O Canto XI abre com a aristeia de Agamémnon. O poeta faz uma descrição efetiva do seu armamento e armadura, ricamente decoradas com materiais preciosos que enfatizam a sua riqueza. Dos vários elementos destaca-se a Górgona que está no seu escudo, a qual também marca presença no escudo de Atenas, e que simboliza o apoio dos deuses. Por instantes, o chefe dos Gregos vira a maré da batalha contra os Troianos, apesar das intenções de Zeus serem de sentido oposto.
O pai dos deuses continua a ser o
único a poder intervir no curso da guerra, o que ele faz em favor de Troia.
Neste passo da obra, a deusa Íris atua como uma extensão da sua vontade e uma
evidência da brutalidade da guerra, algo que perpassa toda a Ilíada, mas
isso não significa propriamente uma condenação dos conflitos bélicos. Apesar de
ser um acontecimento trágico, onde milhares de homens são sacrificados, a
guerra constitui igualmente uma forma de alcançar a glória e a honra pessoais,
tão importantes no mundo antigo. De acordo com a visão de Homero, a guerra faz
parte da vida humana.
Neste canto, Pátroclo assume uma
importância que não tinha tido até aqui e que se vai estender para o futuro
imediato. Quando ele responde ao chamamento de Aquiles para questionar Nestor,
o poeta afirma que, a partir desse momento, a sua condenação era um dado adquirido,
condenação essa que se adensa com a sugestão de Nestor para que Pátroclo finja
ser Aquiles e entre em combate. Por outro lado, a figura de Pátroclo funciona
também como contraponto do seu amigo. De facto, embora sejam bastante inimigos
e irmãos adotivos, são personalidades bem diversas. Pátroclo mostrará todo o
seu humanismo e toda a sua compaixão na cena de Eurípilo, enquanto Aquiles já
demonstrou, em mais de uma ocasião, todo o seu orgulho, que se sobrepõe ao
destino dos seus próprios companheiros, algo que o próprio amigo desaprova.
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