Português: Capítulo IV de A Sibila

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Capítulo IV de A Sibila

            1. Doença prolongada (um ano) de Quina aos 15 anos (nova analepse)

            Esta doença grave e nunca totalmente explicada vai provocar uma profunda transformação na vida de Quina e uma mudança da atitude da mãe, que passa a protegê-la e a mimá-la: tem o seu carinho e admiração, bem como dos vizinhos. Quando recupera, revela uma dupla faceta que a acompanhará até aos 58 anos:
-» faceta materialista: é a administradora competente e sagaz do património familiar que o pai, entretanto falecido, tinha desbaratado e que ela consegue reaver e até ampliar;
-» faceta espiritualista: a doença permite-lhe assumir-se como vidente e detentora de poderes espirituais para além da sua própria compreensão.

            Esta mudança concretiza-se nos seguintes aspetos:

                        1.1. Tomada de consciência das suas potencialidades

            A ternura que agora recebe da mãe vai promover um sentimento de autoconfiança, o que lhe permite proceder ao treino das suas capacidades humanas, em termos de projeção social, com um ascendente inegável sobre os outros, aliado ao espírito de enganar, para seu proveito e vaidade. Toma consciência das suas potencialidades, porém de modo intuitivo e não racional. A sua verticalidade e a sua força são fortemente desenvolvidas, ao mesmo tempo que toma consciência de quanto "a sua natureza vibra com o afeto". Quer dizer, rodeada de todas as atenções e cuidados em virtude da doença, Quina apercebe-se da alteração e decide tirar todo o partido da situação (p. 48). Por outro lado, o isolamento prolongado (um ano) motivado pela doença, permite a descoberta das suas capacidades e começa a sua conquista do poder económico.

                        1.2. Atenção ao comportamento dos outros, que lhe permite conhecer melhor os que a rodeiam, descobrir as imperfeições, enfim, ir gradualmente ganhando influência sobre a vontade e as opiniões alheias, por quem Quina era tomada por mágica (pp. 50-51). Todavia, devido à sua sabedoria ser puramente intuitiva, ela nunca tomaria consciência do alcance das suas potencialidades espirituais. É o início da conquista do poder espiritual.

                        1.3. Recuperada a saúde, entrega-se à missão providencial da reconstrução da Vessada.


            2. O tema do campo versus cidade (pp. 46-48): Narcisa Soqueira, Elisa Aida vs. filhas do tio José
. preparação para a vida
                                    . fertilidade
            * Campo        . privações
                                    . trabalho
                                    . autenticidade

                                    . futilidade
                                    . esterilidade
            * Cidade         . ócio
                                    . superficialidade
                                    . vaidade
                                    . artificialismo

            Esta é uma temática importante da obra, evidente em outras passagens da obra, além deste capítulo. Por exemplo, observe-se o capítulo III (pp. 37-38) e o ridículo e a caricatura que envolvem Narcisa Soqueira quando o filho, regressado do Brasil, lhe proporciona o conhecimento da vida citadina em virtude da sua desadaptação a essa mesma vida.

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