Tom
White é o agente responsável pela investigação respeitante aos Osage e, posteriormente,
o diretor da penitenciária de Leavenworth. Um investigador cuidadoso e um
diretor corajoso e determinado, White é o protagonista da obra e a sua bússola
ética, mesmo que a investigação que lidera deixe muitas mortes por solucionar.
O modo
como Graan descreve White aproxima-o da figura de um pistoleiro do Antigo
Oeste, um homem do passado. Ele mesmo parece ter consciência disso e é por essa
razão que se junta ao Bureau of Investigation em 1917. O romance do
Velho Oeste, muitas vezes associado ao caso Osage, é pouco apelativo para o
agente, que sabe que a realidade difere imenso dos mitos. Criado no Texas juntamente
com três irmãos, o seu pai era o xerife do condado de Travis e, como a família
morava nas instalações que compreendiam a prisão, Tom cresceu fazendo perguntas
sobre a justiça. Desde bastante jovem, acreditava que a pena capital era um
homicídio judicial, o que revela desde logo muito do seu caráter.
Face ao
que foi exposto, é fácil concluir que White não corresponde à imagem de agente
ideal do Bureau, porém estamos na presença de um investigador cuidadoso
e persistente. Na década de 1920, os agentes não tinham autorização de porte de
arma, todavia, familiarizado com os perigos típicos dos condados rurais
remotos, White ignorava regularmente essa proibição, não obstante preferir
evitar empregar a violência. Do progenitor herdou a noção de que era importante
tratar as pessoas com igualdade, o que coloca em prática durante a investigação
que lidera, desde logo selecionando uma equipa que inclui um agente nativo
americano e trabalhando diligentemente para resolver o caso. Além disso, dá
instruções à sua equipa para destrinçar os factos da ficção e procurar
evidências que possam sustentar acusações e levar a condenações efetivas. A sua
tenacidade e determinação acabam por produzir resultados. Outro traço relevante
que mostra o seu caráter é o facto de não ceder ao suborno ou a qualquer forma
de corrupção. É um homem íntegro, honesto, sério.
Estas qualidades
acompanham-no quando deixa o Bureau e se torna diretor de prisão,
primeiro em Leavenworth, uma penitenciária federal, e depois em La Tuna, no
Texas. A atestá-lo estão os depoimentos de presidiários, que o recordam como um
homem que procurava o melhor nas pessoas, incluindo os criminosos mais empedernidos,
buscando sempre a sua reabilitação e redenção. Isto não significa, porém, que
se tratava de um homem mole ou brando: a sua coragem e a sua bravura levaram-no
a acalmar sozinho um motim na prisão e, com prejuízo para si mesmo, salvou
vários reféns durante uma fuga da penitenciária.
Além
disso, apesar do seu comportamento heroico em diversas situações, não era
narcisista ou egocêntrico, evitando chamar a atenção para a sua pessoa. Também
não passava informações sobre os presos para a imprensa e empenhou-se em dar
destaque aos agentes que trabalharam consigo no caso dos Osage. Quando se deu
conta de que os Estados Unidos estavam a esquecer a provação a que a tribo
nativa tinha sido sujeita, procurou escrever um livro sobre o problema, no
entanto viu-se confrontado com a falta de colaboração de J. Edgar Hoover, que,
ao contrário de White, tinha um ego bastante inflado e desejava que a atenção
ficasse centrada na própria pessoa ou na agência, por isso não lhe forneceu
qualquer material, pelo que a obra ficou na gaveta.
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