O título do poema remete para a Bíblia, que, em determinado passo, adverte o crente para não invocar o santo nome de Deus em vão.
Neste caso,
o «santo nome» em causa refere-se ao amor, apresentado como tão divino quanto o
símbolo do sagrado. Assim sendo, não deve ser pronunciado em vão.
Toda a
composição poética assenta na anáfora, uma anáfora de carácter negativo. De
facto, o advérbio de negação que está presente nos versos 1, 2, 3, 4, 5 e 8 estrutura
esta espécie de lição sobre o amor em termos negativos, dado que o sujeito
poético enumera um conjunto de atitudes que não devem ser tomadas face ao
sentimento amoroso, para que o leitor aprenda o comportamento «correto» a
adotar face ao amor.
O primeiro
verso do texto sugere, desde logo, tratar-se de uma palavra sagrada, daí ser
necessário ter respeito por ela: “Não facilite com a palavra amor”. De seguida,
o «eu» poético sugere que é perigosa, fugidia no que diz respeito ao seu
significado, podendo mesmo gerar ambiguidade e complicações para quem a emprega.
Mais do que usar de forma leviana a palavra «amor», o sujeito lírico defende
claramente que, antes, se deve conhecer o seu valor, ou seja, deve saber-se
primeiramente sentir aquilo para que ela remete.
Note-se que
a negação presente no poema é totalmente irónica. De facto, o «eu» adverte o
leitor/tu sobre os perigos do amor, mas acaba por incitar à sua procura, no
contexto de um mundo sem sentido e insensível. Neste seguimento, o último verso
aponta para a necessidade de sentir. O santo nome do amor não deve ser
pronunciado, mas, antes, sentir-se.
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