O pronome pessoal se inerente faz parte integrante (=
é inseparável) de verbos como «preocupar-se com», «atrever-se a», «servir-se
de», não tendo valor reflexo, nem recíproco, nem indeterminado, nem passivo.
. Os
alunos atreveram-se a enfrentar o professor.
Há verbos que exigem sempre o se inerente (1) e verbos
que o aceitam, mas não o exigem (2):
(1) . Os alunos queixaram-se
do professor. [Não existe o verbo «queixar», mas apenas «queixar-se».
(2) . Os alunos recordaram-se
do professor de Português. [Existem duas formas verbais distintas:
«recordar» e «recordar-se (de)», que têm construções distintas:
. Recordo
o último jogo do Benfica.
. Recordo-me do último jogo do Benfica.]
O se inerente pode assumir as formas me, te,
nos e vos: Contentamo-nos com esta mediocridade?
O se inerente e as suas formas me, te, nos
e vos não desempenham qualquer função sintática na frase.
O verbo «tratar-se» (de) – com «se» inerente obrigatório e
sentido equivalente ao sentido do verbo ao sentido do verbo «ser» – só ocorre
no singular, pois o sujeito é sempre nulo indeterminado. Neste sentido é sempre
um verbo intransitivo com um complemento oblíquo obrigatório:
. Trata-se de um jogo que… [“Trata-se” =
É. Assim, o segmento “Trata-se de um jogo que…” = “É um jogo que…”]
. Trata-se de jogos decisivos. [= São jogos decisivos.]
Sem comentários :
Enviar um comentário