Este canto contém indícios do destino de Heitor e de Troia, à semelhança do que tinha sucedido com a cena de Nestor e Pátroclo, também ela premonitória. Assim, de acordo com as previsões dos adivinhos, a cidade está condenada a cair. Em simultâneo, Homero não deixa de sugerir ao leitor que a morte de Heitor, bem como a partida dos Gregos no décimo ano.
No entanto, por outro lado, são
vários os sinais de sentido oposto, desde logo porque Zeus manipula a batalha,
ora derramando sangue sobre os Gregos, ora permitindo que Heitor se torne o
primeiro troiano a cruzar as fortificações do inimigo. Os Aqueus reconhecem o
dedo de Zeus no curso dos acontecimentos e compreendem que, ao combater os de
Troia, se opõem também ao deus. Neste contexto, Diomedes conclui que o chefe
dos deuses já selecionou o vencedor do conflito: os Troianos. Deste modo,
perante sinais contraditórios, o leitor hesita, não sabendo em quais confiar, pelo
que o desenlace da história permanece em aberto, por causa desses sinais
ambíguos. Os dois lados em conflito ficam confusos sobre a vontade de Zeus:
ambos reclamam o seu apoio, mas as suas intervenções nada clarificam.
Voltando a Heitor, no momento em que
ignora o conselho de Polidamos, dá mais um passo rumo ao destino que lhe está
reservado. Note-se, contudo, que recuar naquele instante constituiria um
comportamento desonroso, além de sem sentido, pois a batalha está a ser
francamente favorável aos Troianos. Assim, que razão haveria para recuar? Deste
modo, é perfeitamente normal que Heitor ignore o presságio e prossiga a luta em
defesa da sua pátria, cumprindo, em simultâneo, o destino que Zeus lhe traçou.
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