Tem uma
grande importância no romance. Aparecem
muitas descrições do espaço, que é uma das principais categorias do romance.
Apesar
de ser um romance citadino, a natureza desempenha um papel importante. A
descrição alterna entre ambientes íntimos de família e os salões, os teatros,
onde se reunia a sociedade do Rio de Janeiro, em fins do século XIX.
O
espaço tem uma importância acrescida, o que se pode ver pelo tempo de discurso
que ocupa. Há inúmeras e minuciosas descrições. O espaço que é descrito serve
muitas vezes para introduzir as personagens, tal como já vimos em Memórias
de um Sargento de Milícias.
Como
exemplo, temos a pág. 34: descrição dos aposentos de Seixas, onde se introduz a
personagem. É uma descrição que marca o contraste entre a vida familiar de
Seixas e o modo como se apresenta nos salões e na corte. Podemos pensar numa
duplicidade de espaço: entre o ambiente natural de Seixas e a sociedade, que
atuou no seu comportamento. Neste contraste, há uma separação entre a parte pobre
e a parte rica, onde Seixas se insere como se a ela pertencesse.
A
descrição física desce a todos os pormenores, mesmo ao pé. O mesmo se passa em
relação à casa.
Outro
exemplo temo-lo na pág. 84: descrição do quarto nupcial, feita nos mesmos moldes
da anterior: Aurélia é inserida no ambiente descrito sem quebrar a sequência da
descrição. É um ambiente rico e quase etéreo. É como se se inserisse uma deusa
no seu próprio ambiente: o Olimpo. A imagem que nos fica dela é a de uma pessoa
quase inatingível. Usa-se um vocabulário cheio de clichés.
Na
página 145, descreve-se a câmara para onde vai viver Seixas e o seu estado de
espírito. Descreve-se o luxo que agora o envolve. O mais importante é o contraste
entre a primeira cena descrita, onde se vê a pobreza de Seixas e os objetos
ricos que possuía, e agora que tem um ambiente que lhe corresponde, no entanto
o seu estado de espírito não é de felicidade.
Outro
aspeto importante é a natureza, uma natureza calma e serena. É a serenidade da
natureza que acalma o espírito de Seixas. Por ser um romance citadino, a
referência à natureza não é muito frequente, mas retoma-se um elemento
romântico: ação da natureza sobre as personagens. Como exemplo temos a página
148, com a descrição minuciosa da natureza.
Em
todas as descrições se usa o mesmo vocabulário (grane e eloquente) e a mesma
técnica descritiva, que lembra Castro Alves: pormenor e minúcia.
O
espaço tem importância pelo espaço que ocupa, mas também porque permite atingir
muitas características psicológicas das personagens.
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