● Contextualização
Antes de analisarmos o capítulo IV,
convém ter presente o que sucedeu antes, nomeadamente no segundo e no terceiro.
Assim, no capítulo II, encontramos
Simão a estudar em Coimbra, adepto dos ideais da Revolução Francesa,
conservando o seu caráter conflituoso. Entretanto, regressa a Viseu, onde
conhece Teresa e se apaixona por ela, o que faz com que mude o seu
comportamento: abandona a vida de estroinice e as “companhias da ralé”. No
entanto, esse amor correspondido é contrariado por Tadeu de Albuquerque por
ódios familiares. Simão regressa a Coimbra e corresponde-se com Teresa. Numa
das cartas, fica a saber que o pai da amada a quer casar com o primo Baltasar
Coutinho. Estamos já no terceiro capítulo e os amores dos dois jovens são
violentamente contrariados. Contudo, Teresa opõe-se à vontade do pai e recusa o
casamento com Baltasar. A consequência desse ato de rebeldia é o seu envio para
um convento, mas a jovem promete “julgar-se morta para todos os homens, menos
para seu pai”.
● Estrutura interna
do capítulo
Podemos dividir este capítulo em
quatro momentos.
▪ 1.º momento (dois parágrafos iniciais): reflexão do
narrador sobre a mulher e caracterização de Teresa.
▪ 2.º momento (“Ao romper da alva dum domingo de
junho”): diálogo entre Teresa e o pai.
▪ 3.º momento (“O académico, chegado ao período das
ameaças…”): efeitos, em Simão, da carta em que Teresa conta as tentativas do
pai para a casar com Baltasar.
▪ 4.º momento (“No dia seguinte…”): Simão instala-se em
casa de João da Cruz e prepara-se para se encontrar com Teresa.
● Reflexão do
narrador sobre a mulher
O capítulo abre com uma reflexão do
narrador sobre a mulher, tal como ela se apresenta no romance. A partir dessa
reflexão, parte-se para a caracterização de Teresa.
A primeira frase estabelece uma ponte
entre os capítulos III e IV: “O coração de Teresa estava mentindo.” De facto,
no final do terceiro capítulo a jovem tinha assegurado ao pai que não
continuaria a amar Simão e que se julgaria morta para todos os homens, menos
para seu pai. No entanto, esta frase demonstra que Teresa estava a mentir, pelo
que não cumprirá a sua promessa, que fizera apenas por necessidade e astúcia,
pois ninguém pode comandar o coração: “Vão lá pedir sinceridade ao coração!”
Recuando novamente ao capítulo anterior, depois de declarar a Baltasar que não
o amava e que, por isso, não casaria com ele, Teresa é ameaçada pelo pai de ir
para um convento. Perante a ameaça, a fidalga faz a promessa, para evitar que
aquela se cumpra, mostrando-se perspicaz e não hesitando em mentir.
● Caracterização de
Teresa
O retrato de Teresa é feito de forma
muito elogiosa, configurando o perfil da heroína romântica.
O narrador inicia o capítulo,
aludindo a uma mentira de Teresa (“[…] coração de Teresa estava mentindo.”),
que se refere ao facto de a jovem ter prometido ao pai que não amaria nenhum
outro homem a partir desse momento. Não se trata, porém, de uma mancha de
caráter de Teresa, antes de um recurso necessário para conseguir prosseguir o
seu amor com Simão.
A jovem é apresentada como uma
“mulher varonil”, com força de caráter, orgulhosa (“orgulho fortalecido pelo
amor”) e com “despego das vulgares apreensões”. Além disso, é uma figura
distintíssima, excecional, isto é, diferente do habitual: “[…] a mulher do
romance quase nunca é trivial”; “era distintíssima”.
Por outro lado, Teresa demonstra
possuir uma grande capacidade de argumentação, determinação, inteligência,
força e até frieza na forma como assume a sua posição e recusa ceder à vontade
do pai.
De estatuto nobre, jovem, pura e
frágil, o seu caráter pouco convencional, pautado pela capacidade de
autodomínio, astúcia e perspicácia na defesa do amor, configuram-na como uma
heroína romântica. No entanto, nessa qualidade de heroína romântica, está
condenada e cairá em desgraça: “A mim me basta, para crer em sua distinção, a
celebridade que ela veio a ganhar à conta da desgraça.”
Deste modo, Teresa continua a
corresponder-se com Simão, omitindo-lhe as ameaças de Baltasar para não
despertar nele a sua fúria. Apaziguado o pai, a vida parece tranquila a Teresa,
já que Tadeu não voltara a falar no convento nem no casamento com Baltasar, que
regressara a casa: “Parecia bonançoso o céu de Teresa. Seu pai não falava em
claustro nem em casamento. Baltasar Coutinho voltara ao seu solar de Castro
Daire”.
● Diálogo entre
Teresa e o pai
A presença do diálogo transforma a
narrativa numa cena dramática, como se se tratasse de uma representação
teatral, em tempo real e não concentrado. Por outro lado, o diálogo faz com que
a tensão do relato aumente. Além disso, o narrador fornece ao leitor breves
indicações, semelhantes às didascálias do texto dramático, como sejam a
entoação de voz das personagens, os gestos, o aspeto físico, etc. Assim sendo,
podemos considerar que o diálogo preenche, no Amor de Perdição, duas
funções: 1.ª) confirmar as características das personagens; 2.ª) apresentar a
transgressão como um dos fios condutores da ação – contra os costumes da época,
Teresa, a filha, recusa a vontade do pai, Tadeu de Albuquerque.
Este diálogo interrompe o ritmo
rápido da narração e evidencia a oposição entre pai e filha, a partir do que
conversam sobre o casamento.
▪ Caracterização de Tadeu de Albuquerque
Tadeu inicia o dia relembrando à
filha as suas “condescendência e brandura” e procura convencê-la de forma
carinhosa (“cariciosamente”) a casar com Baltasar (“ – Vais hoje dar a mão de
esposa a teu primo Baltasar, minha filha.”).
Esta fala inicial de Tadeu de
Albuquerque mostra que a sociedade da época se regia pela violência e pela
submissão total da mulher ao pai e/ou ao marido: “É preciso que te deixes
cegamente levar pela mão de teu pai. Logo que deres este passo difícil,
conhecerás que a tua felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela
violência. Mas repara, minha querida filha, que a violência de um pai é sempre
amor.” Tadeu rege-se, de facto, pelas normas da época, mesmo que isso implique
a infelicidade da sua filha. Atente-se na forma como ele procura justificar a
sua intenção de casar a filha com Baltasar sem o consentimento dela: “[…]
conhecerás que a tua felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela
violência.”. A antítese “felicidade” / “violência” sugere que Tadeu queria, de
forma prepotente e autoritária, assegurar a felicidade de Teresa, que não seria
ainda lúcida para escolher o caminho certo para a sua vida. Assim sendo, a
imposição do pai constituiria um gesto de amor. Condescendente, afirma que
outro, no seu lugar, teria castigado a desobediência da filha com maus tratos,
com a clausura num convento e até com a retirada do seu património, enquanto
ele lhe deu tempo para que aclarasse o juízo.
Tudo isto significa que o pai da
fidalga representa os valores e os princípios de uma sociedade patriarcal, em
que os pais exerciam a sua autoridade sobre as filhas com frieza e
insensibilidade.
Teresa recusa, porém, a intenção do
pai, pois considera o que ele lhe pede um sacrifício e odeia o primo. Perante
esta resposta, Tadeu, irado, amaldiçoa a filha e ameaça-a com o convento: “–
Hás de casar! Quero que cases! Quero!... Quando não, amaldiçoada serás para
sempre, Teresa! Morrerás num convento!” Ele mostra-se, assim, autoritário,
intolerante, prepotente, procurando impor a sua vontade de forma agressiva: “–
Hás de casar! Quero que cases! Quero!...”. Por fim, determinado, afirma que já
não a vê como sua filha: “Se és uma alma vil, não me pertences, não és minha
filha…”.
Por outro lado, Tadeu norteia-se na
vida pelo orgulho e pelos valores da honra familiar (“– Nenhum infame há de
aqui pôr um pé nas alcatifas de meus avós.”; “[…] não és minha filha, não podes
herdar apelidos honrosos, que foram pela primeira vez insultados pelo pai desse
miserável que tu amas!”). Este passo da novela tem ainda outra intencionalidade
crítica: a denúncia das imposições sociais que inviabilizam a liberdade de
amar e, consequentemente, a realização da pessoa humana.
Em suma, Tadeu de Albuquerque
simboliza a sociedade repressiva e a tirania.
▪ Caracterização de Teresa
Este diálogo confirma as
características que Teresa já revelara em momentos e capítulos anteriores.
Teresa é uma figura excecional, que
não corresponde ao padrão do seu tempo enquanto mulher e filha. Pelo contrário,
ela transgride os códigos familiares e sociais da época:
a) é determinada e resoluta, firme e convicta das suas
resoluções: pretende traçar o seu destino e decidir com quem casar (por isso,
opõe-se ao pai e recusa desposar Baltasar; quando o pai lhe ordena friamente
que entre no quarto, ela “ergueu-se sem lágrimas, e entrou serenamente no seu
quarto.”) – “É escusada a violência, porque eu não caso!...”;
b) é astuta e segura de si;
c) tem caráter e não quer ser dominada por uma figura
masculina (por isso, opõe-se ao pai e à sua resolução, mesmo comprometendo o
seu futuro);
d) é transgressora dos códigos familiares e sociais da
época: recusa um casamento imposto pela vontade do pai, como era habitual na
época, pondo em causa a autoridade paterna e comprometendo o seu futuro (o seu
destino seria a clausura no convento);
e) é perspicaz (“Teresa adivinha que a lealdade tropeça
a cada passo na estrada real da vida, e que os melhores fins se atingem por
atalhos onde não cabem a franqueza e a sinceridade”; “Teresa maravilhou-se da
quietação inesperada de seu pai e desconfiou da incoerência.”);
f) opõe-se ao pai (“ – Meu pai… – continuou ela,
chorando, com as mãos erguidas – mate-me; mas não me force a casar com meu
primo!”);
g) é orgulhosa, sendo o seu orgulho fortalecido pelo
amor, o que lhe permite resistir à violência do pai, desafiando a sua
autoridade e não cedendo à imposição do casamento com Baltasar;
h) luta pelo seu amor e exprime os seus sentimentos com
intensidade.
▪ Relação entre Tadeu e Teresa
Tadeu de Albuquerque ama Teresa, o
que pode ser deduzido a partir do facto de não a ter castigado de forma mais
severa quando ela se recusou a casar com Baltasar: “Outro teria subjugado a tua
desobediência com maus tratos, com os rigores do convento, e talvez com o
desfalque do teu grande património. Eu não.”
No entanto, o seu autoritarismo é
superior ao amor que nutre pela filha, o que o leva, num primeiro momento, a
procurar obriga-la a casar, à força, com Baltasar. De facto, a sua mentalidade
conservadora leva-o a considerar que Teresa não tem discernimento suficiente
para saber o que é melhor para si, pelo que deve, enquanto pai, conduzi-la à
verdadeira felicidade: “ – Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar,
minha filha. […] Logo que deres este passo difícil, conhecerás que a tua
felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela violência.
Quando Teresa recusa a imposição do
pai, Tadeu de Albuquerque reage de forma tirânica e violenta: “Se és uma alma
vil, não me pertences, não és minha filha, não podes herdar apelidos honrosos,
que foram pela primeira vez insultados pelo pai desse miserável que tu amas!
Maldita sejas! Entra nesse quarto, e espera que dali te arranquem para outro,
onde não verás num raio de sol.”
No que diz respeito a Teresa, esta
recusa-se definitivamente a obedecer e a submeter-se à vontade do pai
relativamente ao casamento com Baltasar: “Meu pai […] mate-me; mas não me force
a casar com meu primo! É escusada a violência, porque eu não caso!”. Não
obstante esta postura, Teresa ama e respeita o pai, como se pode comprovar pelo
facto de continuar a obedecer-lhe, em tudo o mais: “Teresa ergueu-se sem lágrimas,
e entrou serenamente no seu quarto.”
▪ Função do diálogo
• O diálogo entre Teresa e Tadeu reforça a caracterização das
personagens, já esboçada anteriormente, enfatizando a prepotência e o
autoritarismo do pai e a determinação e firmeza da filha.
• O diálogo determina a evolução dos acontecimentos, com a
recusa de Teresa em obedecer ao pai e sujeitar-se aos códigos da época, o que
acarretará o afastamento entre a fidalga e Simão e a sua perdição.
Em suma, à semelhança do que sucede
com Simão, Teresa afirma-se como uma figura de exceção pelo seu caráter e pelo
percurso que trilha.
▪ Caracterização de Baltasar
Baltasar é um homem sem princípios e
com “absoluta carência de brios”, características que são ilustradas pela forma
como aceita e persiste no casamento com Teresa (que ele acredita que poderá
seduzir), preparado sem o seu conhecimento e consentimento. Esses traços são
também evidenciados pelo facto de aconselhar Tadeu a usar a filha para atrair
Simão a Viseu para o surpreender.
Esta figura constitui o anti-herói
da novela. É arrogante, cínico e vaidoso, com “absoluta carência de brios”,
causando repugnância e terror em Teresa, ao contrário de Simão, que representa
o amor-paixão puro e generoso e a segurança.
● Caracterização de
Simão
Após o diálogo com o pai, Teresa
escreve a Simão para lhe dar conta do sucedido, por isso, no final do capítulo,
assistimos à reação do filho de Domingos Botelho ao relato da sua amada.
Simão tinha sofrido uma mudança
enorme por amor a Teresa, refreando a sua rebeldia, porém, agora, assume
novamente o seu “génio sanguinário”. Assim, começa por reagir de forma
impulsiva, com fúria/cólera e perturbação à leitura da carta, inclusivamente em
termos físicos: “[t]remia sezões, e as artérias frontais arfavam-lhe entumecidas”.
Bastante perturbado, movido pelo orgulho, pela “índole arrogante do ódio”, que
se sobrepõem ao amor, pensa em ir a Castro Daire assassinar Baltasar para
defender a sua honra. Obstinado e ferido pela afronta ao seu amor por Teresa e
receando que o primo da sua amada o tivesse difamado e que ela o visse de forma
diferente, num primeiro momento, deixa-se, pois, dominar pela irracionalidade e
pela intensidade dos sentimentos. É a faceta do herói romântico de Simão que
vem à tona. Note-se, por outro lado, que esta ideia de assassinar Baltasar é um
prenúncio do que sucederá mais tarde.
Num segundo momento, depois da
tripla leitura da carta, e enquanto espera por transporte, as lembranças de
Teresa e da felicidade amorosa com ela, bem como da sua resolução de levar uma
vida honrada, levam-no a tomar consciência das consequências trágicas desse seu
ato de vingança. Se o concretizasse, tornar-se-ia um assassino, o que o
afastaria da amada e acarretaria o ódio do pai: “Fugirei como um assassino, e
meu pai será o meu primeiro inimigo, e ela mesma há de horrorizar-se da minha
vingança…”. Simão vive, neste passo, um conflito entre a defesa da sua honra e
o amor por Teresa, como o exemplifica o seguinte excerto textual: “ – Quem pode
ser feliz com a desonra de uma ameaça impune?!... Mas eu perco-a! Nunca mais
hei de vê-la…”.
Deste modo, após três vezes a
missiva, reflete melhor, conclui que o seu orgulho e a sua honra não foram
manchados, o bom senso e a serenidade sobrepõem-se à sua impulsividade e decide
ir a Viseu encontrar-se com Teresa no dia seguinte. Para concretizar o seu
propósito, conta com a ajuda do arrieiro, que lhe indica a casa de um primo
ferrador para se acolher durante a estadia em Viseu.
No final do capítulo, sobressai a sua
faceta de jovem apaixonado, puro, tímido, ansioso. Depois de ter marcado um encontro
com Teresa (através de cartas trocadas através de uma mendiga) em casa da
fidalga na noite do aniversário desta, o filho de Domingos Botelho deseja
apenas um breve encontro com a amada, apesar do nervosismo e dos receios que
sentia: “Apertar-lhe a mão, sentir-lhe o hálito, abraçá-la talvez, cometer a
ousadia de um beijo…”.
No que diz respeito à linguagem, neste passo do capítulo,
encontramos diversas frases exclamativas, interrogativas, bem como outras
suspensas por reticências. Estes recursos traduzem o estado de perturbação, de
inquietação, de confusão mental e emocional de Simão, que, após a leitura
repetida da carta, se sente, por momentos, perdido e imagina que perdeu Teresa,
o seu amor, recordando o passado de felicidade e antecipando o desenlace
trágico.
● Funções das cartas
As cartas trocadas entre Teresa e
Simão, transportadas por uma mendiga, constituem o meio de comunicação entre
ambos. Além disso, permitem a ambos expressarem o que sentem, alimentando assim
o seu amor, e concertarem os passos a dar para proteger esse mesmo amor.
● Actantes da novela
A relação amorosa de Simão e Teresa
conta com adjuvantes e oponentes. Neste capítulo, os adjuvantes são o
arrieiro, o seu primo ferrador (João da Cruz) e a mendiga, que permitem a
proximidade e a comunicação entre os dois apaixonados. Por outro lado, os oponentes
são Tadeu de Albuquerque e Baltasar Coutinho, que procuram afastar Simão e
Teresa e liquidar o seu amor.
● Crítica – a novela
como crónica da mudança social
1. Assuntos abordados:
• Tadeu quer obrigar Teresa a casar com
Baltasar.
• Teresa recusa esse casamento por conveniência.
• Face à recusa da filha, Tadeu decide
enclausurá-la num convento.
• Teresa não cede e reage contra a repressão
de que é vítima.
2. Valores vigentes criticados (mas em mudança)
• Crítica à sociedade repressiva – forte pressão das
instituições familiar e religiosa:
→ intransigência na defesa do nome
familiar, visível no ódio existente entre as famílias de Teresa e Simão
(resultante de uma sentença de Domingos Botelho desfavorável a Tadeu);
→ autoritarismo de Tadeu;
→ casamentos por conveniência (o
desejado por Tadeu entre a filha e Baltasar);
→ a sobreposição / imposição do poder
paterno à vontade da filha: Tadeu quer obrigar Teresa a contrair matrimónio com
Baltasar;
→ a falta de expressão feminina
(Teresa e os seus sentimentos não são tidos nem achados na questão do casamento
com Baltasar e é proibida de se relacionar com Simão);
→ o convento como forma de
aprisionamento.
3. Mudanças sociais:
• a recusa do casamento por conveniência
(Teresa);
• a rebeldia da mulher no seio familiar
(Teresa);
• o amor como motor de transformação social
(Simão e Teresa).
● O amor-paixão
O amor-paixão é um dos temas
centrais de Amo de Perdição. À semelhança do que sucede noutros passos
da obra, ele manifesta-se de diversas formas:
a) Simão é o herói romântico: novamente, mostra-se
impulsivo e incauto, nomeadamente quando decide deslocar-se a Viseu, tendo
consciência deque a sua vida pode correr perigo.
b) Teresa é a heroína romântica: à semelhança do
que sucede com o seu amado, a jovem fidalga deixa-se levar pelos sentimentos,
aceitando a aventura de Simão, reagindo de forma irrefletida à sua ida a Viseu –
a intensidade do amor-paixão e o desejo de ver Simão são tais que a jovem tudo
esquece.
c) A precipitação dos amantes: a marcação do encontro
entre ambos é irrefletida e não ponderada, ou seja, Simão não pondera as
consequências desse encontro e Teresa quer encontrar-se com o seu amado,
sabendo os perigos que corria.
d) Os devaneios amorosos: os devaneios amorosos do par,
nomeadamente de Simão, refletem a ingenuidade e a imaturidade com que os
adolescentes percecionam o seu futuro e a sua relação amorosa.