O amor é apresentado como algo
intrínseco à natureza humana, algo absoluto e imaginativo, que oscila entre o
mundo real e o onírico: “O amor é o amor – e depois?” – v. 1). Atente-sena
repetição e interrogação presentes no verso 1, que mostram que o amor é algo
natural na existência humana. Por seu turno, a repetição, no verso 3, da
expressão «a imaginar» reforça a noção de que o amor é movido pela vertente emocional
do ser humano.
O «eu» poético está apaixonado e
deseja o contacto físico com a pessoa amada (“O meu peito contra o teu peito, /
Cortando o mar, cortando o ar”) por e com alguém que o faz sentir completo (“somos
um? somos dois?”). Observe-se a expressividade da construção paralelística do
verso 5, que realça o facto de o amor, para o sujeito poético, não possuir
barreiras e ter uma força invencível, que é capaz de superar qualquer
obstáculo, desafiando a própria natureza (representada, no verso, pelos
elementos «mar» e «ar»).
Por outro lado, o sujeito poético
exalta o poder que o amor tem sobre si, distinguindo que, apesar de,
fisicamente, haver dois corpos (“Na nossa carne estamos”), os seus espíritos
unem-se num só (“somos um? somos dois?”). Para que este sentimento seja
realizado, os amantes têm de ser livres e são-no(“Num leito / Há todo o espaço
para amar.”). Atente-se na enumeração do verso 9, que realça a liberdade que existe
entre o «eu» e o «tu» do poema.
A fusão metafísica de ambos os
espíritos apaixonados, depois da união física dos corpos, é perspetivada como o
auge do relacionamento amoroso entre amos (“E trocamos – somos um? somos dois?
/ espírito e calor!” – vv. 10-11).
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