• As referências às
“contas de somar”, “descascar batatas”, ao “horário certo” e à “cama bem feita”
representam aspetos materiais e atividades rotineiras do quotidiano, que o
sujeito poético desvaloriza e que deseja que não constituam os princípios e
valores que nortearão a vida da filha.
• Na quarta estrofe, o
«eu» poético afirma desejar que preparem a filha para a visa se morrer na
viagem e se transformar em “átomo livre lá no céu”, despegada do seu corpo (um
espírito em liberdade) – eufemismos. Esta preparação para a vida consiste em
dar à filha amor e fantasia e fazê-la sonhar, e não prepará-la para as tarefas
do quotidiano (atente-se no valor, neste contexto, assumido pelo presente do
conjuntivo).
• O sujeito deseja,
afinal, que a filha se recorde dela e do seu “contentamento deslumbrado”
(alegria) por ver “na sua casa as contas de somar erradas/e as batatas no saco
esquecidas e íntegras” (vv. 26-28). Ou seja, o que traz alegria, felicidade e
deslumbramento ao «eu» (“mais tarde”, “lá no céu”, isto é, após a sua morte) é
a valorização do amor, do sonho e da fantasia, que equivale, por oposição, à
desvalorização do quotidiano banal, material e rotineiro: as contas de somar
erradas e as batatas esquecidas e íntegras (não tocadas, não descascadas).
• No fundo, a partir da
última estrofe, nomeadamente dos versos 21 a 23, pode inferir-se que o sujeito
poético deseja igualmente que os ensinamentos que deseja transmitir à filha
serão semelhantes aos que esta proporcionará, por sua vez, à sua própria filha.
● Representação do contemporâneo: a viagem de avião.
● Figurações do poeta
As figurações do poeta dizem respeito
à visão feminista e liberal que a poeta tem da educação, pois no poema exprime
o desejo de emancipação da mulher relativamente ao papel tradicional que ela
desempenha na sociedade/na vida doméstica.
De facto, Ana Luísa Amaral revela, na
sua obra, uma grande preocupação com as questões de género e com as opressões
daí derivadas, bem como a reivindicação de um espaço fora da esfera doméstica
para o elemento feminino. Por isso, nesta composição poética, o «eu» deseja
para a sua filha uma vida em que o amor, a fantasia e o sonho assumam um papel
mais importante do que as rotineiras tarefas quotidianas/domésticas.
É, no fundo, a defesa da emancipação
feminina e do direito à igualdade.
● Título
Um testamento é um documento através
do qual um indivíduo manifesta a sua vontade e dispõe, no todo ou em parte, os
seus bens para depois da morte.
● Análise formal
▪ Estrofes: uma quadra,
uma sextilha, duas quintilhas e uma oitava.
▪ Rima:
- acentuação: grave ou feminina;
- versos brancos ou soltos.
▪ Métrica: irregular.
● Características contemporâneas:
- estrutura formal;
- linguagem sintética, precisa e
racional;
- alusão ao «avião».
● Intertextualidade:
▪ Estâncias 89 e 90 do canto IX de Os
Lusíadas.
▪ Os Maias:
- influência da família na educação;
- relação entre Carlos e Afonso;
- desenvolvimento da
inteligência por meio do conhecimento experimental de amor, virtude e honra.
acho nojenta a quantidade de anuncios que este site tem!! o conteúdo está excelente mas ao clicar em qualquer coisa o meu computador enche-se de separadores de publicidade.
ResponderEliminarrita rita tenha la calma
Eliminaradiciona ublock nas extensoes do teu navegador para nao aparecer publicidade
Eliminarrita tem calma
ResponderEliminarTEM CALMAAA RITAAAAAAA
ResponderEliminarAI RITINHA TEM CALMA
ResponderEliminar