terça-feira, 7 de setembro de 2021
Capítulo XII de A Sibila
"Eis aqui
a senhora Joaquina Augusta, da casa da Vessada, a quem o seu acréscimo de
propriedades e riquezas em rendosos dinheiros conferia já o título de dona.
Tinha cinquenta e oito anos, mantinha-se com uma esbelteza de rapariga, se bem
que um tanto corcovada e de cabeleira totalmente branca. Estava ela no apogeu
das suas faculdades de administradora, de discernimento e de vivacidade. (...)
Estava perfeita no seu cargo de sibila...". (pp. 134-135)
Por outro lado,
na página 138, a narradora fez referência à tendência popular para atribuir e
conservar alcunhas: "Estava ela [Custódio] registada com o nome de Emílio,
mas, como todas as crianças antes do batismo são chamadas Custódios pelo povo,
aos quatro anos designavam-no apenas como tal, e nunca o reconheceram com outro
nome".
De facto, a
entrada de Custódio na sua vida vai operar nela uma grande mudança,
despertando-lhe toda a sua recalcada capacidade de ternura humana:
"Tinha-se operado nela uma estranha mudança. (...) Tinha ganho talvez em
suavidade e simpatia, mas, de facto, alguma coisa do seu carácter se
constrangera até se estiolar.". (p. 140)
- "belo e fatal"
- "quase adolescente"
-"graças dum efebo um tanto selvagem":
. "no expectante do gesto"
. "no
movimento da cabeça (...) ingénuo"
- lábio vulgar e espesso demais
- fronte saliente e obtusa
- cabelos curtos
- olhos azuis, baços
Capítulo XI de A Sibila
Poesia Trovadoresca Galego-Portuguesa
domingo, 5 de setembro de 2021
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
Antes de o ou antes do?
Por regra, as preposições a, de, em e por contraem-se quando estão seguidas dos determinantes artigos definidos o, a, os, as.
No entanto, quando na frase está presente uma forma verbal no modo infinitivo, a referida contração não ocorre, visto que o determinante artigo faz parte do sujeito da oração infinitiva.
"Alugar" e "arrendar"
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
Análise de "Serenata sintética", de Cassiano Ricardo
Análise de "Poética", de Cassiano Ricardo
Uma ilha cercada de palavras por todos os lados.
Um homem que trabalha o poema com o suor de se rosto.
Um homem que tem fome como qualquer outro homem.
O tema do poema é o universo
poético, mais concretamente a poesia e o poeta, como indicia o título do texto.
De facto, este indica o assunto da composição, funcionando como uma espécie de
verbete do qual o poema (as estrofes) representa as definições.
Ambas as estrofes possuem uma
estrutura semelhante: pergunta seguida de resposta. A primeira procura esclarecer
o que é a poesia: “uma ilha cercada de palavras por todos os lados”. Uma ilha é
uma porção de terra cercada por todos os lados de água. Na realidade, esta
definição é incorreta, visto que essa extensão de terra é uma porção emersa de
uma montanha submersa. Se fosse mesmo cercada por todos os lados, teria água
acima e abaixo da extensão de terra, o que não é verdade. Seja como for, a
definição apresentada de poesia enfatiza a importância da palavra: qualquer uma
pode ser dotada de poeticidade.
A segunda interrogação destina-se a
saber o que é um poeta. Este é definido como um homem comum, que trabalha e tem
necessidades (fome) como qualquer outro homem. Por outro lado, o poeta é um ser
que vive do seu suor, do seu trabalho esforçado, e que precisa de se alimentar
como qualquer outra pessoa. Ora, estas aproximações roubam um pouco o
romantismo associado ao ofício de poeta, que necessita, como qualquer outro
indivíduo, de possuir rendimentos para (sobre)viver.