é o bago de uva
macerado
nos lagares do mundo
e aqui se diz
para proveito dos que vivem
que a dor
é vã
e o vinho breve.
De facto, a
vida é associada a um “bago de uva” que, depois de “macerado / nos lagares do
mundo”, se transforma em «vinho». Note-se que, neste contexto, o vinho
simboliza a vivência humana, nomeadamente a sua brevidade, o seu caráter
efémero.
Por outro
lado, o adjetivo «macerado» (v. 3) remete para a dor e o sofrimento, dado que o
resultado da ação de macerar o bago de uva (a vida) é o seu esmagamento. Não
obstante, “a dor / é vã / e o vinho / breve”, ou seja, a dor e o sofrimento são
inúteis, visto que o resultado da maceração, ainda que aprazível (o vinho), é
breve, não dura muito, graças à passagem veloz do tempo.
Dado que o
poema constitui uma reflexão sobre a vida, o tempo verbal predominante é o
presente do indicativo, que, tendo em conta as ideias expressas no poema,
traduz a importância que o agora, o presente assume.
Relativamente
ao poema, o nome «salmo» refere-se a um hino através do qual se enaltece ou
engrandece algo; no entanto, neste poema, esse significado não se aplica. De
facto, a composição constitui uma reflexão sobre a vida e a sua efemeridade,
pelo que não se afigura como um livro de louvor, mas antes como um desabafo
sobre a temática abordada.
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