Português

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Correção do exame nacional de Português - 12.º ano - 2.ª fase

Grupo I

A

1. Elementos que caracterizam Baltasar:
  • está de regresso a casa, após longa ausência («Regressou o filho pródigo» - linha 1);
  • vem acompanhado de uma mulher, com quem está relacionado sentimentalmente («trouxe mulher» - l. 1);
  • vem pobre («se não vem de mãos vazias, é porque uma lhe ficou no ca,po de batalha e a outra segura a mão de Blimunda» - ll. 1-2);
  • deficiente / mutilado («uma [mão] lhe ficou no campo de batalha» - ll. 1-2);
  • é um ex-soldado («uma lhe ficou no campo de batalha» - ll. 1-2).

2. A reação de Marta Maria é uma reação emocional pautada por sentimentos como os seguintes:
  • comoção e aflição ao notar a deficiência: «e era um dó de alma, uma aflição ver sobre o ombro da mulher um ferro torcido..." (ll. 6-7);
  • dor: «dividida entre a dor que a mutilação naquele braço" (ll. 16-17);
  • sofrimento (manifestado / visível no choro): «ouviu as lágrimas» (l. 18);
  • a inquietação e a procura de compreender / saber o modo, as circunstâncias, a autoria da mutilação: «Meu querido filho, como foi, quem te fez isto» (l. 19);
  • em suma, é uma reação onde se evidencia o amor, a preocupação, o coração de mãe de Marta Maria.
   A reação de João Francisco:
  • é menos emotivo, mais sereno do que a mãe;
  • opta pelo silêncio: «deu logo pela mutilação, mas dela não falou» (l. 30);
  • aconselha resignação: «Paciência» (l. 31);
  • aceita a deficiência como algo natural e expectável em quem se envolve numa guerra e corre os riscos que lhe são inerentes: «quem foi à guerra» (l. 31);
  • no entanto, a interjeição «Ah (,homem)»  parece sugerir uma emotividade logo reprimida.
     Em suma, estamos perante reações que se enquadram nos papéis tradicionais característicos da época, associados à figura materna e paterna, aquela emotiva e tipicamente feminina, este contido.


3. Aproximação entre Marta Maria e Blimunda:
  1. momento: Marta Maria pressentiu a presença de Blimunda, mesmo antes de a ver, e sentiu-se inquieta com a sua existência (a presença de outra mulher) na vida do filho;
  2. momento: Blimunda afastou-se, possibilitando a privacidade e intimidade daquele momento de reencontro em mãe e filho, após anos de ausência;
  3. momento: Baltasar apresentou as duas mulheres;
  4. momento: as duas mulheres agem como se se conhecessem e fossem família há muito tempo («daí a pouco estavam a sogra e a nora a tratar da ceia» - ll. 32-33).

4. O comentário do narrador constitui uma crítica genérica ao comportamento dos filhos, particularizada na atitude de Baltasar, que não informou os pais do seu regresso, da sua deficiência e da sua presença em Lisboa há dois anos, mantendo-os, desta forma, na dúvida e incerteza acerca do seu estado (de saúde ou não, vivo ou não), indiferente à sua dor e sofrimento, sentimentos motivados pela ausência física e ausência de notícias.
     A crítica é, pois, dirigida à insensibilidade e crueza de tal comportamento, causador de angústia e sofrimento nos pais, ainda para mais quando envolvidos em situações de risco, como é o caso de Baltasar na guerra.
     Consciente dessa falha, Baltasar explica ao pai a batalha, a sua mutilação e os anos de ausência, mas omite-lhe os anos passados em Lisboa, após o regresso a Portugal, há dois anos, pois dessas circunstâncias não os informara e tem consciência da falha que tal atitude comporta e de como magoaria ainda mais os seus pais, deixando-os permanecer na ignorância. Apenas dera notícias há poucas semanas, via carta, quando decidira regressar a casa.



B

. Introdução
  • A poética de Campos liga-se à estética de vanguarda futurista;
  • A ligação de Campos à vanguarda futurista concretiza-se na sua segunda fase poética, nomeadamente em poemas como «Ode triunfal»;
  • Os movimentos que a evidenciam são o futurismo e o Sensacionismo.

. Desenvolvimento
  • Futurismo:
               - Corte com o passado e expressão artística do dinamismo e da vida
                  moderna;
               - Apologia da civilização moderna industrial e do seu ritmo, da técnica,
                  da máquina, da velocidade, do movimento...;
               - Atitude escandalosa e chocante (linguagem erótica, evocadora de
                  traços sadomasoquistas);
               -  Nova linguagem:
                         . ritmo torrencial;
                         . acumulação de recursos estilísticos;
                         . destruição da sintaxe;
               - Medida:
                         . versos livres e longos;
                         . versos próximos da prosa e da oralidade.
  • Sensacionismo:
               - Procura das sensações;
               - Vivência excessiva das sensações («Sentir tudo de todas as maneiras»);
               - Atitudes sadomasoquistas.

. Conclusão




Grupo II

           Versão 1                                               Versão 2

1.1.         B                                                              D

1.2.         D                                                              A

1.3.         B                                                              D

1.4.         C                                                              B

1.5.         A                                                              C

1.6.         C                                                              A

1.7.         D                                                              B

2.1. Complemento direto.

2.2. «(d) as palavras»

2.3. Oração subordinada adverbial concessiva.



Grupo III

. Introdução
  • Tradicionalmente, homens e mulheres desempenhavam papéis diferentes, eles mais ligados a atividades exteriores e elas a atividades domésticas e familiares;
  • Ao longos os tempos esses papéis sofreram alterações;
  • Atualmente, a mulher desempenha um papel mais ativo e próximo do masculino em diversas áreas, especialmente no Ocidente.
. Desenvolvimento
  • Argumento 1: A mulher lutou pela alteração da sua condição social e atingiu um plano de igualdade em diversos setores, superando o seu papel tradicional, limitado à vida caseira e familiar.
  • Exemplo 1: A mulher está no mercado de trabalho como o homem e já ocupa cargos de chefia e poder (embora em menor número) nas empresas, na política, etc., como exemplificam figuras como a sr.ª Merkel (PM da Alemanha) ou Assunção Esteves (presidente da Assembleia da República).
  • Argumento 2: O homem adotou uma postura de complementaridade, cooperação e entreajuda relativamente ao novo papel feminino.
  • Exemplo 2: A partilha das tarefas domésticas e no crescimento e educação dos filhos entre a mulher e o homem.
  • Argumento 3: A mulher possui um estatuto social de maior liberdade e independência ao nível dos comportamentos, da postura e do agir.
  • Exemplo 3: A mulher sai sozinha e convive socialmente, sem necessitar de acompanhamento ou tutela masculina.
 . Conclusão
  • Os papéis tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres alteraram-se profundamente;
  • A condição masculina e feminina não é, porém, de igualdade absoluta no acesso ao trabalho, no desempenho de cargos de chefia, etc., onde o homem continua a predominar;
  • Esta situação ocorre, preferencialmente, no Ocidente, pois noutras zonas do mundo a mulher continua a viver sob o jugo masculino.

Reapreciação de Exames do Ensino Secundário - Procedimentos

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Resultados da Sondagem (texto do grupo I)


     O instinto dos alunos, por vezes, é de uma precisão assustadora. De facto, previram, por esmagadora maioria (44, 81%) que o texto do grupo I seria de Os Lusíadas. Bingo!
     E amanhã???

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Melhoria dos resultados escolares

     Perante os resultados «menos bons» dos exames nacionais, o MEC foi rápido a atuar e adotou as seguintes medidas:


terça-feira, 10 de julho de 2012

"Tribunal", Miguel Torga

Não há outros comparsas no processo.
Eu acuso e defendo e sou juiz
Do réu que também sou, preso por mim.
O crime é um ato de rebelião
Contra os altos ditames da razão,
Que mandam que me aceite como vim.

Ora eu não me quero tal e qual!
Desejo-me intangível, imortal,
Não sei ao certo ainda em que universo...
E aguardo, cabisbaixo, o julgamento,
Enquanto vou sentindo o pensamento
Evadir-se da sala em cada verso.

"Wonderful World, Sam Cooke (1960)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Naufrágio

     Apurados os resultados da votação do júri nacional, conclui-se que:
  1. se trata dos piores resultados de sempre: média de 8, 38;
  2. cumpriram-se as previsões.

Nota do Exame de Português (12.º ano)



terça-feira, 3 de julho de 2012

Calendário escolar 2012-2013

Das aparências

          Sei que pareço um ladrão...
          Mas há muitos que eu conheço
          Que, não parecendo o que são,
          São aquilo que eu pareço.

                                                António Aleixo

segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Aos Filhos"

          Já nada nos pertence,
          nem a nossa miséria.
          O que vos deixaremos
          a vós o roubaremos.

          Toda a vida estivemos
          sentados sobre a morte,
          sobre a nossa própria morte!
          Agora como morreremos?

          Estes são tempos de
          que não ficará memória,
          alguma memória teríamos
          fôssemos ao menos infames.

          Comprámos e não pagámos,
          faltámos a encontros:
          nem sequer quando errámos
          fizemos grande coisa!

                       
  Manuel António Pina, in Um Sítio onde pousar a Cabeça

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Metas curriculares de Português

IndiferentOs e ignorantOs

     «Recém-regressada ao solo pátrio e sem ter visto as solenes comemorações do Dia de Portugal, constato na passada quinta-feira à noite, na SIC-Notícias, ter sido definitivamente abolida a invariância de género na Língua Portuguesa.
     Com a perplexidade da incauta viajante acabada de aterrar nesta terra minha que tanto venho estranhando, interrogo-me: será este um 3.º protocolo modificativo ao dito "acordo" dito "ortográfico"? Tudo é possível, bastando uns dias de ausência e de distracção quanto às surpresas com que nos brindam os nossos altos dirigentOs...
     No noticiário das dez, lá estava o presidentO do Futebol Clube do Porto dizendo-se honrado por ter sido recebido pela presidentA da Assembleia da República. Correndo o risco de ser insolentA, confesso que levei tais declarações à conta de o senhor Pinto da Costa não ter sido provavelmente um aplicado estudantO, pese embora a notável carreira ascendentA de dirigentO desportivo...
     Porém, já de madrugada, no programa "Fora d'Horas" da mesma SIC-Notícias, tudo se confirmou. Depois de Martim Cabral se ter dito apátrida de coração, admitindo não encontrar localização para a sua alma internacional no mapa mundi, apregoa-se feiministO e apoia a correspondentA da SIC no Rio de Janeiro, Ivani Flora, na utilização da palavra "presidenta". Diz mesmo, com desdém sobranceiro, ser essa uma questão de mera extensão do "acordo ortográfico", e uma polémica estéril de idêntica irrelevância. Questões mais relevantAs parecem ser as da espuma dos dias com que os jornalistOs se entretêm e nos entretêm, de facto...
     Henrique Cymerman, correspondentO da SIC em Tel Aviv, secunda ambos mas apela à compreensão perante a oposição resistentA a tais alterações. Observa que a língua é lenta a evoluir - coitada! -, não consegue acompanhar o ritmo dos tempos... José Milhazes, correspondentO da SIC em Moscovo que até dá aulas de Português a russos, ri-se e acena a sua concordância.
     Apenas Fernando de Sousa, correspondentO em Bruxelas, parece abster-se. A convidada em estúdio (ex-assessora do ex-MNE Luís Amado) ainda esboça e reitera umas reticências, mas é incapaz de fundamentá-las, como se a existência de "presidentAs" não implicasse necessariamente a existência de "presidentOs"... (Estes, como a presidenta Dilma Rousseff ou o presidentO Cavaco Silva, portadores de reconhecida iliteracia funcional...) Mas a ignorância crassa dos jornalistOs, cujo ofício requer o uso da Língua Portuguesa como ferramenta de trabalho quotidiana, essa demonstra bem o País que temos, o do "acordês" televisivo e o da TLEBS na escolas, um País sem direito ao trabalho e à saúde, sem direito à informação e à escolarização de qualidade aceitável, sem direito à língua e à cultura, esta cada vez mais "apagada e vil tristeza", este imerecimento ignorantO do passado, e esta ausência de futuro tão placidamente aceitA.

Madalena Homem Cardoso, in Público
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...