quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Adoção de manuais escolares - Calendário
do Ministério da Educação e Ciência – Gabinete do Ministro
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Education and Training Monitor 2014
Se há algo de profundamente errado na área da Educação, se há algo efetivamente mau, muito mau mesmo, são os ministérios sucessivos do setor e os políticos que nela / nele intervêm.
Porquê?
Porque:
a) Motiva-os a descredibilização da Educação pública;
b) Motiva-os a oferta ao privado do maior número possível de escolas
públicas;
c) Motiva-os a desorçamentação do setor, visto como uma fonte de
despesa a evitar a todo o custo e não como um investimento e um
fator de desenvolvimento das pessoas e, por arrasto, do próprio
país;
d) Motiva-os uma ideologia ortodoxa que já (não) provocou noutros
países.
E de que meios se socorre esta gente para atingir os seus fins?
1) Mentira;
2) Falsidades várias e sucessivas;
3) Adulteração de dados e números;
4) Manipulação da «opinião pública».
Porém, de vez em quando, têm de sair de mansinho pela porta baixa ao levarem na tromba - se quisermos ser polidos, ao serem confrontados) - com dados e números que evidenciam estas manobras miseráveis. Nesses momentos, a catedral escangalha-se e cai como um baralho de cartas.
A última areiazita na engrenagem, neste caso, do ministro Crato foi o relatório identificado no título desta postagem, que, pasmem senhor ministro, senhores secretários de estado, senhor Passos Coelho e seus acólitos, proclama que os alunos portugueses, embora servidos por professores miseráveis (tão miseráveis que, mesmo possuindo licenciaturas efetivas e devidamente obtidas, mestrados e doutorandos, são obrigados a realizar uma charada para terem acesso à profissão) e por estas públicas ainda piores, obtiveram um desempenho, em 2012, que se situa acima da média da União Europeia em todas as áreas: Leitura, Ciências e Matemática.
A última areiazita na engrenagem, neste caso, do ministro Crato foi o relatório identificado no título desta postagem, que, pasmem senhor ministro, senhores secretários de estado, senhor Passos Coelho e seus acólitos, proclama que os alunos portugueses, embora servidos por professores miseráveis (tão miseráveis que, mesmo possuindo licenciaturas efetivas e devidamente obtidas, mestrados e doutorandos, são obrigados a realizar uma charada para terem acesso à profissão) e por estas públicas ainda piores, obtiveram um desempenho, em 2012, que se situa acima da média da União Europeia em todas as áreas: Leitura, Ciências e Matemática.
Fernando Machado Soares: RIP
Fernando Machado Soares
(1930 - 07/12/2014)
sábado, 13 de dezembro de 2014
Pedro Russo
Um prémio e mais dois milhões de euros para ensinar o espaço - Ciência - DN
Este «rapazinho» esteve sentado à nossa frente há muitos anos atrás...
Parabéns!
Este «rapazinho» esteve sentado à nossa frente há muitos anos atrás...
Parabéns!
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
"Autorretrato com a musa" (parte 3)
quem amo tem cabelos
castanhos e castanhos
os olhos, o nariz
direito, a boca doce.
em mais ninguém
conheço
tal porte do pescoço
nem tão esguias mãos
com aro de safira,
nem tanta luz tão
húmida
que sai do seu olhar,
nem riso tão contente,
contido e comovente,
nem tão discretos
gestos,
nem corpo tão macio
quem amo tem feições
de uma beleza grave
e música na alma
flutua nas volutas
de um madrigal antigo
em ondas de ternura.
é quando eu sinto a
musa
pousando no meu ombro
sua cabeça, assim
me enredo horas a fio
e fico a magicar.
Vasco Graça Moura, Poesia 2001-2005
"Autorretrato"
Estado civil casado
nacionalidade portuguesa
triste se alegre e sorridente quando triste
muito mais egoísta se se veste de altruísta
chefe só de família olhar cansado
calva prometedora e tendência obesa
à beira dos quarenta anos de idade
e ajoujado ao peso de vários passados
tímido e trágico e capaz de crueldade
tanta quão tamanho o arrependimento
temendo hoje não tanto já fazer o mal
como fazer algumas ou pior uma só vítima
incoerente e instável ora dado a bons bocados
como logo açoitado pelos ventos dos cuidados
poeta para mais por condição
homem que só pensar sabe afinal fazer
que vive a arte o amor a vida até como destruição
digam vossas mercês como devia ele ser
pois sempre assim seria inútil mesmo renascer
Ruy Belo, Todos os Poemas III
nacionalidade portuguesa
triste se alegre e sorridente quando triste
muito mais egoísta se se veste de altruísta
chefe só de família olhar cansado
calva prometedora e tendência obesa
à beira dos quarenta anos de idade
e ajoujado ao peso de vários passados
tímido e trágico e capaz de crueldade
tanta quão tamanho o arrependimento
temendo hoje não tanto já fazer o mal
como fazer algumas ou pior uma só vítima
incoerente e instável ora dado a bons bocados
como logo açoitado pelos ventos dos cuidados
poeta para mais por condição
homem que só pensar sabe afinal fazer
que vive a arte o amor a vida até como destruição
digam vossas mercês como devia ele ser
pois sempre assim seria inútil mesmo renascer
Ruy Belo, Todos os Poemas III
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Número de jovens que não querem frequentar a Universidade aumenta
«A percentagem de estudantes que dizem querer ficar só com o 12.º ano, abdicando da formação superior, está a aumentar. Os resultados do 4.º Barómetro Educação em Portugal 2014, realizado pela EPIS – Empresários pela Inclusão Social, mostram que os jovens estarão a acreditar menos nos estudos académicos e terão “uma percepção errada” sobre quem são as principais “vítimas do desemprego”, as pessoas com menos qualificações, alerta o presidente da associação, Luís Palha da Silva. Mas a falta de dinheiro das famílias também não será alheia à tendência.»
Ver notícia aqui. »»»
Ver notícia aqui. »»»
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Vulcão da Ilha do Fogo, Cabo Verde
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Na aula (XVIII): o «s» de cão
Aula de 12.º ano sobre Álvaro de Campos. Trabalho de síntese de um texto informativo sobre este heterónimo pessoano. Pergunta saída lá da penumbra:
«Professor, 'subversivo' escreve-se com S de Cão?»
«Professor, 'subversivo' escreve-se com S de Cão?»
Na aula (XVII): maratonas de «sprint»
Abnegadamente, o aluno procura exemplificar uma parlapatice qualquer que está a proferir a propósito das noções de «esforço», «trabalho» e «estudo» e sai-se com esta pérola:
"Por exemplo, estamos a fazer uma maratona de 100 metros..."
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
O Futurismo
Clicar na imagem para ampliar.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Modificador do nome, complemento do nome e do adjetivo: exercícios
Assinale
a função sintática desempenhada pelos elementos sublinhados nas frases.
a)
Não aprecio calças de ganga.
b)
Vi o Manuel, primo da minha mãe.
c)
O professor de Português está disponível para
vos ajudar.
d)
O Antunes, meu aluno, chegou da
Austrália.
e)
O cinema da vila foi encerrado por
falta de espetadores.
f)
O filho da tua cadela não
sobreviveu.
g)
Os cineastas defendem o apoio do
ministério à atividade cinematográfica.
h) Os hotéis madeirenses estarão cheios na
época natalícia.
i)
A decisão do tribunal sobre José
Sócrates será conhecida hoje.
j)
Caros alunos, têm de entregar o trabalho sobre
Ricardo Reis.
k)
A Terra, um planeta verde e azul,
está ameaçado.
l)
Estou descontente com a exibição do
Benfica.
m)
O meu filho mais velho comprou uns
ténis.
n)
Joaquina, a minha prima, iniciou
um novo negócio.
o)
A festa de despedida do professor
Rua foi muito participada.
p)
O arquiteto mostrou-se interessado no
projeto.
q)
Dizem que este hospital é difícil de
gerir.
r)
A decisão da direção foi mal
aceite pelos alunos.
s)
José Sócrates, o réu, será julgado
oportunamente.
t)
Fumar é um vício prejudicial à saúde.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Correção
a)
Modificador do nome restritivo
b) Modificador
do nome apositivo
c) Complemento
do adjetivo
d)
Modificador do nome apositivo
e)
Modificador do nome restritivo
f)
Complemento do nome
g)
Complementos do nome (2)
h)
Complemento do nome
i)
Complemento do nome
j)
Modificador do nome restritivo
k)
Modificador do nome apositivo
l)
Complemento do adjetivo
m)
Modificador do nome restritivo
n) Modificador
do nome apositivo
o)
Modificador do nome restritivo
p)
Complemento do adjetivo
q)
Complemento do adjetivo
r)
Complemento do nome
s)
Modificador do nome apositivo
t)
Complemento do adjetivo
Aulas de apoio e reuniões: componente letiva ou não letiva?
Esclarecimentos do SPN aqui.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Na aula (XVI): problemas de localização geográfica
«Em Lisboa há os estádios do Benfica, do Porto e do Sporting.»
O centralismo da capital já chegou a este extremo?
O centralismo da capital já chegou a este extremo?
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
A fábula do burro e a Educação
A estória é bem conhecida mas lembro-a rapidamente: o
dono de um burro teve que se ausentar e deixou dinheiro a um vizinho para ir
comprando comida para o animal enquanto ele estava fora. O vizinho, para poupar
dinheiro, foi dando cada vez menos comida ao burro até que ele morreu de fome.
O comentário do desajeitado aforrador foi: “Que pena! O animal foi morrer logo
agora, quando já estava quase habituado a não comer!”.
O orçamento proposto pelo Governo para 2014 corta – em
cima dos cortes anteriores – mais 314 milhões de euros no Ministério da
Educação. Os gastos com professores e auxiliares no ensino básico representam
um corte de 13% em relação ao orçamento anterior.
Assim, reduzir professores e auxiliares, é uma poupança
que nos vai custar muito caro. Cada vez mais as nossas escolas vão estar
preparadas para educar alunos que têm ambientes familiares estimulantes e que
lhes permitem seguir o currículo sem a necessidade de apoios. Para os outros,
aqueles cada vez mais numerosos que não têm em casa, quem lhes dê apoio ou quem
lhes possa pagar este apoio, a escola está cada vez mais pobre. Pobre porque
não consegue criar ambientes de aprendizagem diferenciados que tenham atenção
aos diferentes ritmos e condições de aprendizagem; pobre porque cada vez mais é
encorajada a atuar como se os alunos se dividissem em “normais” – aqueles que
aprendem da forma como tradicionalmente se ensina e os “especiais” aqueles que
dão problemas e que não se tem possibilidades e recursos para ensinar.
E voltamos à fábula do burro. Todos estes cortes têm os
seus efeitos: um dia perdemos uma auxiliar, daqui a meses um professor, para o
ano mais duas auxiliares, e assim vamos… Tal como o burro vamo-nos desabituando
de comer… A questão que é preciso recordar é o final da estória: o burro
morreu. Quer dizer que estes cortes na educação vão-nos distanciando de uma
escola para todos em cuja construção estivemos empenhados durante muitos anos.
Não se trata só de racionalizar os gastos, o problema é que estamos a retomar
uma conceção de escola – à semelhança da escola de má memória do “antigamente”
– que ensine quem quer, quem está preparado, quem se comporta, quem ao fim e ao
cabo se apresenta como um aluno “normal”.
Era muito bom que não nos conformássemos, que não nos
habituássemos a esta dieta de recursos que fazem regredir a nossa educação e
que leva a que muitos milhares de alunos – que podiam e são os nossos filhos –
se sintam estrangeiros numa escola que foi feita para eles.
David Rodrigues
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
O Rato
O que leva uma pessoa supostamente educada, culta e com parte dos neurónios ainda em funcionamento a submeter-se, a subalternizar-se de forma humilhante e indecorosa?
Em Esposende, o "disponível" ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, assistiu, ao vivo e a cores, à assunção formal da sua pasta por parte do primeiro-ministro. De facto, este, nas barbas (literal e figurativamente) do matemático, deu notícia ao mundo da forma autoritária e inapelável como subordinou a figura de Crato à sua vontade: quem quer sair sai, não ameaça, não se coloca à "disposição".
O sorriso forçado e aparvalhado do MEC no momento em que Passos Coelho falou diz tudo sobre o nada em que se tornou. O inenarrável processo de colocação de professores (quando é que terminará?) foi apenas a cereja no topo do bolo de um mandato miserável.
Em Esposende, o "disponível" ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, assistiu, ao vivo e a cores, à assunção formal da sua pasta por parte do primeiro-ministro. De facto, este, nas barbas (literal e figurativamente) do matemático, deu notícia ao mundo da forma autoritária e inapelável como subordinou a figura de Crato à sua vontade: quem quer sair sai, não ameaça, não se coloca à "disposição".
O sorriso forçado e aparvalhado do MEC no momento em que Passos Coelho falou diz tudo sobre o nada em que se tornou. O inenarrável processo de colocação de professores (quando é que terminará?) foi apenas a cereja no topo do bolo de um mandato miserável.
Henricartoon |
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Análise do poema "Não sei se é sonho se realidade"
O
sujeito poético começa por afirmar a sua incapacidade para distinguir o sonho
da realidade (“Não sei se é sonho, se realidade, / Se uma mistura de sonho e
vida.” – vv. 1 e 2). Essa incapacidade torna o desejo de felicidade (“A vida é
tão jovem e o amor sorri.” – v. 6) tão forte (“É esta que ansiamos” – v. 5),
que esta se presentifica (“Ali, ali” – v. 5), como se de uma realidade tangível
se tratasse (“Aquela terra de suavidade / Que na ilha extrema do sul se
olvida.” – vv. 3 e 4). Neste contexto, a “ilha extrema do sul” (v. 4) simboliza
precisamente a felicidade ansiada, porém inacessível.
A
primeira palavra da segunda estrofe – o advérbio “talvez” – anuncia o tom geral
desta parte do texto (de dúvida), bem como a impossibilidade de concretização
do sonho (“inexistentes”, “longínquas”) presente na terceira estrofe (vv.
17-18). Os paraísos imaginados (“palmares inexistentes, / Áleas longínquas sem
poder ser” – vv. 7-8) são uma forma de evasão reconfortante dos crédulos
(“Sombra ou sossego deem aos crentes / De que essa terra se pode ter.” – vv.
9-10), mas apenas desencadeiam no sujeito poético dúvidas e ceticismo (“Ah,
talvez, talvez, / Naquela terra, daquela vez.” – vv. 11-12) e descrença na
possibilidade de se ser feliz (“Felizes, nós?” – v. 11). Assim, as imagens de
felicidade (“sonhada” – v. 13; “Sob os palmares, à luz da lua” – v. 15) e a
consciência da realidade (“Ah, nesta terra também, também, / O mal não cessa,
não dura o bem.” – vv. 17-18), quando pensadas (“Só de pensá-la” – v. 13),
perdem o seu efeito balsâmico (“se desvirtua” – v. 13), pois causa dor (“cansou
pensar” – v. 14) a consciência do seu caráter ilusório (“Sente-se o frio de
haver luar.” – v. 16).
Concluindo,
o sonho é ilusão e a felicidade aí procurada (“ilhas do fim do mundo” – v. 19;
“palmares de sonho” – v. 20) traz ilusões e desilusões (“Não é […]”; “Nem […]
ou não”; “Que cura a alma seu mal profundo, / Que o bem nos entra no
coração.”). Ela está perto (“É ali, ali” – v. 23), mas só pode ser alcançada no
íntimo de cada um de nós (“É em nós que é tudo.” – v. 23; “Que a vida é jovem e
o amor sorri.” V. 24).
A
nível vocabular, o sentido do poema progride da dúvida, logo presente no verso
1, para a certeza (“Não é” – v. 19). A transição do “sonho” para a “realidade”
é feita na terceira estrofe através da conjunção adversativa “mas”. O advérbio
“ali” acompanha esta progressão, pois, na primeira estrofe, refere a “ilha
extrema do “sul” e, na última, remete para o interior de cada um de nós, pois é
em nós, e apenas em nós, que podemos encontrar a felicidade (“É em nós que é
tudo.” – v. 23). Esta conclusão é marcada, igualmente, pela utilização de atos
ilocutórios assertivos, destacando a certeza do sujeito poético relativamente
àquilo que afirma.
O
título do poema remete já para o tema – o refúgio no sonho – e para a oposição
em torno da qual se desenvolve o texto: sonho vs realidade.
sábado, 11 de outubro de 2014
Crato quis, mas não o deixaram, logo não saiu
Nuno Crato sempre defendeu a implosão do MEC, porém o resultado da sua ação está a ser a implosão do quotidiano das escolas, dos professores e dos alunos.
O chefe do bando, por sua vez, está unicamente preocupado com a permanência do dito e não com o caos que os seus ministros da Educação e da Justiça causaram nos respetivos setores, isto é, sectores.
"Canção da Primavera", Francisco Martins
Francisco Martins (15/10/1946 - 27/07/2014)
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Leitura e representação de frações
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Frações
Uma
fração
é um número que representa uma ou mais partes iguais da unidade. Representa-se
com o auxílio de um traço horizontal.
O
número que se escreve por cima do traço chama-se numerador
e representa o número de partes de
unidades representadas.
O
número que se escreve por baixo do traço chama-se denominador
e indica o número de partes iguais em
que a unidade foi dividida.
Situação problemática
O
João tinha um chocolate dividido em seis partes iguais, mas já comeu duas
partes.
Que parte do chocolate comeu o João?
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Memória
. Etimologia
Na antiguidade grega, Mnemosine (Memória) era uma divindade que dava o poder de recuar no tempo e
recordá-lo para transmiti-lo à sociedade – deusa da memória, no fundo.
. Definição
As memórias são escritos em que um autor recorda e narra factos
ligados à sua pessoa ou à sua época.
. Tipos
- memórias de viagem;
- memórias de infância;
- ...
. Características
- Pertence ao género literário narrativo.
- É uma forma de escrita sobre si mesmo.
- Constitui:
. o relato de factos/vivências pessoais e familiares;
. o testemunho dum tempo e dum meio;
. o relato de acontecimentos históricos e políticos.
- A narrativa de memórias tem um fundo histórico-cultural, sujeito à filtragem subjetiva de quem a produz.
- O papel fundamental neste tipo de texto é desempenhado pela memória. Os acontecimentos são passados pelo crivo da lembrança, que por vezes precisa de auxiliares: diários íntimos, cartas, jornais, etc.
- Os factos são relatados num desfasamento temporal: o presente do discurso (da escrita) e o passado da história.
- O discurso está centrado na primeira pessoa, com os verbos preferencialmente no pretérito imperfeito (para presentificar o passado) e no pretérito perfeito.
- As memórias possuem enorme valor documental, pois constituem o testemunho de um tempo, um espaço e um meio. De facto, o narrador descreve todos os acontecimentos e condicionalismos que determinaram a sua infância, sejam de ordem familiar, social, cultural ou política.
- Nas memórias, acumulam-se nomes de personagens ilustres que foram atores da história, ao mesmo tempo que o memorialista é actor da sua história.
- A memória constitui uma recriação seletiva do passado: sendo seletiva, guarda apenas os factos e ocorrências significativos, aqueles que, por motivos diversos, se assumam como mais marcantes.
- Neste tipo de texto, como a designação deixa antever, desempenha papel central a memória, pois é ela, enquanto faculdade que permite conservar recordações, que propicia a lembrança dos acontecimentos passados relatados.
- A exterioridade possui um peso enorme: ainda que alusivo à vida do sujeito da enunciação, o texto centra-se sobretudo na sua relação externa com o meio e as outras pessoas, não registando apenas, como sucede com o diário, a posição do «eu» face ao mundo.
Protótipos textuais
Embora
cada texto seja uma unidade distinta, não deixa de ser agrupável num tipo ou
género, a partir das suas marcas verbais, semânticas, formais e pragmáticas.
Os
tipos textuais são modelos mentais, abstratos, que o leitor, de acordo com os
conhecimentos adquiridos na audição e na leitura, guarda na sua memória e lhe
permitem reconhecer, produzir e classificar textos com marcas específicas. Cada
tipo de texto define-se, pois, por um determinado conjunto de características,
umas constantes e outras variáveis.
Os
textos são constituídos por sequências, estruturalmente organizadas entre si e
em relação ao todo que constituem, configurando assim a organização do texto.
Essas sequências poderão atualizar diferentes tipos textuais, podendo, num
mesmo texto, ocorrer sequências de diferentes tipos. Por exemplo, é frequente
que, num texto narrativo, ocorram sequências descritivas ou dialogais, além das
narrativas.
A
configuração de um texto representa, assim, a sua estrutura global, permitindo classifica-los
em diferentes tipos.
1. Texto
narrativo
O
texto narrativo tem como principal objetivo relatar eventos, factos ou
acontecimentos.
O
texto narrativo possui cinco características específicas: uma ação ou ações, localizada(s) no tempo
e no espaço, protagonizada por uma
pessoa ou personagem, que confere
unidade à ação ou atravessa toda a narrativa, e contada por um narrador, que pode ser, ou não, uma das
personagens.
Por
outro lado, os eventos representados encadeiam-se de forma lógica e orientam-se
para um desenlace, desenvolvendo-se ao longo de três momentos, sobretudo no de
texto de índole literária:
. Situação inicial:
situação de estabilidade, em que se apresentam as personagens, situadas no
tempo e no espaço. Habitualmente, são frequentes as sequências descritivas
neste momento inicial.
. Complicação / problema: é o conjunto de eventos que geram um
conflito, desequilibrando a situação inicial, e que constituem o núcleo da
narração. Frequentemente, há textos narrativos que alternam situações de
equilíbrio e desequilíbrio, correspondendo à ocorrência de vários episódios ou
capítulos de uma obra.
. Resolução: é a solução do conflito e o regresso a uma
situação de equilíbrio.
São
exemplos do protótipo textual
narrativo textos literários, como o romance, a novela, o conto, a fábula, a
lenda, o mito, a parábola, a banda desenhada, a (auto) biografia, e não
literário, como a notícia, a reportagem, a crónica, o relatório, o relato
histórico ou de experiências pessoais, o relato oral, etc.
As
principais marcas linguísticas desta
tipologia textual são as seguintes:
. o uso predominante de verbos de ação;
. o predomínio do pretérito
perfeito do indicativo ou do presente histórico;
. o uso do pretérito
imperfeito para iniciar a narrativa;
. a abundância de
organizadores e conectores temporais e espaciais (“quando”, “depois”, “um dia”,
etc.);
. o recurso a advérbios de
valor locativo e temporal;
. o uso de marcadores
discursivos explicativos e conclusivos (“assim”, “porque”, “por esse motivo”,
etc.).
2. Texto
descritivo
O
texto descritivo constrói-se em torno de um dado assunto ou objeto, ao qual se
atribuem predicados ou características diversos. Por outro lado, esse assunto
ou objeto pode ser descrito de forma genérica / global, ou desdobrado e
descrito nas suas partes constituintes.
Podem
ser objeto de descrição pessoas, personagens (os seus traços físicos e
psicológicos), espaços (físicos, psicológicos ou sociais), fenómenos
atmosféricos e todo o tipo de objetos. As sequências textuais descritivas
surgem frequentemente articuladas com sequências textuais de outros tipos. Por
exemplo, é frequente surgirem, em textos narrativos, sequências descritivas que
permitem caracterizar uma personagem ou um espaço social, por forma a motivar o
desenrolar da ação.
O
texto descritivo pode concretizar-se de diferentes formas:
. num texto corrido (uma enciclopédia,
por exemplo);
. numa introdução seguida de
uma listagem de itens caracterizadores de algo;
. num texto narrativo ou num
texto científico.
As
principais marcas linguísticas deste
protótipo textual são as seguintes:
. verbos de estado para a
descrição estática (“ser”, “estar”, “parecer”, etc.) e verbos de ação para a
descrição dinâmica;
. predomínio do pretérito
imperfeito e do presente do indicativo;
. adjetivos e expressões
caracterizadoras;
. conectores e marcadores
discursivos (aditivos, enumerativos, etc.);
. advérbios com valor
locativo;
. vocabulário expressivo e
figuras de estilo.
3. Texto
argumentativo
O
texto argumentativo tem como objetivo central justificar e / refutar ideias e
opiniões. A sua intenção comunicativa é convencer, persuadir o(s)
interlocutor(es), levando-o(s) a aceitar determinado ponto de vista, ideia ou
produto, etc., obtendo assim a sua aprovação, ou refutar uma opinião alheia,
estabelecendo relações entre factos, hipóteses, provas e refutações. Deste
modo, pode afirmar-se que um texto argumentativo se caracteriza, por um lado,
pela expressão de uma opinião que, sendo controversa, suscita uma defesa e abre
espaço de contestação e, por outro lado, pela apresentação de argumentos a
favor ou contra uma determinada tese.
O
texto argumentativo apresenta, geralmente, a seguinte estrutura:
. Tese:
apresentação da opinião que se se pretende defender.
. Premissa: pode(m) ou não estar expressa(s), representando algo que
é inequivocamente aceite.
. Argumentos: conjunto de provas ou razões que sustentam a tese, que
devem ser fidedignas, autênticas e relevantes. Podem funcionar como argumentos
exemplos, ilustrações, narrações, descrições, estatísticas, comparações,
referências históricas, etc. Normalmente, os argumentos são apresentados de
forma gradativa e crescente, partindo-se dos mais frágeis para os mais fortes e
irrefutáveis.
. Conclusão: é uma demonstração clara da tese defendida.
Como
exemplo do protótipo textual argumentativo, podemos referir os discursos
políticos, a publicidade, os discursos da imprensa escrita e falada, os
debates, a propaganda política, situações informais de interação sobre aspetos
práticos e quotidianos.
As
principais marcas linguísticas são
as seguintes:
. verbos de opinião e crença
(“achar”, “julgar”, “crer”, “dever”, “querer”, “gostar”, “ser preciso”, “concordar”,
etc.);
. verbos declarativos (“afirmar”,
“considerar”, “declarar”, etc.);
. verbos que indicam uma
relação entre a causa e o efeito (“causar”, “motivar”, “originar”, “provocar”, “ocasionar”,
etc.);
. uso frequente do verbo “ser”
ou equivalente na elaboração da tese;
. predomínio do presente,
pretérito perfeito e futuro do indicativo com valor universal;
. frases declarativas e
interrogativas;
. marcadores e conectores
discursivos com valores diversos: aditivo (“mais”, “além disso”), exemplificativo
/ confirmativo (“por exemplo”, “com efeito”), contrastivo (“mas”, “no entanto”,
embora”), explicativo e conclusivo (“porque”, “pois”, “com efeito”, “por
conseguinte”).
4. Texto
expositivo
O
texto expositivo tem como objetivo a análise ou a síntese de ideias, conceitos
e teorias; expor, explicar e informar sobre algo, apresentando problemas e
propostas de resolução dos mesmos, acompanhados, ou não, de justificação.
Constituem
exemplos de atualização deste tipo textual os manuais da área das ciências
naturais (onde abundam textos em que se passa constantemente da exposição –
sucessão de informações com o objetivo de dar a conhecer algo – à explicação –
com o intuito de fazer compreender o porquê do problema e a sua resolução).
Algumas
das marcas linguísticas que caracterizam esta tipologia textual são estas:
. verbos com sentido
expositivo (“ser”, “ter”, “consistir”, etc.) no presente, pretérito perfeito e
futuro do indicativo, normalmente com valor universal e intemporal;
. adjetivos e advérbios para descrever,
precisar e situar;
. uso frequente de analogias e
comparações;
. enunciação objetiva na
terceira pessoa, omitindo as marcas do sujeito enunciador e estruturas que
indicam uma avaliação pessoal (“na minha opinião”, “julgo”, “creio”, “parece-me
que”, etc.), recorrendo antes a estruturas impessoais (“deve-se”) e passivas;
. léxico especializado;
. conectores e marcadores de
causa e consequência, confirmativos e exemplificativos, explicativos e
conclusivos.
5. Texto
conversacional ou dialogal
O
texto conversacional é atualizado em textos em que intervêm, pelo menos, dois
interlocutores que tomam a palavra alternadamente e que produzem um número
variável de trocas verbais, cooperando na produção do texto.
Este
protótipo textual manifesta-se em qualquer interação verbal, como, por exemplo,
numa conversa telefónica, nas interações quotidianas orais, no comentário de
acontecimentos, em debates e nas entrevistas.
As
marcas linguísticas que o enformam
são as que, seguidamente, se enunciam:
. características do
discurso oral (repetições, quebras sintáticas, etc.);
. segmentos de reformulação;
. marcadores conversacionais
(“olha”, “ouve”, etc.);
. formas de tratamento;
. formas verbais do modo
indicativo e do imperativo;
. uso da segunda pessoa de
verbos, pronomes e determinantes;
. modos de localização
espacial que indicam proximidade ou afastamento relativamente aos
interlocutores.
6. Texto
instrucional ou diretivo
Os
textos que atualizam o tipo textual instrucional ou diretivo têm subjacente o
objetivo de controlar o comportamento do(s) seu(s) destinatário(s), de o(s)
ensinar a praticar determinada ação.
São
textos que incitam à ação, estabelecem regras de comportamento ou que fornecem
instruções sobre as etapas e os procedimentos que deverão ser seguidos de modo
a alcançar um determinado objetivo.
Este
protótipo textual é atualizado numa grande diversidade de textos: avisos /
enunciados simples como «Não pisar a relva» ou «Proibido fumar», receitas de
culinária, instruções de montagem, regras de utilização de um programa /
máquina, instruções de montagem de um aparelho, alguns provérbios, manuais de
instruções, a posologia dos medicamentos, “slogans”, etc.
As
principais marcas linguísticas são
as seguintes:
. verbos, em geral, de movimento que
incitam à ação;
. formas verbais no
imperativo, conjuntivo (“insira-se”), infinitivo (“Não fumar”) e futuro do
indicativo;
. frases imperativas;
. marcadores discursivos
predominantemente temporais.
7. Texto
preditivo
O
texto preditivo tem como função informar sobre o futuro, antecipando ou
prevendo acontecimentos / eventos que irão ou poderão acontecer.
A
palavra «preditivo» é um adjetivo formado a partir da forma verbal «predizer»,
que significa «dizer antes», «anunciar com antecedência», «prognosticar»,
«vaticinar» ou «profetizar». Assim, o discurso preditivo afirma algo
antecipadamente, antes de os factos serem observados ou comprovados.
O
protótipo textual preditivo manifesta-se, por exemplo, em boletins
meteorológicos, profecias, horóscopos, alguns provérbios, etc.
Algumas
das marcas linguísticas que o
caracterizam são as seguintes:
. expressões com valor temporal de
futuro;
. predomínio do futuro do
indicativo ou complexos verbais com utilização de auxiliar temporal.
Bibliografia:
. Domínios, de Zacarias Nascimento et alii;
. Gramática da Língua Portuguesa, de Clara Amorim.
domingo, 5 de outubro de 2014
'Vozes dos animais'
Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha
Os ternos pombos arrulham
Geme a rola inocentinha
Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo,
Os elefantes dão urros,
A tímida ovellha bala,
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves,
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas
Apenas sabe chiar.
O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintainho,
Cucurica e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros
O cordeirinho balidos,
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
Se encontra em pobre rima
As vozes dos principais.
Pedro Dinis
Onomatopeias: vozes de animais
abelha - azoinar, zoar, zonzonear, zumbar, zumbir, zunir, zunzunar
abutre, açor - crocitar, grasnar
águia - crocitar, grasnar, gritar, guinchar
andorinha - chilrar, chilrear, gazear, gorjear, grinfar, piar, pipilar, trinfar, trissar, zinzilular
anho - balar, balir
arara - chalrar, grasnar, gritar, palrar, taramelar
arganaz - chiar
asno - vd. burro
avestruz - grasnar, roncar, rugir
baleia - bufar
beija-flor - arrulhar, ruflar, trissar
besouro - zoar, zumbir, zunir
bezerro - berrar, mugir
bisonte - berrar, bramar, mugir
bode - balar, balir, berrar, bodejar, gaguejar
boi - arruar, berrar, mugir, urrar
búfalo - berrar, bramar, mugir
burro - zurrar, azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, relinchar, zornar
cabra, cabrito - balar, balir, berregar, barregar, berrar, bezoar
calhandra - grinfar
camelo - blaterar
canário - cantar, dobrar, modular, trilar, trinar
cão - acuar, balsar, cainhar, cuincar, ganir, ganizar, ladrar, latir, maticar, rosnar, uivar, ulular
carneiro - balar, balir, berrar, berregar
cavalo - nitrir, relinchar, rinchar
cegonha - gloterar, grasnar
chacal - gritar, ladrar, latir, uivar
cigarra - cantar, chiar, chichiar, ciciar, cigarrear, estridular, estrilar, fretenir, rechiar, rechinar, retinir, zangarrear, zinir, ziziar, zunir
cisne - arensar
cobra - assobiar, chocalhar, guizalhar, sibilar, silvar
codorniz - cantar
coelho - chiar, guinchar
cordeiro - berregar, balar, balir
coruja - chirrear, crocitar, piar, rir
corvo - corvejar, crocitar, grasnar
cotovia - cantar, gorjear
crocodilo - bramir, chorar, soprar
cuco - cucular, cucar
doninha - chiar, guinchar
égua - vd. cavalo
elefante - barrir, bramir
estorninho - pissitar
falcão - crocitar, piar, pipiar
gafanhoto - chichiar, ziziar
gaio - gralhar, grasnar
gaivota - grasnar, pipilar
galinha - cacarejar, carcarejar, carcarear
galo - cantar, clarinar, cocoriar, cocoricar, cucuricar, cucuritar
gamo - bramir
ganso - grasnar, gritar
garça - gazear
gato - miar, resbunar, resmonear, ronronar, roncar
gavião - guinchar
gralha - gralhar, gralhear, grasnar
grilo - estridular, estrilar, guizalhar, trilar, tritrilar, tritrinar
grou - grasnar, grugrulhar, gruir, grulhar
hiena - gargalhar, gargalhear, gargalhadear
hipopótamo - grunhir
jaguar - vd. onça
javali - arruar, cuinchar, cuinhar, grunhir, roncar, rosnar
jumento - azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, zornar, zurrar
lagarto - gecar
leão - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar
lebre - berrar, chiar
leitão - bacorejar, cuinchar, cuinhar
leopardo - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar
lobo - ladrar, uivar, ulular
lontra - chiar, guinchar
macaco - assobiar, guinchar, cuinchar
melro - assobiar, cantar
milhafre - crocitar
mocho - chirrear, corujar, crocitar, piar, rir
morcego - farfalhar, trissar
mosca - zinir, zoar, zumbir, zunir, zumbar, ziziar, zonzonear, sussurrar, azoinar
mosquito - zumbir
onça - esturrar, miar, rugir, urrar
ovelha - balar, balir, berrar, berregar
pantera - miar, rosnar, rugir
papagaio - charlar, charlear, falar, grazinar, palrar, palrear, taramelar, tartarear
pardal - chiar, chilrear, piar, pipilar
pato - grasnar, grasnir, grassitar
pavão - pupilar
pega - palrar
peixe - roncar
pelicano - grasnar, grassitar
perdigão, perdiz - cacarejar, piar, pipiar
periquito - chalrar, chalrear, palrar
peru - gorgolejar, grugrulejar, grugrulhar, grulhar
pica-pau - estridular, restridular
pintarroxo - cantar, gorjear, trinar
pintassilgo - cantar, dobrar, modular, trilar
pinto - piar, pipiar, pipilar
pombo - arrulhar, gemer, rulhar, suspirar, turturilhar, turturinar
porco - grunhir, guinchar, roncar
poupa - arrulhar, gemer, rulhar, turturinar
rã - coaxar, engrolar, gasnir, grasnar, grasnir, malhar, rouquejar
raposa - regougar, roncar, uivar
rato - chiar, guinchar
rinoceronte - bramir, grunhir
rola - gemer
rouxinol - cantar, gorjear, trilar, trinar
sapo - coaxar, gargarejar, grasnar, grasnir, roncar, rouquejar
serpente - vd. cobra
tigre - bramar, bramir, miar, rugir, urrar
tordo - trucilar
toupeira - chiar
touro - berrar, bufar, mugir, urrar
tucano - chalrar
urso - bramar, bramir, rugir
vaca - berrar, mugir
veado - berrar, bramar, rebramar
vitela - berrar, mugir
vespa - vd. abelha
zebra - relinchar, zurrar
abutre, açor - crocitar, grasnar
águia - crocitar, grasnar, gritar, guinchar
andorinha - chilrar, chilrear, gazear, gorjear, grinfar, piar, pipilar, trinfar, trissar, zinzilular
anho - balar, balir
arara - chalrar, grasnar, gritar, palrar, taramelar
arganaz - chiar
asno - vd. burro
avestruz - grasnar, roncar, rugir
baleia - bufar
beija-flor - arrulhar, ruflar, trissar
besouro - zoar, zumbir, zunir
bezerro - berrar, mugir
bisonte - berrar, bramar, mugir
bode - balar, balir, berrar, bodejar, gaguejar
boi - arruar, berrar, mugir, urrar
búfalo - berrar, bramar, mugir
burro - zurrar, azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, relinchar, zornar
cabra, cabrito - balar, balir, berregar, barregar, berrar, bezoar
calhandra - grinfar
camelo - blaterar
canário - cantar, dobrar, modular, trilar, trinar
cão - acuar, balsar, cainhar, cuincar, ganir, ganizar, ladrar, latir, maticar, rosnar, uivar, ulular
carneiro - balar, balir, berrar, berregar
cavalo - nitrir, relinchar, rinchar
cegonha - gloterar, grasnar
chacal - gritar, ladrar, latir, uivar
cigarra - cantar, chiar, chichiar, ciciar, cigarrear, estridular, estrilar, fretenir, rechiar, rechinar, retinir, zangarrear, zinir, ziziar, zunir
cisne - arensar
cobra - assobiar, chocalhar, guizalhar, sibilar, silvar
codorniz - cantar
coelho - chiar, guinchar
cordeiro - berregar, balar, balir
coruja - chirrear, crocitar, piar, rir
corvo - corvejar, crocitar, grasnar
cotovia - cantar, gorjear
crocodilo - bramir, chorar, soprar
cuco - cucular, cucar
doninha - chiar, guinchar
égua - vd. cavalo
elefante - barrir, bramir
estorninho - pissitar
falcão - crocitar, piar, pipiar
gafanhoto - chichiar, ziziar
gaio - gralhar, grasnar
gaivota - grasnar, pipilar
galinha - cacarejar, carcarejar, carcarear
galo - cantar, clarinar, cocoriar, cocoricar, cucuricar, cucuritar
gamo - bramir
ganso - grasnar, gritar
garça - gazear
gato - miar, resbunar, resmonear, ronronar, roncar
gavião - guinchar
gralha - gralhar, gralhear, grasnar
grilo - estridular, estrilar, guizalhar, trilar, tritrilar, tritrinar
grou - grasnar, grugrulhar, gruir, grulhar
hiena - gargalhar, gargalhear, gargalhadear
hipopótamo - grunhir
jaguar - vd. onça
javali - arruar, cuinchar, cuinhar, grunhir, roncar, rosnar
jumento - azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, zornar, zurrar
lagarto - gecar
leão - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar
lebre - berrar, chiar
leitão - bacorejar, cuinchar, cuinhar
leopardo - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar
lobo - ladrar, uivar, ulular
lontra - chiar, guinchar
macaco - assobiar, guinchar, cuinchar
melro - assobiar, cantar
milhafre - crocitar
mocho - chirrear, corujar, crocitar, piar, rir
morcego - farfalhar, trissar
mosca - zinir, zoar, zumbir, zunir, zumbar, ziziar, zonzonear, sussurrar, azoinar
mosquito - zumbir
onça - esturrar, miar, rugir, urrar
ovelha - balar, balir, berrar, berregar
pantera - miar, rosnar, rugir
papagaio - charlar, charlear, falar, grazinar, palrar, palrear, taramelar, tartarear
pardal - chiar, chilrear, piar, pipilar
pato - grasnar, grasnir, grassitar
pavão - pupilar
pega - palrar
peixe - roncar
pelicano - grasnar, grassitar
perdigão, perdiz - cacarejar, piar, pipiar
periquito - chalrar, chalrear, palrar
peru - gorgolejar, grugrulejar, grugrulhar, grulhar
pica-pau - estridular, restridular
pintarroxo - cantar, gorjear, trinar
pintassilgo - cantar, dobrar, modular, trilar
pinto - piar, pipiar, pipilar
pombo - arrulhar, gemer, rulhar, suspirar, turturilhar, turturinar
porco - grunhir, guinchar, roncar
poupa - arrulhar, gemer, rulhar, turturinar
rã - coaxar, engrolar, gasnir, grasnar, grasnir, malhar, rouquejar
raposa - regougar, roncar, uivar
rato - chiar, guinchar
rinoceronte - bramir, grunhir
rola - gemer
rouxinol - cantar, gorjear, trilar, trinar
sapo - coaxar, gargarejar, grasnar, grasnir, roncar, rouquejar
serpente - vd. cobra
tigre - bramar, bramir, miar, rugir, urrar
tordo - trucilar
toupeira - chiar
touro - berrar, bufar, mugir, urrar
tucano - chalrar
urso - bramar, bramir, rugir
vaca - berrar, mugir
veado - berrar, bramar, rebramar
vitela - berrar, mugir
vespa - vd. abelha
zebra - relinchar, zurrar
'Média' ou 'mídia'?
«Com o furioso domínio da língua inglesa que se vem sentindo, já não há latinidade que resista! Há muita gente por aí a dizer mídia e multimídia! E não se lembra ou não sabe, essa gente, que a palavra é um latinismo. Como curricula, por exemplo. E que, para a Inglaterra ou para a América, ou para qualquer outro país, foi o latim que a forneceu e que, nessa língua ou nas suas derivadas novilatinas, se deve pronunciar média. Deixemos os Ingleses e os Americanos pronunciar o latim como eles quiserem... Quem poderá obstar?...
Mas o desaforo (ou snobismo?) vai mais longe... Um locutor da rádio, referindo-se aos media, a certa altura dizia assim: "Utilizar um media para...". E aí está outra incorreção: media é plural. "Os media" é correto; "o media" não. Se quero usar o latinismo no singular, terei de dizer: o medium. O mesmo se diga de curricula: os curricula, o curriculum.
Não é obrigatório usar o latinismo quando no vernáculo há palavras apropriadas. Mas, usando-o, use-se corretamente...: os media, o medium; os curricula, o curriculum.
Posto isto, continuar, em Portugal, a dizer mídia por média, só pode ser ignorância ou snobismo.»
Mas o desaforo (ou snobismo?) vai mais longe... Um locutor da rádio, referindo-se aos media, a certa altura dizia assim: "Utilizar um media para...". E aí está outra incorreção: media é plural. "Os media" é correto; "o media" não. Se quero usar o latinismo no singular, terei de dizer: o medium. O mesmo se diga de curricula: os curricula, o curriculum.
Não é obrigatório usar o latinismo quando no vernáculo há palavras apropriadas. Mas, usando-o, use-se corretamente...: os media, o medium; os curricula, o curriculum.
Posto isto, continuar, em Portugal, a dizer mídia por média, só pode ser ignorância ou snobismo.»
(c) Tento na Língua, António Marques
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Na aula (XV): problemas médicos
Contexto: aula de 7.º ano, alunos a realizarem um exercício desobedecendo alegremente às instruções do professor.
Situação «problemática»: comentário do professor - «Precisam de ir urgentemente ao otorrinolaringologista».
Após uns instantes de reflexão: «Sabem o que é um otorrino...?»
Resposta lá do fundo: «Claro: é um médico dos olhos.»
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Registos formal e informal - Formas de tratamento
1. Registos formal e informal
O
contexto situacional em que se encontram dois interlocutores condiciona as
escolhas linguísticas que ambos fazem. Por outro lado, o tipo de relação social
que mantêm (marcado por fatores como a idade, o sexo, o grau de instrução,
etc.) condiciona igualmente o grau de formalidade da sua interlocução, que pode
oscilar entre um registo mais informal ("Dá-me esse livro!") e um
registo cuidado ou mais formal ("Não se importa de me dar esse
livro?").
2. Formas de tratamento
Cada
falante dispõe de um conjunto de formas de tratamento para comunicar e que
refletem as relações existentes entre si: de familiaridade, de amizade, de
submissão, etc.
A
opção por uma determinada forma de tratamento em detrimento de outra é
determinada por alguns critérios:
. a relação de familiaridade /
proximidade;
. a idade e o estatuto
social dos falantes (em termos de hierarquia social e profissional;
. o sexo;
. o grau de instrução;
. …
As
principais formas de tratamento são as seguintes:
. Familiar (é usado na intimidade, entre iguais e de mais velhos para
mais novos): tu, querido, amigo;
. Nome próprio: o João, a Maria;
. Você: este termo é considerado, pelo português europeu, uma forma
de tratamento menos respeitosa, de nível mais popular. Situa-se entre o tu e o senhor. Por outro lado, em determinados ambientes (citadinos,
classes mais altas), o uso de você é considerado elegante, sendo usado entre
iguais, ou como forma de tratamento íntimo. Porém, nos estratos socioculturais
mais populares de determinadas regiões, o pronome você ainda é usado de inferior para superior como sinal de
respeito, de deferência. Pelo contrário, nos estratos mais cultos, este
tratamento é entendido como muito deselegante e a sua utilização ofensiva. Já
no que diz respeito ao português do Brasil, o você é de utilização corrente e familiar;
. Sujeito nulo subentendido: quando nos dirigimos a uma pessoa com quem não temos
suficiente familiaridade para a podermos tratar por tu e como entendemos o uso de você
como deselegante e ofensivo, optamos por recorrer ao sujeito nulo subentendido
ou, então, à explicitação do nome do nosso interlocutor ou do grau de parentesco precedido de artigo
definido:
. Está bom?
. A mãe foi à missa?
. A avó vai sair com o avô?
. A Joana viu o seu colega no cinema?
. De cortesia: o senhor
/ a senhora: estas formas de tratamento formal mostram maior respeito
ou distância social no tratamento;
. Académico: senhor professor, senhor
doutor, Professor Doutor, etc.;
. Honorífico: Senhor Primeiro-Ministro, Senhor Presidente da República, Vossa Excelência, Vossa Senhoria;
. Eclesiástico: Vossa Santidade (Papa), Vossa Eminência (cardeais), Monsenhor, Vossa Reverência, etc.;
. Nobiliárquico: Vossa Alteza, Vossa Majestade, Sua Majestade, etc.
Estas
formas de tratamento podem surgir conjugadas:
. A
senhora dona Cláudia…
. Senhor
engenheiro…
Fontes:
» Dicionário Terminológico;
» AMORIM, Clara e SOUSA, Catarina, Gramática da Língua Portuguesa, Areal Editores
Análise de "As palavras", Eugénio de Andrade
As palavras
São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
“As
palavras” é uma composição poética da autoria de Eugénio de Andrade, pseudónimo
do poeta José Fontainhas, nascido a 19 de janeiro de 1923 no Fundão e falecido
em 13 de junho de 2005, no Porto, incluído na obra O Coração do Dia.
Formalmente,
o poema é constituído por quatro estrofes, duas sextilhas e duas quadras, num
total de 20 versos, maioritariamente brancos ou soltos, à exceção do 1 e do 3,
que apresentam rima cruzada, e aborda o tema da reflexão sobre o valor polissémico das palavras.
Relativamente
à sua estrutura interna, o texto divide-se em duas partes: a primeira,
constituída pelas primeiras três estrofes e a segunda pela última. Na primeira
parte, o sujeito poético descreve as palavras, enquanto na última faz duas
interrogações retóricas, chamando deste modo a atenção do leitor para o seu
papel de descodificador delas.
Logo
a abrir, as palavras são comparadas a um cristal, revelando-se, assim, desde
logo o seu sentido polissémico, devido ao facto de os cristais possuírem várias
faces, tal como a palavra possui vários sentidos. Além disso, como os cristais,
as palavras podem adquirir vários significados (polissemia), podem ser claras,
transparentes, belas, brilhantes, isto é, são “multifacetadas”. De seguida, são
identificadas com um punhal, metáfora que remete para a agressividade, dor,
morte e sofrimento que podem carregar; com um incêndio, pois podem queimar,
destruir, aludindo pois à sua capacidade de destruição e também de regeneração;
e finalmente com o orvalho “apenas”, metáfora que nos conduz à suavidade das palavras,
capazes de despertar a calma, a brandura, o amor e a esperança.
A
segunda estrofe ensina-nos que as palavras são essenciais na comunicação entre
os seres humanos e intemporais, pois têm carregado, através dos tempos, as histórias
e os segredos dos homens. Com o passar do tempo vão recebendo novos
significados, evoluindo, carregando os segredos da história dos homens e
acompanhando os seres humanos como instrumento indispensável de comunicação;
trazem consigo um saber muito antigo (“Secretas vêm, cheias de memória”). Em
simultâneo, porém, também causam insegurança e agitam as pessoas, fazendo-as
estremecer como os barcos, que agitam as águas, e os beijos, que também fazem
estremecer. Com efeito, os versos 8 a 10 (“Inseguras navegam / barcos ou beijos
/ as águas estremecem”) revelam insegurança quer das palavras, que agitam as
pessoas, quer dos barcos, que agitam as águas. Ao amor representado pelos
beijos, ninguém lhes fica indiferente, assim como às palavras.
Na
terceira estrofe, o sujeito poético caracteriza as palavras como “desamparadas”
(porque estão ao alcance de todos), “inocentes” (porque não representam
qualquer perigo, mas podem ser usadas e abusadas) e “leves” (quando não têm
importância no texto). Estamos na presença de características que conferem
alguma fragilidade às palavras, mas não nos devemos esquecer que as palavras
podem ser usadas de várias formas, com vários tons. Uma palavra “leve” e
“inocente” também pode ofender, caluniar... Por sua vez, a metáfora e a
antítese “Tecidas são de luz / e são a noite” realçam as contradições que as
palavras contêm (positividade versus negatividade) e o seu sentido conotativo:
há as que surgem cobertas de luz, são claras, transparentes, mas estas mesmas
podem também ser a noite, podem ser negras, escuras, sombrias. Por seu turno,
nos versos “E mesmo pálidas / verdes paraísos lembram ainda”, o sujeito lírico
sugere que as palavras podem não ser intensas nem coloridas, mas ainda assim
podem ser aprazíveis e alegres, lembrando o paraíso.
O
poema termina com duas interrogações retóricas, através das quais o eu poético
chama a atenção do leitor, dizendo-lhe que lhe cabe o papel de intérprete das
palavras, do seu significado, de acordo com a sua experiência de vida, com o
seu modo de sentir. É o leitor que vai abrir as conchas puras, com as palavras
lá dentro cheias de mistério, atribuindo-lhes um sentido. As interrogações
retóricas “Quem as escuta? Quem/as recolhe, assim, /cruéis, desfeitas, /nas
suas conchas puras?” apelam à releitura das palavras.
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