Português

domingo, 22 de outubro de 2084

Professor

     "Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais." 

Rubem Alves

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Na aula (LVI): resposta de ETAR

    Professor: Como se chamam as cantigas de amigo que fazem referência ao rio, ao mar, etc.?

    Samuel Amador: ETAR.

sábado, 6 de dezembro de 2025

Origem e significado do nome Abelardo

    A sua origem não é clara. Seja como for, estamos perante a forma portuguesa e espanhola de um nome de origem germânica (Adalhard ou Adellard), constituído pelas formas «adal» (nobre) e «hard» (forte, resistente, corajoso), associando-se, assim, ao significado «nobre», «nobremente corajoso», «firmeza de caráter».

    Este nome ganhou relevância histórica graças a Pierre Abélard (c. 1079-1142), filósofo e teólogo francês cujo trágico caso amoroso com uma mulher de nome Heloísa acabou por se tornar uma história conhecida ao longo dos tempos.

Origem e significado do nome Abel

    O nome próprio Abel tem origem hebraica: provém de «ablu» ("filho") ou «hevel» ("vapor" ou "sopro").

    Na Bíblia, Abel era o segundo filho de Adão e Eva, tendo sido assassinado pelo seu próprio irmão, Caim, de acordo com o Génesis.

    Por outro lado, a origem etimológica hebraica sugere uma conotação de fragilidade ou transitoriedade, refletindo a brevidade da vida humana, uma noção reforçada pela narrativa da sua morte prematura.

    Já de acordo com a tradição judaico-cristã, Abel constitui uma figura representativa da inocência e da justiça, que o assassinou por ciúmes. A disputa entre ambos tem sido vista, ao longo dos tempos, como o símbolo da luta entre o Bem e o Mal.

Análise do poema "Chorosos versos meus desentoados", de Bocage

 
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
 
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados.
 
Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz a tirania.
 
Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco.
 
    Estamos perante um código óptico-grafemático que nos conduz para um texto poético. Há, no entanto, a interação de vários códigos que vão configurar o texto literário.

a) Análise temática
    O poeta dirige-se aos seus versos num tom desiludido, reconhecendo a sua pouca valia, mas desculpando-os ao mesmo tempo, quando afirma “Que não pode cantar com melodia / Um peito, de gemer cansado e rouco.”
    A própria produção do poeta, o soneto, serve para ele se dirigir aos seus versos, o que faz com que se crie um distanciamento do poeta em relação aos seus versos, porque só com esse distanciamento os pode analisar e avaliar. Em relação aos seus versos, reconhece que são “... sem arte, sem beleza e sem brandura...” e ainda desentoados: o poeta faz aqui uma autocrítica e apresenta-se desiludido, desilusão essa que, porém, é justificada.
    O poeta vai apelar à valia dos seus versos. De facto, para os desgraçados eles são dotados de valor.
    Apesar de valerem pouco, exorta-os a não desanimarem e a continuar. Ao usar o condicional, mostra que pensa que os ditosos também os podem apreciar. Na verdade, se forem rejeitados pelos ditosos, o mesmo não acontecerá com os desgraçados, ou seja, os ditosos podem também ler os versos com interesse, à semelhança daqueles que tenham um espírito semelhante ao do poeta.
    A temática deste soneto tem sido colocada em vários grupos e Hernâni Cidade inclui-o no grupo “como o poeta se retrata e a sua obra”.
    Outra temática é a oposição entre a luz e a escuridão (sepultura). Ao contrário do que é comum na literatura pré-romântica, não se apela aqui para... (para continuar a ler a análise, clica aqui »»»).

Bocage: pré-romântico (sua obra)

    Não é por acaso que a crítica literária aponta Bocage como o maior poeta do século XVIII. A sua vida de permanente conflito reflete-se na sua obra. "A sua poesia é, em boa parte, a expressão rítmica de um tumulto interior e exterior, ao mesmo tempo que é a criação de um excecional artista."
    Grande parte da sua poesia apresenta um tom confessional. A sua poesia revela acentuadamente um mundo subjetivo; Bocage retrata-se nos seus versos autobiográficos e, nesse retrato, apresenta-se como um ser perseguido pelo destino, pela desgraça e pelo infortúnio, daí sentir-se identificado com Camões. É uma espécie de má fortuna que também se estende ao campo amoroso, que se sente perseguido e marcado pelo "Fatum" e pela desventura, mas paralelamente sente-se um ser destinado ao culto da poesia.
    Por vezes, este dramatismo interior objetiva-se na alegoria ou invenção alegórica: projeta os seus temores, receios, remorsos e pesadelos em figuras alegóricas (morte, noite) com quem fala e a quem confidencia esses tormentos interiores.
    O conflito de Bocage, porque é íntimo, traduz-se através de sentimentos contraditórios e, por vezes, alternativos: ora de melancolia, ora de folia; ora de confiança eufórica, ora de desespero; ora de abatimento, ora de prazer delirante.
    Um dos temas que reflete este conflito interior é o amor que, nas palavras de Jacinto Prado Coelho, em Bocage funciona como constelação, à volta da qual giram outros temas, como a morte, o ciúme, a ausência, o prazer. O tema do amor é o macro-tema, muito comum em Bocage.
    Em Bocage, é particularmente nítida uma das características do Pré-Romantismo: o domínio do egotismo, hipertrofia do «eu», que faz com que a própria natureza sirva de projeção do «eu», ganhando a natureza um estado de ama e assim surgem, em alguns textos, testemunhos de uma sensibilidade atenta que as paisagens oferecem.
    Por outro lado, Bocage sente necessidade de usar uma nova linguagem, uma linguagem que se adeque à violência das suas contradições interiores, dos seus impulsos. Apesar de alguns traços dessa linguagem manifestarem uma influência neoclássica, a maior parte dos temas denota uma sensibilidade nitidamente pré-romântica. Por exemplo, a paixão tortura-o e sente-se numa encruzilhada entre o amor, a culpa, o prazer carnal, etc.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Na aula (LV): verbos pronominais ou pronomes verbais

    Contexto: aula de Português - lecionação dos deíticos pessoais. O professor questiona que classes de palavras podem desempenhar a função de deíticos e dá exemplos para tentar arrancar respostas.

    Professor: Eu, tu, ele, nós, vós, eles são o quê?

    Resposta firme e rápida da Diana Gonçalves: Verbos!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Análise do capítulo I de O Fantasma de Canterville

    O capítulo I do conto corresponde ao ponto de partida, à situação inicial da ação, com a referência a um assunto corriqueiro: a venda da propriedade Canterville Chase, por parte de Lorde Canterville, ao embaixador norte-americano, Hiram B. Otis. Uma «chase» é uma propriedade rural, situada numa vasta área de terras abertas para taça, o tipo de terra que era apenas acessível à elite da sociedade. A concretização da transação constitui o prólogo da história, visto que são apresentados alguns dos aspetos mais importantes do conto.

    Assim, em primeiro lugar, o narrador enquadra o principal motivo da venda, ou seja, o facto de a casa estar alegadamente assombrada. Por outro lado, o início da narrativa lembra aqueles casos em que alguém assume um novo projeto ou toma uma decisão fulcral na sua vida e ignora os sinais negativos. De facto, não há dúvidas: todos pensam que o Sr. Otis comete um grande erro quando decide comprar a propriedade. A este propósito, convém atentar na diferença entre as atitudes adotadas pelas personagens. Assim, enquanto Lorde Canterville desiste da sua casa ancestral, um sinal do declínio da aristocracia inglesa, o Sr. Otis vive num mundo onde tudo é possível, incluindo colocar fantasmas num museu. Na época da ação, não era costume a aristocracia vender as suas propriedades, pelo que o facto de Lorde Canterville transacionar a sua mostra que estamos a entrar numa era de algumas mudanças. Além disso, o facto de o Sr. Otis comprar Canterville Chase indicia que a sua posição e estatuto lhe proporcionam riqueza, enquanto Lorde Canterville herdou a sua fortuna e a propriedade por meio da sua linhagem real. A aquisição mostra, na Era Vitoriana (1837-1901), o homem da classe média pode ascender socialmente, enquanto o poder da aristocracia entra em declínio.

    Em segundo lugar, encontramos um dos fios condutores da obra: o confronto entre a conservadora visão britânica e a abordagem moderna dos norte-americanos, entre a formalidade recatada dos primeiros e uma certa falta de refinamento dos segundos. Vive-se um tempo de rápidas transformações, essencialmente motivadas pela Revolução Industrial. As cidades cresciam impulsionadas pela indústria, e o comércio global tornava-se mais fácil e eficiente, graças à produção rápida de bens manufaturadas e novas formas de transporte mais velozes, como, por exemplo, o comboio. No contexto desta sociedade em transformação, as velhas formas de pensar eram gradualmente substituídas por um pensamento mais moderno.

    O início do conto introduz de forma clara o contraste entre (para continuar a ler a análise, clica aqui: »»»).

domingo, 30 de novembro de 2025

Sequências narrativas em O Fantasma de Canterville

 
I. Compra da mansão de Canterville (cap. I): O embaixador norte-americano Hiram B. Otis compra a mansão de Canterville Chase, apesar de ser avisado sobre a presença de um fantasma.

 
II. Acomodação da família Otis (cap. I): A família Otis muda para a nova residência e... (continua aqui: »»»).

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Análise do título e da ação de O Fantasma de Canterville

    O Fantasma de Canterville foi publicado pela primeira vez em 1887. O seu título, numa primeira leitura, sugere que estamos na presença de uma história tradicional de terror, semelhante às que eram escritas na época e que se destacavam pela exploração do tema do sobrenatural, que estava presente nas narrativas de crime e suspense que evocam os medos e as superstições mais ancestrais, como monstros, demónios, vampiros, lobisomens ou visitas do Além. De facto, os autores contemporâneos começavam, na época, a refletir nas suas obras as inquietações e tendências da ciência moderna que, em diversas circunstâncias, desafiava os limites da compreensão humana, misturando o insólito e o real.

    No caso de O Fantasma, Oscar Wilde segue outro caminho, elaborando uma narrativa curta que... (continua aqui: »»»).

Romantismo versus Modernidade em Oscar Wilde

     Ler aqui: »»».

A modernidade em Oscar Wilde

     Consultar aqui: »»».

A crítica em O Fantasma de Canterville

     Ler aqui: »»»

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