A ação estende-se do inverno à
primavera e o seu núcleo central concentra-se num dia, desde a manhã até à
noite. A condensação de um tempo da história tão longa (presumivelmente três ou
quatro meses) numa narrativa curta (conto) implica a utilização sistemática de sumários
ou resumos (processo através do qual o tempo do discurso é menor do que
o tempo da história). Nos momentos mais significativos da ação (decisão de
repartir o tesouro e partilhar as chaves, bem como a argumentação de Rui para
excluir Guanes da partilha) o tempo do discurso tende para a isocronia (a
duração do tempo da história é igual à do tempo do discurso), sem, no entanto,
a atingir).
No texto, existe outro processo
de redução do tempo da história, que é a elipse, isto é, a eliminação,
do discurso, de períodos mais ou menos longos da narrativa. A parte inicial da
ação é localizada no inverno (“… passavam eles as tardes desse inverno…”) e
logo a seguir o narrador remete-nos para a primavera (“Ora, na primavera, por
uma silenciosa manhã de domingo…”).
No que diz respeito à ordenação
dos acontecimentos, predomina a cronologia. Só na parte final do texto
surge uma analepse (recuo no tempo), quando o narrador abandona a
postura de observador e adota a focalização omnisciente, para revelar o modo
como Guanes tinha planeado o envenenamento dos irmãos, manifestando dessa forma
o seu caráter traiçoeiro.
Frequentemente, a analepse
permite esconder do narratário pormenores importantes para a compreensão dos
acontecimentos, mantendo assim um suspense favorável à tensão dramática.
Em suma:
a) Anisocronias:
-
resumo de acontecimentos:
. o
2.º parágrafo, em que é resumida a vida dos três irmãos durante todo o Inverno.
b) Isocronias: o
diálogo entre Rui e Rostabal.
c) Anacronias:
-
analepses:
. a
recusa do empréstimo dos três ducados.
. o
relato do que Guanes fizera em Retortilho (antepenúltimo parágrafo).
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