1. Releia a primeira estrofe.
1.1. Caraterize o ambiente em que o sujeito poético se situa.
1.2. Explicite a relação que ele mantém com a realidade que o cerca.
2. Atente, agora, nas estrofes 2 a 4.
2.1. Procure, na segunda estrofe, marcas do "estado febril" que o sujeito poético anunciara.
2.2. Explicite as razões que estão na origem desse delírio.
2.3. Prove, com passagens do poema, que todos os sentidos concorrem para esse estado de alucinação.
Com efeito, no estado de alucinação do sujeito poético intervêm os sentidos, através dos quais ele procura captar as sensações provocadas pelas máquinas ("de todas as minhas sensações" - v. 13): visuais ("e olhando os motores" - v. 15), gustativas ("Tenho os lábios secos" - v. 10), auditivas ("Rugindo, rangendo, ciciando" - v. 24), tácteis ("Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma." - v. 25).
2.4. No primeiro verso da terceira estrofe, "os motores" são comparados a "uma Natureza tropical".
2.4.1. Comente a expressividade dos adjetivos que, no verso 32, a caraterizam.
2.5. Evidencie o valor expressivo das aliterações presentes nos versos 16 e 24-25.
2.6. Explique, pelas suas próprias palavras, os versos em que o sujeito poético exalta a abolição das fronteiras entre passado, presente e futuro.
2.7. Interprete os desejos expressos pelo sujeito poético nas exclamações da quarta estrofe.
3. Na sétima estrofe (vv. 49-57), assistimos a uma pausa no ritmo alucinante do poema.
3.1. Justifique o recurso ao parênteses.
3.2. Indique os temas abordados, neste aparte, pelo sujeito poético.
Os temas abordados são a certeza da morte e a evocação nostálgica da infância.
3.3. Adiante hipóteses para esta reflexão no contexto do poema.
4. A partir da oitava e até à penúltima estrofe, retoma-se o ritmo alucinante que tinha sido interrompido.
4.1. Demonstre que o referido ritmo se desenvolve numa gradação crescente.
4.2. Assinale os versos em que o sujeito poético refere aspetos negativos da civilização moderna.
O sujeito poético refere os aspetos negativos da civilização moderna em dois momentos do poema: entre os versos 66 e 68 e 70 e 73.
4.3. Identifique o recurso estilístico presente nos versos 68 e 76.
5.1. Demonstre a veracidade da afirmação.
6. Comente o título do poema e relacione-o com a cultura do excesso tão cara aos sensacionistas. Deve ter em conta a definição de "ode" (cf. nota 3. do texto "Ricardo Reis - uma arte de viver", na página 69) e o significado do adjetivo "triunfal".
7. Observe atentamente o quadro de Picabia reproduzido na página 89.
7.1. Comente o quadro, relacionando-o com algumas passagens da "Ode Triunfal" que ele poderia ter inspirado.
Questionário adaptado do manual Entre Margens - 12.º ano (Porto Editora)
1.1. Caraterize o ambiente em que o sujeito poético se situa.
O sujeito poético encontra-se a escrever no interior de uma fábrica, num estado febril, rodeado de máquinas e sob a luz forte das "grandes lâmpadas elétricas".
1.2. Explicite a relação que ele mantém com a realidade que o cerca.
Logo nos primeiros versos do poema, o sujeito poético anuncia o seu estado febril ("Tenho febre" - v. 2) e violento ("Escrevo rangendo os dentes" - v. 3), provocado pela realidade que o cerca e resultante de sensações contraditórias. De facto, se, por um lado, ele se deleita a apreciar a beleza do que o rodeia no interior da fábrica, por outro, essa mesma beleza causa-lhe dor ("À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica" - v. 1).
2. Atente, agora, nas estrofes 2 a 4.
2.1. Procure, na segunda estrofe, marcas do "estado febril" que o sujeito poético anunciara.
As marcas do «estado febril» do sujeito poético são visíveis nas seguintes passagens: "Tenho os lábios secos" (v. 10) e "E arde-me a cabeça." (v. 12).
2.2. Explicite as razões que estão na origem desse delírio.
O delírio do sujeito poético é originado pelos "excessos" do ambiente em que o sujeito poético se encontra inserido. De facto, os movimentos "em fúria" e os "ruídos" ouvidos "demasiadamente perto" das máquinas da fábrica estão na base do seu estado febril.
2.3. Prove, com passagens do poema, que todos os sentidos concorrem para esse estado de alucinação.
Com efeito, no estado de alucinação do sujeito poético intervêm os sentidos, através dos quais ele procura captar as sensações provocadas pelas máquinas ("de todas as minhas sensações" - v. 13): visuais ("e olhando os motores" - v. 15), gustativas ("Tenho os lábios secos" - v. 10), auditivas ("Rugindo, rangendo, ciciando" - v. 24), tácteis ("Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma." - v. 25).
2.4. No primeiro verso da terceira estrofe, "os motores" são comparados a "uma Natureza tropical".
2.4.1. Comente a expressividade dos adjetivos que, no verso 32, a caraterizam.
A "Natureza tropical" é caracterizada como sendo "estupenda, negra, artificial e insaciável". Esta quádrupla adjetivação traduz os traços da civilização moderna mecânica e industrial, que é admirável e insondável, sofisticada e sôfrega.
2.5. Evidencie o valor expressivo das aliterações presentes nos versos 16 e 24-25.
Nos referidos versos, existem diversas aliterações. Desde logo, a aliteração em f ("ferro e fogo e força") que sugere o ruído e o caráter agressivo dos motores; depois a aliteração em r ("Rugindo, rangendo") recria o ruído forte e violento das máquinas e dos motores; por último, a aliteração em c ("excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma") sugere a suavidade de uma carícia.
2.6. Explique, pelas suas próprias palavras, os versos em que o sujeito poético exalta a abolição das fronteiras entre passado, presente e futuro.
Nos versos 18 a 23, o sujeito poético concentra os tempos num só, único, englobante e dinâmico. E fá-lo transportando para o presente (v. 19) e para o futuro (vv. 21-22) grandes personalidades do passado (Platão, Virgílio, Alexandre Magno, Ésquilo), estabelecendo entre elas relações de interdependência e de causa e efeito. Ou seja, se não tivesse existido, no passado, figuras criadores e impulsionadoras como as referidas, o presente não seria aquilo que é e o futuro seria, certamente, diferentes. O presente engloba, assim, o passado e possibilita o futuro.
2.7. Interprete os desejos expressos pelo sujeito poético nas exclamações da quarta estrofe.
Na quarta estrofe, o sujeito poético expressa o desejo de se identificar totalmente com as máquinas (vv. 26 a 28) - símbolo da modernidade -, ou, na impossibilidade de concretizar este desejo, ao menos poder estabelecer com elas uma relação estranha, eufórica que roça um erotismo delirante e doentio e o sadomasoquismo. Note-se o recurso aos advérbios "carnivoramente" e "pervertidamente" e ao gerúndio "enroscando", que apontam para a referida relação. Algo de semelhante é visível entre os versos 42 e 47. No fundo, estamos perante o sensacionismo excessivo do sujeito poético, que procura "sentir tudo de todas as maneiras", visto que "Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.".
3. Na sétima estrofe (vv. 49-57), assistimos a uma pausa no ritmo alucinante do poema.
3.1. Justifique o recurso ao parênteses.
O recurso ao parênteses traduz o caráter intimista que o sujeito poético assume nesta estrofe, numa espécie de aparte em que «regressa» ao passado.
3.2. Indique os temas abordados, neste aparte, pelo sujeito poético.
Os temas abordados são a certeza da morte e a evocação nostálgica da infância.
3.3. Adiante hipóteses para esta reflexão no contexto do poema.
4. A partir da oitava e até à penúltima estrofe, retoma-se o ritmo alucinante que tinha sido interrompido.
4.1. Demonstre que o referido ritmo se desenvolve numa gradação crescente.
O ritmo alucinante é retomado através das apóstrofes sucessivas (vv. 64-65), das interjeições (vv. 66-69), das repetições anafóricas (vv. 78-80), das interjeições e das enumerações (vv. 82-105), até culminar, no verso 106, com a onomatopeia final.
4.2. Assinale os versos em que o sujeito poético refere aspetos negativos da civilização moderna.
O sujeito poético refere os aspetos negativos da civilização moderna em dois momentos do poema: entre os versos 66 e 68 e 70 e 73.
4.3. Identifique o recurso estilístico presente nos versos 68 e 76.
O recurso estilístico é é o oximoro (vv. 68 e 76), que traduz os sentimentos contraditórios que caraterizam o sujeito poético.
5. Podemos afirmar que a conclusão do poema - a última estrofe (um monóstico) - é uma confissão de fracasso.
5.1. Demonstre a veracidade da afirmação.
A última estrofe pode interpretar-se como a confissão do fracasso, pois nela o sujeito poético manifesta a impossibilidade de realizar o seu desejo de se identificar completamente coma realidade que o rodeia, no fundo, com as máquinas.
6. Comente o título do poema e relacione-o com a cultura do excesso tão cara aos sensacionistas. Deve ter em conta a definição de "ode" (cf. nota 3. do texto "Ricardo Reis - uma arte de viver", na página 69) e o significado do adjetivo "triunfal".
O título do poema é reiterativo, visto que a «ode» é já, só por si, um canto em tom sublime, escrito num discurso entusiástico, de exaltação de alguém (um herói) ou algo (um feito, por exemplo). Ao ser acrescentado ao nome «ode» o adjetivo «triunfal», Álvaro de Campos remete desde logo para o tom hiperbólico com que vai cantar as máquinas, o triunfo da civilização moderna industrial.
7. Observe atentamente o quadro de Picabia reproduzido na página 89.
7.1. Comente o quadro, relacionando-o com algumas passagens da "Ode Triunfal" que ele poderia ter inspirado.
Questionário adaptado do manual Entre Margens - 12.º ano (Porto Editora)