Português

domingo, 27 de novembro de 2011

Agon

. De D. Madalena:
     * interior, de consciência (I, 1):
               - personalidade aparente, feliz, ligada a Manuel de Sousa pelo amor-paixão;
               - personalidade real ou oculta, infeliz ou "desgraçada", ligada a D. João pela
                  memória do passado, pelo remorso do presente;
     * contínuo e crescente;
     * com Telmo:
          - apesar de lhe ter obedecido durante os 7 anos de «viuvez» como a um pai, D.
             Madalena não segue o conselho de esperar o regresso de D. João, anunciado na carta
             profética, escrita na madrugada da batalha de Alcácer Quibir;
     * com D. João:
          - nas conversas com Telmo, testemunha da «desobediência» de D. Madalena, conversas
             cheias de reticências, de subentendidos, de duplos sentidos, de alusões, de agouros,
             de «futuros», de pressentimentos de desgraça iminentes (I, 2);
          - a consciência atormentada e o remorso de D. Madalena (I, 1);
          - as reações de aflição, sublinhadas pelas lágrimas, sempre que Maria se refere à
             crença da sobrevivência e possível regresso de D. Sebastião (I, 3);
          - a relutância de voltar a viver no palácio de D. João (I, 7 e 8);
          - a reação tida ao chegar ao palácio do primeiro marido (II, 1);
          - a "confissão" a Frei Jorge (II, 10);
     * com Maria:
          - para Maria, há um enigma que nem a mãe, nem o pai, nem Telmo se prontificam a
             decifrar; são segredos e mistérios intuitivamente pressentidos que não consegue
             desvendar;
          - a razão por que nem a mãe nem o pai, apesar do seu patriotismo ("... que ele não
             é por D. Filipe, não é, não?") acreditavam no regresso de D. Sebastião;
          - a razão por que, quando em tal se falava, o pai mudava de semblante e a mãe se
             afligia e até chorava;
     * com Manuel de Sousa Coutinho (I, 7 e 8): a necessidade de mudança para o palácio
        de D. João após ele ter incendiado o seu próprio lar, mudança a que ela se opõe.

. De Telmo:
     * de consciência: começa a ser evidente o conflito / a divisão de consciência entre o desejo
        do regresso de D. João e o amor a Maria / a incompatibilidade entre o amor a D. João e
        a Maria (III, 4);
     * com D. Madalena:
          - desaprova o casamento com Manuel de Sousa, baseado nos dizeres da carta profética
             de D. João, escrita na madrugada da batalha;
          - desaprova igualmente o casamento baseado na superstição de que, se D. João voltasse
             e aparecesse a D. Madalena, não se iria embora sem lhe aparecer também;
          - daí vieram os «ciúmes», as alusões, os agouros, os «futuros»;
          - este conflito de Telmo com D. Madalena fica sempre sem solução;
     * com Maria (I, 2):
          - a princípio, não a podia ver, por causa do seu nascimento em berço ilegítimo ("Digna
             de nascer em melhor estado");
          - o conflito com Maria termina, porque ela acabou por o cativar;
          - novo conflito (II, 1), no entanto, se pode observar nas evasivas, nas meias-verdades,
             nas reticências, na relutância em revelar a identidade da personagem do retrato;
          - é Manuel de Sousa quem identifica essa personagem (II, 2);
    * com Manuel de Sousa (I, 2):
          - apesar das qualidades que lhe reconhece, é, em sua opinião, inferior a D. João;
          - por conta deste tem "ciúmes" e alguma aversão por o considerar um intruso;
          - o conflito resolve-se quando Manuel de Sousa o cativa pelos atos de resistência aos
             governadores, que culminam com o incêndio do próprio palácio (I, 7, 8 e 12),
             chegando mesmo a admirá-lo;
     * com D. João de Portugal (III, 4 e 5):
          - o amor a Maria venceu o amor a D. João;
          - por isso, chega a oferecer a sua vida em troca da vida "daquele anjo" e a desejar a
             morte de D. João.

. De Maria:
     * não tem conflito interior;
     * com D. Madalena:
          - a propósito da sobrevivência e do regresso de D. Sebastião (cena 3, ato I) - D.
             Madalena não acredita, nem lhe convém acreditar nem uma coisa nem outra, enquanto
             Maria acredita firmemente;
          - desconfia que a mãe oculta alguma coisa muito importante; por isso, está sempre
             atenta, a observar os sobressaltos, as reações, a ansiedade da mãe a seu respeito; por
             isso, lê nas palavras, nas ações e nos gestos da mãe e do pai, à procura de indícios, de
             respostas para a sua curiosidade (cena 4);
          - não pode cumprir as esperanças nela depositadas (cena 4, ato I);
          - por isso, desejava ter um irmão;
     * com Manuel de Sousa:
          - duvida do patriotismo do pai (cena 3, ato I), por causa das atitudes que ele toma, ao
             ouvir falar de D. Sebastião ("Ó minha mãe, pois ele não é por D. Filipe, não é,
             não?");
          - a hipótese não tem fundamento.;
     * com os governadores de Lisboa (I, 5): a resistência à tirania, concretizada na ideia de
        lutar e organizar a defesa, para que aqueles não entrem no seu palácio;
     * com Telmo Pais (II, 1), a propósito da identidade da personagem do retrato:
          - as meias-verdades, as evasivas de Telmo, que a todo o transe pretende ocultar-lhe o
             nome do cavaleiro retratado;
          - os indícios observados por Maria, nos momentos que passou ali mesmo com a mãe,
             no dia da mudança para este palácio; a intuição do segredo e a persistência em a
             manterem na ignorância daquele "mistério";
     * com D. João de Portugal:
          - antes da mudança de palácio (cena 4, ato I):
               . pressente intuitivamente que alguém, fazendo sofrer a mãe, também não a deixa
                 ser feliz;
               . por isso, procura uma resposta, com os meios ao seu dispor: a capacidade de
                 "ler nas estrelas" e os sonhos e as visões ("... leio... nas estrelas do céu também,. 
                 e sei cousas...");
          - depois da mudança (II, 1 e 2):
               . fica a saber, a partir da atitude da mãe, que a figura representada no retrato e de
                 quem ignora a identidade, é esse alguém, causador de todos os sofrimentos;
               . daí a curiosidade e a persistência das perguntas a Telmo até à revelação da
                 identidade do retratado; no entanto, ela já o sabia "de um saber cá de dentro";
          - por fim (III, 11 e 12):
               . revela que sempre houve alguém a interpor-se entre ela e a mãe, entre ela e o
                 pai, por intermédio da figura simbólica de um anjo vingador: "Mãe, mãe, eu
                 bem o sabia... nunca to disse, mas sabia-o; tinha-mo dito aquele anjo que
                 descia com uma espada de chamas na mão, e a atravessava entre mim e ti,
                 que me arrancava dos teus braços quando eu adormecia neles... que me fazia
                 chorar quando meu pai ia beijar-me no teu colo";
               - identifica-o: "É aquela voz, é ele, é ele!".

. De Manuel de Sousa Coutinho:
     * não possui conflito de consciência;
     * não entra em conflito com outras personagens, exceto com os governadores;
     * a sua hybris desencadeia e agudiza os conflitos das outras personagens.

. De D. João de Portugal:
     * alimenta os conflitos dos outros:
          - com D. Madalena: a consciência atormentada pelos remorsos;
          - com Telmo:
               . a perda do aio por causa de Maria;
               . a luta contra a resistência de Telmo à sua ordem de mentir para salvar D.
                 Madalena;
          - com Manuel de Sousa Coutinho:
               . pela felicidade de ter uma filha;
               . por se sentir espoliado por ele e por D. Madalena: "Tiraram-me tudo";
          - com Maria:
               . pela felicidade de ter uma filha;
               . por o ter expulsado do coração de Telmo.

Coro

     O coro está presente em diversas circunstâncias:
          - nos agouros e prenúncios de desgraça próxima de Telmo;

Pathos

. De D. Madalena:
     - os terrores que se sente desde a cena I;
     - o sofrimento por causa do adultério;
     - o sofrimento pela incerteza da sorte do primeiro marido;
     - o sofrimento violento pela volta do primeiro marido;
     - o sofrimento cruel após conhecer a existência do primeiro marido (vivo):
          . pela perda do marido;
          . pela perda de Maria.

. De Manuel de Sousa Coutinho:
     - sofre a angústia pela situação presente e futura da filha (III, 1);
     - sofre a angústia pela situação da sua esposa (III, 8).

. De D. João de Portugal:
     - sofre o esquecimento a que foi votado;
     - sofre pelo casamento de sua mulher e pela família que constituiu;
     - sofre por não poder travar a marcha do destino (III, 2).

. De Maria de Noronha:
     - sofre fisicamente, acossada pela tuberculose;
     - sofre psicologicamente:
          . não obtém resposta a muitos agouros;
          . sofre a vergonha da ilegitimidade.

. De Telmo Pais:
      - sofre pela dúvida constante que o assalta acerca da morte de D. João de
         Portugal;
      - sofre, hesitando entre a fidelidade a D. João e a Manuel de Sousa;
      - sofre a situação de Maria.

Hybris

. De D. Madalena:
  • contra as leis e os direitos da família:
  • nunca amou D. João de Portugal;
  • "pecado" / adultério no coração: amou Manuel de Sousa assim que o viu, ainda estava casada com D. João; 
  • consumação do "pecado" pelo casamento com Manuel de Sousa - ela não tem a certeza absoluta da morte do primeiro marido;
  • profanação de um sacramento - o casamento;
  • bigamia;
  • impiedade.
. De Manuel de Sousa:
  • revolta contra as autoridades de Lisboa, recusando-se a recebê-las no seu palácio (I, 8, 11 e 12; II, 1);
  • desafio o Destino ao incendiar o próprio palácio (I, 11 e 12);
  • recusa o perdão dos governadores, "se ele quisesse dizer que o fogo tinha pegado por acaso" (II, 1);
  • inconscientemente, participa da hybris de sua esposa:
  • colabora na mentira;
  • profana um sacramento;
  • comete adultério;
  • passa a viver em bigamia;
  • usurpa o lugar que pertence, por direito, a D. João de Portugal.
. De D. João de Portugal:
  • abandona a esposa / família, ainda que o faça por ideais nobres acompanhar o rei à guerra, em defesa do reino e da Fé);
  • o abandono da esposa é um crime contra as leis e os direitos da família, porque a destrói - é um crime de impiedade;
  • embora vivo, depois da batalha, fica prisioneiro, é levado cativo para Jerusalém. E, durante 21 anos, não dá notícias da sua existência, embora contra sua vontade;
  • aparece quando todos o julgavam morto, arrastando consigo a tragédia.
. De D. Maria de Noronha:
  • a interrupção inesperada e violenta das cerimónias religiosas constitui profanação (II, 11);
  • a insolência e a blasfémia contra Deus: "Que Deus é esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a mãe a sua filha?";
  • a insolência contra os ministros sagrados nas suas funções: "Vós quem sois, espetros fatais?... quereis-mos tirar dos meus braços?";
  • a revolta contra D. João de Portugal - contra os direitos deste à esposa, à família, à própria vida, direitos baseados na lei divina e nas leis humanas: "... que me importa a mim com o outro? Que morresse ou não, que esteja com os mortos ou com os vivos, que se fique na cova ou que ressuscite para me matar?";
  • a invocação de morte violenta sobre si própria: "Mate-me, mate-me, se quer...";
  • o desprezo pelas leis divinas e humanas - o amor e a ternura com que tinha sido criada não suprem a ilegitimidade do matrimónio dos pais;
  • a tentativa de renegar o seu estado de filha ilegítima;
  • a revolta contra a profissão religiosa dos pais;
  • a incitação dos pais à mentira: "Pobre mãe! Tu não podes... coitada!... não tens ânimo... Nunca mentiste? Pois mente agora para salvar a honra da tua filha, para que lhe não tirem o nome de seu pai.".
. De Telmo Pais:
  • afeiçoou-se a Maria;
  • relativamente a D. João:
  • perjúrio e repúdio do amigo e "filho";
  • desejo de que ele tivesse morrido, para não impedir a felicidade e a vida de Maria. 

Destino

     O destino está presente ao longo da obra, desde o seu início. D. Madalena, por exemplo, sente-se perseguida por ele.
     As personagens são vítimas do Destino inexorável que se «diverte» a «brincar» com as suas vidas, antes de sobre elas se abater irremediavelmente. 

Fado: Património Imaterial da Humanidade

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tipos de argumentos

     O autor de um discurso ou texto argumentativo pode socorrer-se de diferentes tipos de argumentos:
  1. Argumentos de autoridade: recurso às ideias de alguém que, reconhecidamente, domina a matéria de que se fala - o chamado especialista; citação de uma obra, de uma instituição, etc.
  2. Argumentos dedutivos: implicam uma dedução e uma particularização.
  3. Argumentos indutivos: neste caso, procede-se a generalizações, previsões ou probabilidades).
  4. Argumentos universais: saberes universalmente aceites porque foram demonstrados factualmente e / ou cientificamente.
  5. Argumentos de singularidade: algo ou alguém é apresentado pela sua singularidade / diferença.
  6. Argumentos por analogia: argumentos baseados em semelhanças e aproximações.
  7. Argumentos históricos: exemplos da tradição e experiência histórica.
  8. Argumentos exemplares: comportamentos e personalidades vistos como exemplo ou virtude a seguir.
  9. Argumentos proverbiais ou de sabedoria popular: citação da voz e consciência comum (a chamada vox populi).
  10. Argumentos experienciais: experiências já vividas.

Argumentos

     Um argumento é um raciocínio destinado a provar ou refutar uma afirmação, uma opinião, uma tese.
     Os argumentos podem aparecer no texto numa disposição crescente, decrescente ou dispersa, de acordo com a estrutura da argumentação e com os intuitos do seu autor.

Texto argumentativo - Tipologia

     São diversos os momentos e as circunstâncias em que nos socorremos do protótipo textual argumentativo.
     Exemplificam-no o artigo de apreciação crítica, o artigo de opinião, o texto de reflexão, a dissertação, o comentário, na forma escrita.
     Na oralidade, encontramos o debate, a participação numa campanha eleitoral, um discurso político, uma alegação judicial.

Definição de texto argumentativo

     Um texto argumentativo é aquele que visa convencer, persuadir ou influenciar o «outro» do nosso ponto de vista, cuja veracidade se demonstra e prova. Como?
            Argumentar significa defender uma ideia ou uma opinião, alegando um conjunto de razões que justifiquem o nosso posicionamento. A argumentação é o desenvolvimento de um raciocínio com o fim de defender ou repudiar uma tese ou um ponto de vista, para convencer um oponente, um interlocutor circunstancial ou a nós próprios. A argumentação desenvolve-se em função de um destinatário, perante o qual argumentamos para o persuadir, dado não partilhar os mesmos pontos de vista ou as mesmas convicções que nós possuímos.
            Começamos por apresentar o nosso ponto de vista – a tese –, a partir da qual desenvolveremos o nosso raciocínio, a argumentação, constituída por um conjunto de argumentos logicamente encadeados, sustentados em provas e ilustrados e credibilizados a partir de exemplos.
            O texto argumentativo é tão antigo como o próprio Homem, uma vez que argumentar, ou seja, construir um texto (oral ou escrito) com base em argumentos logicamente encadeados está indissociavelmente ligado à actividade humana. Argumentar, persuadir, convencer empregando o rigor e a objectividade sempre fizeram parte do discurso humano, desde que o Homem começou a conviver, usou a palavra como meio de dar a conhecer aos outros as suas mundividências e como forma de convencer o(s) outro(s). A argumentação assume uma importância vital na vida do homem, que faz uso dela para justificar pensamentos, comportamentos, para persuadir os outros do seu ponto de vista, para influenciar o comportamento dos outros, como base para a tomada de decisões.
            Sócrates, filósofo grego (470-400 a.C.), Aristóteles, filósofo grego (384-322 a.C.), Cícero, o mais eloquente dos oradores romanos (106-43 a.C.), constituem talvez os “argumentadores” mais famosos da História da Humanidade. Os dois primeiros criaram mesmo escolas de argumentação. Aristóteles definiu a argumentação como a «arte de falar de modo a convencer».
            Toda a arte tem as suas normas e a argumentação não foge à regra. As suas etapas são:
. encontrar o problema;
. procurar os argumentos e os contra-argumentos;
. dispô-los adequadamente;
. usar as figuras de estilo que mais agradam;
. formular juízos de valor;
. etc.
            As qualidades principais do discurso argumentativo são o rigor, a clareza, a objetividade, a coerência, a sequencialização e a riqueza lexical.
            Para que a argumentação seja correcta, os raciocínios devem estar sujeitos às leis da lógica; daí que a argumentação do padre Vieira se baseie por sistema na Sagrada Escritura.

A argumentação

1. Quando usamos a argumentação?

     No nosso quotidiano, uma parte apreciável dos atos de comunicação possuem um caráter argumentativo, seja para defender um ponto de vista, uma opinião, seja para apresentar uma solução para um problema, para convencer os outros a aceder a um pedido nosso, etc.
     Argumentar é um ato de inteligência que, para ser eficaz, implica a obediência a um conjunto de regras.


2. O que é argumentar?

     Argumentar é expressar um ponto de vista, uma opinião, uma convicção, de forma a convencer e persuadir o ouvinte/leitor/interlocutor. Para que tal suceda, é necessário apresentar e desenvolver um raciocínio lógico, claro, coerente e convincente, bem sustentado em argumentos sólidos e exemplos verdadeiros.

     Por outro lado, argumentar é persuadir racionalmente, embora nem toda a persuasão seja racional. Se pensarmos na cena II do ato I da peça Frei Luís de Sousa, constataremos que D. Madalena de Vilhena, sobretudo na parte final do seu diálogo com Telmo Pais, em desespero de causa, recorre a «argumentos» emocionais para persuadir o velho aio de continuar a atormentá-la e a D. Maria com os seus constantes agouros em torno do regresso de D. João de Portugal. Algo de parecido sucede com a publicidade, quando pretende levar o consumidor a adquirir um determinado produto, não pelas suas qualidades, mas pela sua associação a um determinado modo / estilo / padrão de vida a que teremos acesso através da sua aquisição.
     Em suma, quando argumentamos racionalmente, apelamos à razão; quando argumentamos emocionalmente, dirigimo-nos às emoções, aos sentimentos, aos desejos, às frustrações, etc., do nosso interlocutor.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Texto de reflexão: "A crise económica atual - causas e soluções"

. INTRODUÇÃO

. TESE: Portugal vive um clima de austeridade por razões endógenas e exógenas.

. DESENVOLVIMENTO - ARGUMENTAÇÃO

     . Argumento 1) A corrupção em Portugal.
          . Exemplo 1) Os desvios de dinheiro: nas estradas, nas obras públicas...

     . Argumento 2) A adesão ao Euro.
          . Exemplo 2) A baixa da taxa de juros levou à expansão da despesa pública.

     . Argumento 3) Pouca produtividade interna.
          (Falta o exemplo)

     . Argumento 4) Adoção de medidas que aprofundam a crise.
          . Exemplo 3) Corte nos salários e subsídios dos trabalhadores.
          . Exemplo 4) Empobrecimento generalizado.
          . Exemplo 5) Aumento das falências de empresas.
          . Exemplo 6) Aumento do desemprego.
          . Exemplo 7) Maior desconfiança dos mercados conduz ao aumento dos juros.

     . Argumento 5) Subida da inflação.
          . Exemplo 8) Aumento do IVA na restauração, na cultura...


. CONCLUSÃO

     Soluções:
          1.ª) Cortes na despesa pública e diminuição do número de funcionários públicos.
          2.ª) Dinamização das exportações.
          3.ª) Diminuição das importações.
          4.ª) Melhoria da gestão dos dinheiros públicos.
          5.ª) Emigração.
          6.ª) Auto-emprego.
          7.ª) Recuperação da banca.

Comparação entre D. Madalena e Inês de Castro

     Desde logo, a leitura do episódio de Inês de Castro, de Os Lusíadas, insinua em D. Madalena o drama de um segundo casamento realizado sob a velada ameaça de que D. João de Portugal não tivesse morrido. De facto, estamos perante duas personagens para quem a felicidade não foi total, desde logo por intervenção do Destino. No caso de Inês, essa felicidade foi, sobretudo, breve, culminando com a sua morte. A interrupção da leitura feita por D. Madalena, precisamente nos dois versos que sugerem a efemeridade desse sentimento, remete para a semelhança entre os dois casos.
     D. Madalena procura estabelecer um confronto entre a situação de Inês, feliz "naquele ingano de alma ledo e cego / que a Fortuna não deixa durar muito" - felicidade que, em seu entender, não se mede pela duração, mas pela intensidade ("Viveu-se, pode-se morrer") -, e a sua situação: procura a felicidade pessoal, mas não a consegue alcançar pelos contínuos terrores que a perseguem, isto é, pelos remorsos de consciência moral, recalcada e abafada, mas viva e atuante.
     Por outro lado, antevemos aqui as imagens de duas figuras femininas pecadoras por amor-paixão que, embora diferentes nas suas circunstâncias e motivações, se acabam por sobrepor e ajustar.
     Em terceiro lugar, Inês de Castro representa a heroína trágica no amor, na beleza, na desventura e na morte. D. Madalena é igualmente trágica no amor, na beleza, na desventura e no desfecho infeliz que a destrói, não físicamente como aquela, mas psicologicamente. Ambas são perseguidas pelo Destino, inexorável e cruel, que as irmana na paixão impossível, embora por razões diversas. No entanto, há uma diferença entre as duas situações: a apaixonada de D. Pedro I ainda teve um "ingano de alma", ou seja, um momento de felicidade, ainda que fugaz, enquanto a esposa de Manuel de Sousa nem a esse breve "ingano" teve direito, o que faz com que deseje a felicidade, mesmo que de curta duração, após o que morreria feliz.
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