Português: Análise de "Lizongea finalmente a convalecencia de sua esposa", Gregório de Matos

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Análise de "Lizongea finalmente a convalecencia de sua esposa", Gregório de Matos


            Este soneto é dedicado à mulher do poeta, embora não se saiba exatamente qual, pois Gregório de Matos teve duas esposas oficiais. De acordo com alguns estudiosos, é provável que se trate de Maria de Povos.

            O «eu» poético dirige-se a uma flor, Rosa, qualificando-a como vaidosa. Aliás, na primeira quadra do soneto, são evocadas quatro flores: “Rosa”, “Clavel”, “Açucena” e “Jasmin”. Por outro lado, são referidas também cores, como o “branco”, o “enacarado” e “nevado”, com as quais as flores se envaidecem, porque cada cor é característica de cada flor.

            O tom de alegria e cor é substituído, nos dois últimos versos da segunda quadra, pela tristeza: “Se de la pompa el tiempo está acabado, / Vuestra pompa en retiros minorad”, os quais apontam para outro tema querido da época: a efemeridade da vida. O eufemismo “Se de la pompa das flores está acabado” sugere que a pompa das flores está a acabar, não esquecendo que cada uma delas representa a esposa do poeta. Ora, é nítida a ideia da perda de vitalidade por parte de “Açucena, Clavel, Jasmin y Rosas”, embora se trate de uma mera sugestão, dado que o que se pretende é exaltar a figura feminina, daí que o vocabulário seja positivo.

            De acordo com Samuel Lina (in Edifício de Palavras, p. 52), há no poema um certo traço carnavalizante, visto que, mesmo diante das agruras da vida, na festa (Carnaval) tudo se esvaía, dando lugar ao prazer, daí a existência das máscaras. Ora, no texto de Gregório de Matos, está igualmente presente esta noção de dualidade: na iminência da morte, a flor é exaltada, sendo destacadas as suas qualidades, as suas características positivas.
 

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