terça-feira, 24 de junho de 2014
A função pública e a austeridade, uma relação que resiste ao tempo
segunda-feira, 23 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
O rigor do Ministério da Educação e Ciência
«A frase que os alunos do 12.º
ano tiveram de classificar na questão 2.3 do grupo II do exame nacional de
Português pode não pertencer a Lídia Jorge, como admite a própria escritora e
autora de pelo menos a maior parte do texto, originalmente publicado na revista
Camões.
(...)
No exame, o texto publicado no
grupo II é atribuído a Lídia Jorge. Este sábado, no entanto, a escritora,
quando contactada pelo PÚBLICO, admitiu não estar absolutamente certa de ter
escrito as duas últimas frases do testemunho analisado pelos alunos do 12.º ano
e originalmente publicado na página 108 da edição da revista Camões n.ºs 9-10,
de Abril-Setembro de 2000. Já Almeida Faria, que escreveu igualmente sobre Eça
de Queirós um texto publicado na página 107 da mesma revista, assegura ter “a
certeza absoluta de que as duas frases são” da sua autoria.»
(c) Público
quarta-feira, 18 de junho de 2014
"Não gosto do brasileiro", Alexandre Martins
A minha rua estava deserta. Horas
antes daquele jogo, o esqueleto, o peco, o bijas e outros ranhosos como eu
tínhamos ocupado os nossos lugares cativos no passeio para arrasarmos aquela
ideia estúpida de que no futebol tudo pode acontecer: o Brasil ia ganhar à
Itália e não se falava mais nisso.
Eles tinham o calcanhar de Sócrates, os passes de Falcão e a
força de Leovegildo Lins da Gama Júnior, ou apenas Júnior – um defesa que
também jogava no meio-campo e que foi obrigado a resumir a imponência do seu
nome completo a um modesto apelido só para caber nos cromos da Panini. Todos
eles eram Zico dos pés à cabeça.
E nós, na Rua 3, tínhamos o
esqueleto, o peco, o bijas e outros ranhosos como eu, à falta de uma selecção
portuguesa para apoiar nesse Mundial. E também tínhamos o brasileiro.
Nascido em Angola e neto de portugueses, foi parar à minha
rua da mesma forma que quase todos nós tínhamos ido parar à nossa rua. Mas isso
era coisa de adultos: eles ainda discutiam se o Mário Soares era bom ou era
mau, e nós discutíamos se o Serginho tinha lugar na selecção do Brasil. (É
claro que não tinha).
O certo é que todos nós também
éramos Zico. Uns nos pés, outros na cabeça, outros só quando adormeciam e
começavam a sonhar.
Os pés do Zico eram do peco, que
fintava toda a gente, ia lá à frente marcar um golo e ainda regressava a tempo
de fintar a própria sombra; o esqueleto ficou com a cabeça, que levantava para
ver onde ia pôr a bola enquanto rodopiava sobre si mesmo e nos mantinha à
distância com os longos braços.
Eu estava no meio, só que no meio errado: tinha a precisão
de passe do peco e a fantasia do esqueleto, precisamente a soma dos zeros de
cada um deles. (Ainda hoje me gabo de ter sido a criança magra que mais vezes
foi à baliza em toda a história do futebol de rua).
Mas agora a minha rua estava deserta.
Por um qualquer fenómeno que ainda hoje resiste às leis da ciência e aos
mistérios da religião, o Brasil acabara de perder com a Itália, em Espanha, e
tudo na minha rua ficou diferente. Nem a rulote do Nando, que vendia as
melhores pastilhas Gorila de Portugal, voltou a abrir nesse dia.
Eu e os meus amigos tínhamos
acabado de receber a primeira lição de vida através do futebol. Uma lição que
ainda hoje me acompanha sempre que me levanto da cama: faças o que fizeres,
nunca vistas de amarelo.
Mal acabou o jogo, os pais do
brasileiro pegaram nele e foram morar para o Brasil. Há quem diga que passaram
quatro anos entre uma coisa e outra, mas não é essa a recordação que eu tenho
da mentira que contei na frase anterior.
Eu, o esqueleto e o brasileiro
éramos os melhores amigos. Separar aquele grupo foi como arrancar o Zico ao
Sócrates e ao Falcão. Ainda hoje falo sobre futebol com o esqueleto, que perdeu
o direito à alcunha em meados da década de 1990. Mas não falo muito com o
brasileiro porque já não gosto dele. Não gosto do brasileiro porque ele se foi
embora.
Exame Nacional de Português 12.º Ano - 2014 - Correção (1.ª chamada)
Grupo I
1. A construção e o voo inaugural da
passarola resultam da conjugação das capacidades e dos esforços das três
personagens:
– o padre
Bartolomeu de Gusmão contribui com o saber científico e a inteligência –
«viajei à Holanda» (linha 19); «estou subindo ao céu por obra do meu génio»
(linhas 22 e 23);
– Baltasar
contribui com a sua força e o seu trabalho manual – «Puxa, Baltasar» (linha 5);
«por obra da mão direita de Baltasar» (linha 24);
– Blimunda
contribui com os seus poderes sobrenaturais, que permitem ver o que escapa ao
olhar humano – «por obra também dos olhos de Blimunda» (linha 23); num momento
de hesitação, é também ela quem leva Baltasar a agir – «Blimunda aproximou-se,
pôs as duas mãos sobre a mão de Baltasar, e, num só movimento, como se só desta
maneira devesse ser, ambos puxaram a corda.» (linhas 6 a 8).
2. Num primeiro momento, Baltasar e
Blimunda começam por ser apanhados de surpresa pelo súbito movimento da
passarola – «tinham caído no chão de tábuas da máquina» (linhas 14 e 15); «Não
tinham medo, estavam apenas assustados com a sua própria coragem» (linha 26).
Depois, erguem-se, ficam deslumbrados e deixam de estar assustados.
Num segundo momento, as reações
individualizam-se:
– Baltasar dá
largas à sua alegria – «Ah, e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a
Blimunda e desatou a chorar, parecia uma criança perdida» (linhas 31 e 32); «e
agora soluça de felicidade» (linha 33);
– Blimunda
mantém a calma e o discernimento – «Então Blimunda disse, Se não abrirmos a
vela, continuaremos a subir, aonde iremos parar, talvez ao sol.» (linhas 37 e
38).
3. O padre manifesta um estado de euforia, pois sente-se realizado e vitorioso pelo facto de ter conseguido concretizar o seu sonho de voar.
Esta euforia é enfatizada pela
evocação de situações anteriormente vividas pelo padre, as quais, pela relevância
que assumiram, aumentam agora o seu contentamento:
– a viagem à
Holanda para aquisição de saber – «o mar por onde viajei à Holanda» (linha 19);
– o apoio
discreto de D. João V – «se me visse el-rei» (linhas 20 e 21);
– a troça de
que foi alvo – «se me visse aquele Tomás Pinto Brandão que se riu de mim em
verso» (linha 21);
– a
perseguição da Inquisição – «se o Santo Ofício me visse» (linhas 21 e 22).
4. O peixe voador simboliza o homem ambicioso, que não tem consciência dos limites impostos pela sua
natureza e pelas suas capacidades.
Para evidenciar esta característica, o pregador faz referência ao comportamento dos peixes voadores que, por possuírem grandes barbatanas, agem como se fossem aves e pudessem voar.
5. A inconsciência e a presunção do peixe voador fazem-no correr riscos inúteis e graves, pois, para além
de poder ser vítima dos perigos do mar, é vítima das velas e das cordas dos navios, perigos do ar – «o
Voador toca na vela ou na corda, e cai palpitando» (linhas 11 e 12). Assim, encontra frequentemente a
morte – «Aos outros peixes mata-os a fome e engana-os a isca, ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a
sua isca é o vento.» (linhas 12 e 13).
Grupo II
Versão 1 Versão 2
1.1. B (interpretação idealista daquilo que o rodeia)
1.2. C (mantém-se inalterada)
1.3. A (passou a integrar o real de forma mais complexa)
1.4. D (da dificuldade dos leitores em entenderem a literatura subsequente)
1.5. C (uma metáfora)
1.6. A (obrigação)
1.7. D (expositivo)
NOTA: De acordo com os critérios do GAVE, a opção correta é a C - argumentativo. Com a devida dose de humildade perante a sapiência de quem elaborou a prova e os respetivos critérios, é nossa opinião que esta pergunta não faz sentido e está mal formulada, dada a «proximidade» entre o texto expositivo e o argumentativo, bem exemplificada no excerto indicado.
2.1. Predicativo do sujeito
2.2. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa
2.3. Ato ilocutório compromissivo
1.4. D (da dificuldade dos leitores em entenderem a literatura subsequente)
1.5. C (uma metáfora)
1.6. A (obrigação)
1.7. D (expositivo)
NOTA: De acordo com os critérios do GAVE, a opção correta é a C - argumentativo. Com a devida dose de humildade perante a sapiência de quem elaborou a prova e os respetivos critérios, é nossa opinião que esta pergunta não faz sentido e está mal formulada, dada a «proximidade» entre o texto expositivo e o argumentativo, bem exemplificada no excerto indicado.
2.1. Predicativo do sujeito
2.2. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa
2.3. Ato ilocutório compromissivo
terça-feira, 17 de junho de 2014
Exame Nacional de Português 9.º Ano - 2014 - Correção (1.ª chamada)
Grupo I
1.
E
C
G
D
A
F
B
2.1. D
2.2. B
2.3. C
2.4. C
2.5. D
Grupo II
1. Recompensa inicial: dar três moedas de ouro ao almocreve.
Recompensa efetivamente dada: uma moeda ("um cruzado de prata" - linha 27).
2. A expressão refere-se à fala que o almocreve dirige ao jumento, o qual, enquanto animal irracional, não lhe responde, daí tratar-se de um «monólogo». Por outro lado, o adjetivo «paternal» remete para a ideia de um pai que aconselha e protege, carinhosamente, o seu filho. Com efeito, o almocreve dá-lhe conselhos de que «tomasse juízo» e adverte-o para um possível castigo a aplicar pelo narrador.
3. De facto, estamos na presença de duas figuras pertencentes a classes sociais diferentes: o almocreve é uma personagem pertencente ao povo, sem cultura e instrução, enquanto o narrador é um recém-licenciado da Universidade de Coimbra.
Essa diferença é visível na linguagem, já que o almocreve se expressa num nível popular («vosmecê», «diabo do bicho») e faz uso da terceira pessoa («vosmecê»), enquanto o narrador se lhe dirige na primeira pessoa («deixa-me» - linha 11) e faz uso de uma linguagem cuidada.
É, ainda, evidente nos comportamentos do primeiro, nomeadamente no gesto de falar com o burro como se fosse um ser humano, de o beijar na testa (ll. 23-24) e na forma cortês e exagerada como agradece a moeda dada (ll. 29-30).
4. A afirmação significa que, na ótica do narrador, afinal não havia qualquer mérito no ato do almocreve de o ter socorrido, pelo que não haveria justificação para a a recompensa.
Os motivos que o levam a afirmar tal são os seguintes: primeiro, o almocreve, ao socorrê-lo, não foi movido por qualquer desejo de recompensa ou virtude, antes por impulso natural, por temperamento, «hábitos do ofício»; segundo, foi um ato fruto de mera casualidade, um «instrumento da Providência» (l. 36) encontrar-se, naquele exato momento, no local do acidente..
5.
a) Sentimento do narrador:
- agradecimento / gratidão / reconhecimento («Bom almocreve!»).
b) Recompensa: três moedas de ouro.
c) Alteração da atitude do narrador: considera a gratificação inicialmente pensada excessiva (ll. 17-18), por isso crê que basta dar-lhe duas e, posteriormente, apenas uma.
d) Justificação: o almocreve era um homem simples, pobre, que nunca vira uma moeda de ouro e, portanto, se contentava com pouco (ll. 18-20).
e) Motivo dos «remorsos»: considera a recompensa dada excessiva, um gasto inútil e exagerado.
f) Ponto de vista: o narrador revelou-se um homem mesquinho e mal agradecido.
Justificação: na linha 4, considera que o almocreve lhe salvou a vida, logo nenhuma recompensa seria demasiada para agradecer tal gesto.
OU
Ponto de vista: a mudança de atitude é justificável e compreensível.
Justificação: o almocreve não agiu com a intenção de ser recompensado, antes procedeu como qualquer ser humano procederia ao ver um seu semelhante em perigo.
3. De facto, estamos na presença de duas figuras pertencentes a classes sociais diferentes: o almocreve é uma personagem pertencente ao povo, sem cultura e instrução, enquanto o narrador é um recém-licenciado da Universidade de Coimbra.
Essa diferença é visível na linguagem, já que o almocreve se expressa num nível popular («vosmecê», «diabo do bicho») e faz uso da terceira pessoa («vosmecê»), enquanto o narrador se lhe dirige na primeira pessoa («deixa-me» - linha 11) e faz uso de uma linguagem cuidada.
É, ainda, evidente nos comportamentos do primeiro, nomeadamente no gesto de falar com o burro como se fosse um ser humano, de o beijar na testa (ll. 23-24) e na forma cortês e exagerada como agradece a moeda dada (ll. 29-30).
4. A afirmação significa que, na ótica do narrador, afinal não havia qualquer mérito no ato do almocreve de o ter socorrido, pelo que não haveria justificação para a a recompensa.
Os motivos que o levam a afirmar tal são os seguintes: primeiro, o almocreve, ao socorrê-lo, não foi movido por qualquer desejo de recompensa ou virtude, antes por impulso natural, por temperamento, «hábitos do ofício»; segundo, foi um ato fruto de mera casualidade, um «instrumento da Providência» (l. 36) encontrar-se, naquele exato momento, no local do acidente..
5.
a) Sentimento do narrador:
- agradecimento / gratidão / reconhecimento («Bom almocreve!»).
b) Recompensa: três moedas de ouro.
c) Alteração da atitude do narrador: considera a gratificação inicialmente pensada excessiva (ll. 17-18), por isso crê que basta dar-lhe duas e, posteriormente, apenas uma.
d) Justificação: o almocreve era um homem simples, pobre, que nunca vira uma moeda de ouro e, portanto, se contentava com pouco (ll. 18-20).
e) Motivo dos «remorsos»: considera a recompensa dada excessiva, um gasto inútil e exagerado.
f) Ponto de vista: o narrador revelou-se um homem mesquinho e mal agradecido.
Justificação: na linha 4, considera que o almocreve lhe salvou a vida, logo nenhuma recompensa seria demasiada para agradecer tal gesto.
OU
Ponto de vista: a mudança de atitude é justificável e compreensível.
Justificação: o almocreve não agiu com a intenção de ser recompensado, antes procedeu como qualquer ser humano procederia ao ver um seu semelhante em perigo.
Grupo III
1.
Grupo 1:
- a) astro - estrela
- f) metal - prata
- h) sentimento - remorso
Grupo 2:
- c) arrogância - humildade
- i) conhecimento - ignorância
Grupo 3:
- e) recompensa - gratificação
- g) preço - valor
Grupo 4:
- d) livro - página
- b) cidade - avenida
- j) colete - bolso
2. B
3. Complemento oblíquo: «da estante».
4.1. Aprecio autores que recorrem ao humor, quando o usam com inteligência.
4.2. Como os nossos primos gostam de ler, oferecer-lhes-emos alguns livros.
5. C
- a) astro - estrela
- f) metal - prata
- h) sentimento - remorso
Grupo 2:
- c) arrogância - humildade
- i) conhecimento - ignorância
Grupo 3:
- e) recompensa - gratificação
- g) preço - valor
Grupo 4:
- d) livro - página
- b) cidade - avenida
- j) colete - bolso
2. B
3. Complemento oblíquo: «da estante».
4.1. Aprecio autores que recorrem ao humor, quando o usam com inteligência.
4.2. Como os nossos primos gostam de ler, oferecer-lhes-emos alguns livros.
5. C
Grupo IV
Funções do humor:
- divertir: a cena dos amantes, a ingenuidade do Marido (Auto da Índia), a linguagem
do Joane (Auto da Barca do Inferno), etc.;
- criticar comportamentos, atitudes, formas de estar e pensar (o adultério da Ama, o
oportunismo dos amantes, o comportamento dos portugueses na Índia (Auto da
Índia), etc.;
- denunciar ideias e problemas sociais considerados errados (o adultério, a ganância,
a usura, a mentira, etc.);
- criticar / denunciar preconceitos, estereótipos (religiosos, morais, sexuais, etc.).
- divertir: a cena dos amantes, a ingenuidade do Marido (Auto da Índia), a linguagem
do Joane (Auto da Barca do Inferno), etc.;
- criticar comportamentos, atitudes, formas de estar e pensar (o adultério da Ama, o
oportunismo dos amantes, o comportamento dos portugueses na Índia (Auto da
Índia), etc.;
- denunciar ideias e problemas sociais considerados errados (o adultério, a ganância,
a usura, a mentira, etc.);
- criticar / denunciar preconceitos, estereótipos (religiosos, morais, sexuais, etc.).
terça-feira, 10 de junho de 2014
Oração problemática...
Teste de avaliação...
Pergunta: Classifica a oração «porque escreveu grandes obras.»
Resposta da aluna (?): oração problemática.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Correção do exame de 4.º ano
Aqui: http://aefcr-be.blogspot.pt/2014/05/correcao-do-exame-nacional-de-4-ano-2014.html
domingo, 18 de maio de 2014
sábado, 10 de maio de 2014
sexta-feira, 9 de maio de 2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
quarta-feira, 7 de maio de 2014
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