Português: 11/01/2023 - 12/01/2023

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Semelhanças e diferenças entre o principezinho e o escravozinho


 

Principezinho

Escravozinho

Semelhanças

. viviam no mesmo castelo

. “tinham nascido na mesma noite de verão”

. alimentavam.se do “mesmo seio” = a Aia amamentava ambos

. eram ambos beijados pela rainha

. eram tratados pela Aia com o mesmo carinho

. “Os olhos de ambos reluziam como pedras preciosas”

Diferenças

. Cabelo:
    - cabelo louro e fino

. Berço:
    - berço magnífico e de marfim

. Condição social:
    - classe social: nobreza / realeza – príncipe herdeiro do trono
    - rico
    - filho da rainha

. Frágil

 
- cabelo negro e crespo

 
- berço pobre e de verga

 
- classe social: escravo


- pobre
- filho da escrava

. Nada tinha a recear

 

Diferenças entre o tio e o rei


 

Rei

Tio

Diferenças

. nobre

. bravo

. bondoso

. devasso

. maldoso

. cobarde

. cruel

    O facto de o narrador tratar as personagens por «rei» e «bastardo» evidencia as características (contrastantes) de ambos.


terça-feira, 28 de novembro de 2023

Modos de expressão em "A Aia"

    1. Narração: representa momentos de avanço, de progressão na ação, as peripécias. Uma das suas marcas é o recurso ao pretérito perfeito (“adivinhou”, “sentiu”, “escutou”) e, ocasionalmente, ao pretérito imperfeito (“corriam”).


    2. Descrição: descreve personagens ou espaços onde decorrem os acontecimentos:

• “o cabelo louro e fino”
• “o cabelo negro e crespo”.

 
    3. Diálogo: as personagens falam entre si e o narrador retira-se para segundo plano, como sucede no penúltimo parágrafo, onde o discurso direto é utilizado para justificar o suicídio da Aia: “– Salvei o meu príncipe – e agora vou dar de mamar ao meu filho!”

Caracterização do velho nobre


Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. velho

 

Psicológica

 

. experiência
. sabedoria

Social

. nobre – “de casta nobre”

. prestígio (dado pela idade e pela sua condição social

 

Simbologia do conto "A Aia"

 
Lua cheia: momento em que o rei inicia a sua marcha para a guerra, representa o sonho e a ilusão da conquista e da fama.

Lua a minguar: tal sucede quando é anunciada a morte do rei e da derrota das suas tropas.

Sete lanças: o número 7 está associado à tragédia, à morte (neste caso, do rei).

Beira de um grande rio: simboliza o limiar entre a vida e a morte, neste caso do rei e da elite da sua nobreza guerreira.

Armas rotas do cavaleiro: indiciam a derrota do rei na guerra, ideia acentuada pelo sangue e pelo facto de regressar sozinho.

Personagens:
a aia, a rainha e a população do reino representam o Bem;
o bastardo e a sua horda simbolizam o Mal.

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

O narrador do conto "A Aia"


1. Presença
 
    O narrador de “A Aia” é não participante, ou seja, não é uma personagem do texto, sendo a narração / o discurso feita(o) na terceira pessoa: “Era uma vez um rei…”; “Nascida naquela casa real, ela tinha a paixão…”.



2. Ciência

    Neste caso, o narrador é omnisciente, visto que conhece profundamente a história, incluindo o interior, o estado de alma das personagens.


 
3. Posição

    O narrador é, predominantemente, objetivo, isto é, apenas se refere ao que observa, conjetura ou escuta, com marcas de subjetividade, como se pode compreender através dos seguintes exemplos:

- narrador subjetivo:
• “Ai!”
• “Pobre principezinho da sua alma!”
• “Mas, ai! Dor sem nome!”
- narrador objetivo:
• “A rainha tomou a mão da serva.”
• “Então a ama sorriu e estendeu a mão.”

O espaço psicológico de "A Aia"

    O espaço psicológico de um texto narrativo corresponde às vivências íntimas, aos pensamentos, aos sonhos, às memórias, às reflexões, etc., das personagens e que caracterizam o ambiente a elas associado.

    No caso deste conto, destaca-se o ambiente de luto, dor e tristeza após a morte do rei e do escravozinho, entrecortado por uma alegria pontual (por exemplo, quando a rainha descobre que o filho está vivo e bem de saúde).

 

O espaço social do conto "A Aia"

 
Classe social das personagens: a realeza (o rei, a rainha e o principezinho); os escravos (a aia e o seu filho).

 
Contraste entre a riqueza (representada pelo próprio reino e pelo berço de marfim do principezinho) e a pobreza (representada pelo berço pobre e de verga do escravozinho).

 
A ambição do reino (que sonha com fama, glória e novas terras) e, por isso, paga um preço alto (a sua vida) para a satisfazer, e do tio bastardo (que, após a morte do rei, invade o palácio para assassinar o sobrinho e usurpar o trono).

 
Ambiente de corte, representado pelo palácio, pelo casal real, pelas aias e guardas, etc.

 

Espaço físico ou geográfico de "A Aia"

    A descrição do espaço físico é feita do geral para o particular, do exterior para o interior: “reino abundante em cidades e searas”, “castelo sobre os montes”, “palácio”, “entrada dos vergéis reais”, “câmara”, “câmara dos tesouros”.


1.1. Exterior
“reino abundante em cidades e searas” – o reino governado pelo rei e desejado pelo bastardo;
• “à beira de um grande rio” – o local onde o rei morre numa batalha, trespassado por sete lanças, juntamente com “a flor da sua nobreza”;
• o “castelo sobre os montes”: o local onde mora o tio bastardo do principezinho;
• “no cimo das serras”, “na planície” – os espaços percorridos pelo bastardo e pela sua horda, até chegarem “às portas da cidade”;
• o palácio – local onde moram a rainha, a aia e os respetivos filhos, entre outros, e que é invadido pelo tio e pela sua horda, para matarem o pequeno príncipe e usurparem o trono.
 
1.2. Interior
 
    O espaço interior é constituído pelos espaços que formam o palácio: a câmara onde estão os berços e dormem os dois bebés; “ao fundo da galeria”, onde a aia avistou homens da horda do bastardo; o pátio, onde os guardas do palácio e a horda do tio lutavam; a câmara dos tesouros, para onde a aia é conduzida para escolher a sua recompensa e se suicida.
    Por outro lado, o espaço exterior relaciona-se com as personagens que nele se movem:



                    . “castelo sobre os montes”

. “o cimo das serras”

. “na planície, às portas da cidade” o palácio onde moram a rainha, o principezinho, a escrava, a aia, os guardas, etc.


Um pinheiro diferente

Marco de Angelis

Tempo histórico de "A Aia"

    A ação decorre na Idade Média, numa época em que coabitavam reis, príncipes e escravos em palácios:

“Era uma vez um rei”;

“bela e robusta escrava”;

“o palácio surpreendido”.

Tempo da história / cronológico do conto "A Aia"

 
O conto abre com a fórmula “Era uma vez”, característica dos contos tradicionais populares. A ausência de referência a datas que permitem localizar, de modo preciso, a ação no tempo sugere a indeterminação do tempo e serve a moralidade do conto: “Era uma vez” remete para um tempo indeterminado e para a intemporalidade da história narrada.

 
A esmagadora maioria dos acontecimentos ocorre à noite:

a morte do rei numa batalha: “A Lua cheia que o vira marchar […] e da morte do rei trespassado…”;

o nascimento do principezinho e do escravo: “Ambos tinham nascido na mesma noite de verão.”;

a invasão do palácio pelo tio bastardo e pelas suas tropas, na tentativa de matar o principezinho e subir ao trono: “Ora, uma noite de silêncio e escuridão […] mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis reais…”;

a troca das crianças de berço: “Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real…”;

as mortes do escravozinho, do tio do príncipe e da sua horda: “O bastardo morrera! […] ele e vinte da sua horda.”; “O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado!...”;

etc.

 
Por seu turno, a morte da aia ocorre de madrugada: “Era lá, nesse céu fresco de madrugada…”.


Síntese das personagens do conto "A Aia"

    Podemos agrupar as personagens deste conto em dois conjuntos: o do Bem, constituído pelo rei, rainha, aia, principezinho, pequeno escravo, capitão das guardas, etc., e o do Mal, formado pelo tio do pequeno príncipe e pela sua horda.

    Por outro lado, as personagens são todas anónimas, isto é, não têm nome próprio, à semelhança do que sucede nos contos tradicionais populares, sendo designadas pela sua condição social (o rei, a rainha, a aia, o príncipe, etc.) e pelas suas características psicológicas (“homem de rapina”, “mãe ditosa”, “mãe dolorosa”), o que aponta para a intemporalidade da mensagem do texto.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Um Natal chocante

Glenn McCoy

Análise do poema "Quando não estás a olhar é o mundo», de Manuel Gusmão


                                               Quando não estás a olhar é o mundo

 que te olha. Nunca saberás o que vê.

 Obscuramente imaginas que testemunhará

 por ti, mas ignoras de todo - e que importa? -

 onde, a que propósito e perante quem.


    O poema, uma quintilha, é da autoria de Manuel Gusmão, um poeta, ensaísta e professor português, nascido em 1945, em Évora, e falecido a 9 de novembro de 2023, em Lisboa, e faz parte da obra A Terceira Mão, publicada em 1997.
    O curto poema reflete sobre a relação entre o «tu» e o mundo. Essa relação é dialética e estabelecida através do olhar, verificando-se uma alternância entre os papéis de observador e observado. Aparentemente, é o «tu» quem contempla o mundo, porém, quando desvia o seu olhar, é este que passa a observá-lo, o que sugere uma certa curiosidade ou vigilância sobre aquele: a realidade existe para além da...


Continuação da análise aqui: análise-de-quando-não-estás-a-olhar.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Análise do poema "O Colosso", de Sylvia Plath


     O poema foi publicado pela primeira vez na antologia homónima em 1960, que continha mais quarenta e quatro poemas. O título faz-nos lembrar dos famosos versos de Júlio César, de Shakespeare: “… homem, ele cavalga neste mundo estreito / como um colosso. (I, 2, 135-36.) Esta referência referir-se-á à lendária estátua de bronze de Apolo em Rodes.
    O tema do poema é o luto pelo pai. O sujeito poético compara o seu pai a uma enorme estátua, remanescente de um deus caído. Na verdade, o que importa para o «eu» não é a perda do corpo do pai, mas a perda da segurança psicológica que ele lhe facultava. O sujeito tenta recuperar a segurança perdida através do ato de cuidar da estátua caída. Tendo em conta a temática, o tom do poema é de perda e luto, bem como de pesar surpreso. O «eu» surpreende-se com a enormidade da ausência diante dela, cuja presença como fantasma, no entanto, nunca deixa de a provocar.
    O sujeito lírico está exausto em razão dos seus esforços contínuos para dar... [clicar para acessar à análise completa].

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Caracterização do escravozinho


 

Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. “cabelo negro e crespo”

. “olhos que reluziam” – olhos brilhantes

. “corpozinho gordo”

 

Psicológica

. “alma livre e simples de escravo”

. “humildade ditosa”

. “indigência”

. nada tinha a recear

 

Social

. filho da escrava

. pobre – berço pobre e de verga

. escravo

  

Caracterização do principezinho



Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. “cabelo loiro e fino”

. “cabelos de ouro” – louro

. “olhos que reluziam” – olhos brilhantes

. “corpozinho tenro”

 

Psicológica

 

. frágil

. desamparado

Social

. príncipe

. filho do rei e da rainha

. nobre

 

 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Informação-Prova - Exame de Português do 12.º Ano - 2024

Sem chaminé - André-Philippe Côté

André-Philippe Côté

Caracterização do tio bastardo


 

Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. “de face mais escura que a noite”

. “homem enorme”

. face flamejante”

 

Psicológica

. “depravado e bravio”

. “consumido de cobiças grosseiras” – ganancioso

. cruel e impiedoso

. “faminto do trono” – com sede do poder e de ocupar o trono do rei

. mau

. ambicioso

. selvagem e feroz (a comparação com lobos)

. cruel

. violento

. assassino

. oportunista

. cobarde

 

domingo, 5 de novembro de 2023

Caracterização da rainha de "A Aia"


 

Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. “desgrenhada” – quando, desesperada, entra na câmara dos bebés, pensando que o filho fora morto

 

Psicológica

. “solitária e triste”

. “chorosa”

. “desventurosa”

. “mãe ditosa”

. reações à morte do rei: choro (tristeza, dor, sofrimento, desespero):

como rainha: o reino fica sem governo forte;

como mulher: perde o marido, fica viúva;

como mãe: o filho fica desemparado e à mercê dos inimigos.

. carinhosa – “Quando a rainha, antes de adormecer, vinha beijar o principezinho…”

. preocupada, desesperada e desorientada – “…a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho.”

. desamparada – após a morte do rei

. reconhecida e grata à aia por ter trocado os bebés e salvado o seu filho

Social

. nobre – é rainha

 

 

Análise do poema "Árvores do Alentejo", de Florbela Espanca


    “Árvores do Alentejo” é um soneto da autoria de Florbela Espanca em versos decassílabos e de rima emparelhada e interpolada, de acordo com o esquema rimático ABBA, que faz parte da obra Charneca em Flor, publicada em 1931.
    Neste poema, Florbela Espanca alude à planície alentejana, que agoniza sob um sol escaldante, um «brasido» que anseia pela água regeneradora da vida, a «bênção de uma fonte». Todavia, no texto não são as árvores que, realmente, agonizam perante a aridez da charneca, mas, sim, o sujeito poético, uma figura que se eleva acima do horizonte e tenta amenizar tanto a sua dor como a da natureza, a quem se dirige em tom apelativo, por exemplo, no último terceto (Custódia Pereira, Do Sentimento em Florbela Espanca).
    O soneto abre com... [continuação da análise aqui: Árvores-do-Alentejo]

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Análise do conto "A palavra mágica"

     Clicando na ligação seguinte, encontrarás uma análise sintética, através de PowerPoint, do conto "A palavra mágica", da autoria do escritor Vergílio Ferreira: análise-de-a-palavra-mágica.
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