Português: Conclusões sobre O Cortiço: Conteúdo

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Conclusões sobre O Cortiço: Conteúdo

    1. Reação dos habitantes do cortiço para com Leonie e depois para com Pombinha mostra a ingenuidade estúpida e cínica de quem adora algo nefasto.

    2. É um romance de tese: como influem as circunstâncias, o ambiente e os acontecimentos na modificação do caráter. Existe entre estes aspetos e as personagens uma relação de causa-efeito. Tanto o comportamento humano como as relações sociais se sujeitam à mesma inevitabilidade científica de causa-efeito.

    3. Evolução cíclica, ideia que fica não só em relação ao espaço (cortiço), mas também em relação às personagens.

    4. O romance visa a análise do elemento negro na sociedade do Brasil. O olhar romântico do negro ficara para trás; agora há um novo olhar: o negro já não se revolta; aceita e submete-se (ex.: Rita, Bertoleza). Esta submissão do negro advém do facto de o branco ser considerado uma raça superior, da qual há de resultar o melhoramento da raça negra.

    5. Bertoleza mantém-se sempre fiel, até a essência dessa fidelidade ser destruída (com a traição). Há uma certa mitificação do elemento negro, porque ele submete-se, mas também é capaz da coragem no mais alto grau.
    Mas em relação ao negro, há ainda um duplo preconceito:
        . Rita e Bertoleza aproximam-se do branco como forma de ascensão social: preconceito da parte do negro;
        . O branco vê o elemento negro como fonte de prazer e sensualidade ou como fonte de outras potencialidades em relação ao trabalho: preconceito da parte do branco.

    6. A mulher: podemos estabelecer alguns grupos:
            = Leonie e Pombinha (e Senhorinha)
            = D. Isabel e Piedade
            = Rita e Bertoleza
    Estes são grupos diferentes, com motivações e destinos diferentes, mas nenhum deles consegue resistir à influência do ambiente. O elemento mais íntegro acaba por ser Bertoleza. Também Rita acaba por perder a sua força inicial quando se adapta a um novo tipo de vida.

    7. Ironia: evidencia-se no final, mas existe ao longo de todo o romance de modo refinado e subtil e, por isso, é mais significativa.
    A visão fatalista do amor que víramos em Machado de Assis mantém-se em A. de Azevedo: a sociedade está destinada a uma constante degradação, a uma degradação inevitável, em que os principais meios de influência são o meio e a raça.

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