Só uma estrofe desta
cantiga de Afonso Sanches nos chegou, a qual satiriza um indivíduo chamado
Afonso Afonses, a propósito do batismo de um seu criado. Tudo indica, no
entanto, que o poema se basearia num equívoco sobre quem é que nunca teria sido
batizado – e que seria o próprio Afonso Afonses, pelo que se depreende do verso
6.
Concretamente no que
diz respeito a essa figura, não sabemos exatamente quem é este Afonso Afonses,
o qual deseja batizar um criado (“Afons’ Afonses, batiçar queredes / vosso
criad’”), porém não tem padre para presidir à cerimónia (“e cura nom havedes /
que chamem clérig’”). Nestes versos, encontramos um jogo com a palavra «cura»
no duplo sentido de “curar, tratar de” e “ter um padre”. Os últimos versos,
nomeadamente o derradeiro, permite questionar quem é que, efetivamente, nunca
tinha sido batizado, indiciando que se tratava do próprio Afonso Afonses: “como
haverdes, / Afonso Afonses, nunca batiçado?”.
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